Eu relutei em escrever esse texto. Caso você não torça pelo Flamengo, ele fará pouco sentido. Caso você não conheça o Maracanã, ele fará menos sentido ainda. Caso você não goste de futebol… Caso você não goste de futebol, pare por aqui. Seguirei pedindo a Deus que o perdoe.
A verdade é que eu pensei em escrever esse texto para o Maracanã, mas eu achei melhor fazer diferente.
De tantos encontros e desencontros que já tivemos com o Maracanã, esse é um dos mais especiais, e digo isso com alguma convicção. Ele não é especial pela tabela, pelo adversário e pelo que está em jogo. Ele é especial e diferente por muito mais que isso.
Estamos sofrendo um tratamento doloroso desde o início de 2013. Nossa recuperação não foi fácil e apesar do doce remédio da Copa do Brasil daquele ano, foi como se passássemos para a vida adulta. Deixamos as irresponsabilidades de lado e entendemos que não bastava sermos gigantes por nossa própria história, não nos bastava sermos gigantes pelas nossas conquista, era a hora de ser gigantes pelo que podíamos.
Times que foram evoluindo, tropeços, dores e um princípio de reabilitação longe da nossa cidade, longe da nossa casa. Casa que dizem que não temos, vejam só. Fazem piada onde não há, inventam fatos que não existem. Seguimos provando que podemos nos sentir bem em outros lugares. Gente querida se sente em casa independente de lugar, com o Mais Querido, não seria diferente.
Natal, Cariacica (que agora pode mudar seu nome para Vitória do Flamengo), Brasília, Chapecó, Manaus, Volta Redonda e Curitiba são exemplos de que, mandando jogo ou como visitante, podemos dar um show e mostrar quem somos. E cá pra nós, que torcida é essa?! Somos o Flamengo.
Mas é aquele papo, não é nossa cidade. E disso, particularmente esse ano, eu tenho entendido bastante. Num ano especial como tem sido esse ano, poucas adaptações são mais doloridas do que ficar longe dessa nossa maior paixão. Acontece que mais uma vez, o Maracanã e nós, nós e o Maracanã, tivemos um afastamento forçado. De certo modo, isso amenizou a dor da distância, mas agora… Agora estamos voltando e domingo… Domingo eu não vou ao Maracanã.
Pela primeira vez nos últimos 10 ou 12 anos, não estarei lá em um momento importante. Pela primeira vez, depois de tantos anos, não estarei jogando. E que me perdoem os céticos e os demais torcedores, nós jogamos juntos. Podem dizer que é ilegal jogar com doze, podem reclamar de interferência externa, injustiça, podem até não acreditar, mas jogamos. Já cansamos de trazer 3 pontos pra casa quando o time não jogava e fomos o nome do jogo. Já viajei o Brasil pra fazer isso, pois sabia que sem nós, tudo seria mais difícil.
Uma diferença simples pode comprovar isso com alguma tranquilidade, eu mostro. Olhe o nosso adversário de amanhã, que insiste em discutir, em comparar apenas o volume, como se só essa vantagem não nos bastasse. Enquanto eles estarão gritando ‘Vai, Corinthians’. Estaremos berrando “Vamos, Flamengo!”, perceberam? Se você não é rubro-negro, é possível que não entenda, mas eu explico: nós SOMOS o Flamengo!
Então, meus irmãos rubro-negros, eu venho aqui pedir algumas coisas… Façam nossa festa! Transformem nossa casa, nossa terra prometida naquela favela festeira que o mundo já viu. Gritem, torçam e apoiem o tempo todo. E esqueçam, tabela, título, Libertadores, G4, G6, Palmeiras, o cheirinho ou qualquer outra coisa.
Esse jogo não marca algo muito maior do que isso, marca algo muito maior do que nossa volta pra casa. Afinal, o Maracanã que me perdoe, mas ele não existe ou resiste sem nós. Esse jogo é um marco na nossa recuperação, é a prova de que temos um horizonte bonito demais pela frente depois de tantas dores e tanta luta por nossa recuperação.
Na cabeça, no coração e na pele, seguirei junto, como sempre! Não é preciso estar perto pra estar junto, mas se você for ao Maracanã, faça isso. Comemore e lute. Vá disposto a gritar, vá disposto a sair de lá exausto e sem voz, vá disposto a ser o nome do jogo.
Assim, você pode ter certeza que perto ou longe, estará me levando e levando tantos outros ao Maracanã nesse domingo tão especial. Nos levem.
Desse jeito… Domingo eu não vou ao Maracanã, mas estarei lá!
Thigu Soares
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Belo texto!!! Parabéns!!!
Vamos Flamengo!!!!
SRN
Obrigado! Vamos sempre!
Parabens pelo texto!
Obrigado, Amauri!
Poética inspiração em uma alma Flamenga…
Bravo !!!
Grande abraço Soares !!!
Muito obrigado, Carlos!
Que sirva de inspiração à Nação e nos traga sorte!
Abraço! SRN
Belo texto!! Também não vou ao Maraca, mas vou estar assistindo no meu sofá com meu manto sagrado e a bandeira na mão! Vou fazer da minha sala de estar o Maracanã!!! SRN.
Estaremos, João! Também estarei no mesmo ritua e tenho certeza de que seremos bem representados no Maraca!
SRN
Que lindo texto! Eu também: domingo não vou ao Maracanã, mas estarei lá. Nação, cante por mim!
Esse é o espírito, Lorena! Estaremos lá!
Maior do mundo………
Verdade, vcs tem a maior dívida do mundo…..
Somos o Maior, tanto que os torcedores dos anões veem ver aquele que é gigante pela própria natureza! Seja sempre bem e obrigado por dar acessos ao Flamengo.
OBS: A maior dívida do Brasil é do Botafogo. Ao fim de 2016 ela será do Corinthians.