“Gol impedido não é uma coisa para comemorar”. A frase de Levir Culpi injeta bom senso em um conflito entre o legal e o justo. O fato de sair da mente e da boca do técnico do Fluminense, parte que defendia o legal, deveria servir para que todos se sentissem confortáveis diante do que, indubitavelmente, é justo. Porque afirmar que a manutenção do resultado do último Fla-Flu é equivalente a rasgar o regulamento do Campeonato Brasileiro é raso. Sugerir que os outros participantes do campeonato foram prejudicados é exagero. E alegar que “erros acontecem em todos os jogos” é contorcionismo retórico a serviço de uma posição cinicamente escusa, como se o Fluminense nada tivesse a ver com os equívocos da arbitragem do jogo.
Mas tem. Não se pode esquecer que Émerson Augusto de Carvalho assinalou impedimento no lance do gol de Henrique, e que foi a pressão feita pelos jogadores tricolores que deu início ao espetáculo. Sim, o assistente de linha pode ter visto posição adiantada de outro jogador, e Henrique pode ter tido genuína impressão de que estava habilitado, aspectos irrelevantes em relação ao que é fato: havia três impedidos, Henrique era um deles, e a gestão sobre a arbitragem teve influência decisiva na reversão da marcação de gol anulado. Isso não significa que outros times não tentem sugestionar árbitros e assistentes – todos o fazem, em diferentes níveis – em situações semelhantes, mas é inegável que, se não houvesse reclamação, nada teria acontecido.
Mais: se a validação do gol prevalecesse, o campeonato teria de conviver com o enorme desconforto – para dizer o mínimo – de um resultado alterado por um tento irregular, produto da pressão feita pelo time favorecido. O que nos leva à seguinte sequência de eventos: o Fluminense induziu a arbitragem ao erro, não obteve sucesso e foi ao tribunal para defender a confirmação do erro. De que forma esse comportamento é compatível com o raciocínio de proteção do que é legal? É moralmente defensável recorrer aos códigos que regem o campeonato para sustentar um placar que fere as regras do jogo? Aí reside a ginástica argumentativa que pode até produzir uma sensação agradável, mas não afasta a verdade lembrada por Levir Culpi.
A decisão do STJD de não dar prosseguimento à solicitação do Fluminense é positiva por dois aspectos. Primeiro, porque se posiciona ao lado do que se deu em campo. E depois, porque converte o tribunal no absoluto perdedor deste caso. Se havia “sinais robustos” para acolher a causa e subtrair temporariamente os pontos do Flamengo, como explicar o desaparecimento de tais evidências em um intervalo de três dias? O Campeonato Brasileiro não pode mais ser disputado por vinte clubes que vestem camisas, calções e chuteiras e um clube que veste terno, mas está sempre aquecido e pronto a pisar no gramado, especialmente nos momentos decisivos. Auditores não são jogadores, não merecem luzes e não devem receber a oportunidade de alterar o destino de competições.
O “COMO”
Agora que as convocações de Tite não geram mais reações indignadas, é hora de lembrar que a repetição de nomes leva a uma relação de confiança mútua entre a comissão técnica e os jogadores. Também colabora para o crescimento de um time que não dispõe do tempo ideal para ser trabalhado. A posição na classificação das Eliminatórias Sul-Americanas é fonte de tranquilidade para os próximos passos, sem pressões adicionais. Mesmo assim, é certo que muitas avaliações sobre a Seleção Brasileira levarão em conta apenas o resultado do clássico com a Argentina, como se a atuação não tivesse importância. É o mesmo tipo de pensamento sobre futebol que levou o próximo adversário do Brasil à posição semi-desesperada – o que, frise-se, a torna ainda mais perigosa do que já é – em que se encontra no momento.
Fonte: Lance!
Confesso que duvidei desse imbróglio todo. Tenho toda fé no nosso time, mas jogar contra o tapetão é difícil. É o melhor jogador de todos os tempos do time das flores. Só voltaram atrás porque éramos nós, o peso da nossa camisa prevaleceu. Porém, se fosse um time pequeno, coitado. Seria mais um que perdeu para o tapetense no tapetão.