Em seus tempos de rádio, Kléber Leite, flamenguista assumido desde sempre, costumava dizer que “ninguém é filho de chocadeira”. Era uma maneira de lembrar que todos na imprensa esportiva têm suas cores, uma história de torcedor.
Nasci em Niterói (RJ). Uma conclusão quase óbvia é meu time de infância ser carioca. Repórter, cobri os quatro grandes do Rio de Janeiro. Houve um clube onde os dirigentes não gostavam nem um pouco de minhas matérias. Aos colegas perguntavam pra quem torcia quando liam o que os desagradava. Ao ouvir a resposta, duvidavam.
Isso me deixava orgulhoso, sinal de que estava separando bem trabalho e minha história de arquibancada. Nem poderia dizer que estava sabendo isolar sentimento e jornalismo porque minha profissão é uma grande paixão, ela sempre fica acima.
É como ganho a vida e distorcer os fatos não passaria de tolice, que não faria o pênalti perdido entrar ou o goleiro defender a bola que foi às redes. E não estaria sendo honesto comigo mesmo, menos ainda com quem nos acompanha, lê, ouve.
Há colegas que dizem para quem torcem quando perguntados, outros declaram abertamente e tem quem não revele nem sob tortura. Não costumo falar sobre isso por achar irrelevante no exercício de minha profissão. Qual a importância disso, afinal?
Desde 2004 na ESPN, sempre mantive tal posição. Não se trata de “esconder”, “não assumir”, “disfarçar”. Só não acho importante. Se um jogador nasce torcedor de um time e mais tarde defende o rival ele é “profissional”. Por que jornalistas não podem ser?
Afirmo que não há torcida de time grande que jamais tenha se irritado com meus comentários e textos nesses 12 anos, o que encaro como parte da missão. Duro é o comentarista não despertar reações, ser ignorado por não dizer nada.
Há casos em que, depois, voltam atrás e até concordam comigo. Em outros isso não acontece, inclusive porque o futebol mexe com os corações e vivemos tempos de intolerância com qualquer opinião que não se pareça com as das pessoas.
Gostaria de ir mais vezes a estádios, mas nem sempre é possível, pois geralmente trabalhamos durante as rodadas. Mas quando dá, lá estou. Não sou e jamais serei o tal “jornalista de ar condicionado”. E levo a sério a máxima “não quero cadeira numerada”. E por aparições na arquibancada, tenho sido “acusado” de torcer pelo Flamengo.
Alguns tentam me rotular como “tendencioso”. Generoso que sou, para facilitar o entendimento elaborei uma listinha (abaixo) com alguns textos meus e vídeos. Os comentários não seriam chancelados pela assessoria de imprensa rubro-negra.
Se depois de ler e ouvir alguém insistir em tal tese, paciência. Apenas respeitarei o direito que as pessoas têm de parecerem idiotas. Pois em 2016 o Pacaembu virou “Maracanã”, ficou parecido com meu velho habitat. Lá estive e continuarei indo.
Patrulha alguma vai me tirar tal direito. Ainda mais de quem me “condena”, mas aplaude JORNALISTAS que torcem pelos SEUS times e vibram quando os mesmos são vistos e/ou fotografados no meio de SUAS torcidas. Tacanho, não?
Gente que age assim é tão patética que esquece o óbvio: pagam para ver jogadores que jamais torceram por seus clubes. Que vestem a camisa tão amada pelo dinheiro. Sim, por dinheiro. É como funciona o futebol profissional.
Mas querem patrulhar jornalistas pelo histórico de torcedor. Se preocupam com isso como se fosse revelante, mas ficam incomodadinhos ao saberem que o comentarista — que NÃO é pago pelo clube — não torce para o time DELE. Como se os jogadores torcessem! Ah ah. Deve ser preciso fazer força para alcançar tal nível de estupidez.
Nunca ganhei um centavo de clube de futebol. Jamais prestei serviços a qualquer agremiação. Em meus 33 anos de jornalismo, dentro ou fora do esporte, sempre recebi minha remuneração das empresas para as quais trabalhei e trabalho.
Não é meu objetivo, amo o que faço, mas se um dia atuar profissionalmente em um clube, seja qual for, serei assessor de imprensa ou algo do gênero. Não acumularei funções em veículos de comunicação, pois é absolutamente incompatível.
Seguirei do lado de cá do balcão, e num dia de folga, posso aparecer numa arquibancada. Pagando pelo ingresso, como você. Aqui ou na Argentina, onde existe um time que, pela sua incomparável torcida, me cativou há mais de duas décadas.
Fonte: ESPN
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Ser paulista e torcer para time carioca da nisso. Os caras não aguentam o bairrismo.
Ele não é paulista.
Tá e eu, sou paulista, família toda mineira, moro a mais de 35 anos no DF e torço por Mengão desde que nasci.
Animal, ele disse q nasceu em Niterói.
Tem necessidade de ofender?
Mauro é Carioca mano.
Galera. Menos. O cara soh errou a cidade e nego ja vem cheio de pedra xingando todo mundo.
Achei muito interessante o "desabafo" do Mauro. Para mim trata-se de um cara de opinião, da qual você pode concordar ou não, normalmente baseada em fatos e fontes que ele cita.
Interessante lembrar que em épocas passadas onde ganhar o estadual era mais importante do que ganhar torneios "ditos nacionais" (Gomes Pedrosa, Rio São Paulo, etc) existiam mesas redondas muito apreciadas onde cada comentarista defendia explicitamente um dos times grandes locais. Eram embates divertidos e inteligentes.
Acredito que o grande problema desse modelo acima descrito tenha ocorrido na medida em que os estaduais foram perdendo interesse e importância - veja que pedimos para o Flamengo disputar o carioquinha com o expressinho - e os nacionais, ainda mais depois da fórmula dos pontos corridos, passaram a dominar as atenções dos torcedores.
Nesse modelo, se torna inviável ter à mesa representantes de todos os times do Brasil. Então se formaram panelas regionais onde aquilo que era divertido e inteligente passou a ficar grosseiro e caricato. Adicione-se nessa fórmula a queda brutal da qualidade intelectual dos debatedores e acabaremos nos exemplos que temos hoje na televisão.
SRN
Mauro, na moral. Flamenguista ou não. VAI TOMAR NO OLHO DO SEU CU.
Porque a raiva, filho? Não vejo nada de anormal nos comentários dele. São meio crus, mas ele manda bem na maioria das críticas. Não precisamos de um poeta que faça seguidas odes ao nosso time e torcida. Isso fazemos nós mesmos.
Não é pq ele não fala bem do Fla que não gosto dele. Se fosse assim teria que odiar vários amigos e até família. O fato é que não gosto dele pelo que ele se mostra ser na TV e internet ( Não o conheço pessoalmente). é um direito meu. Acho ele imparcial e fraco como a maioria dos "Jornalistas/comentaristas da ESPN Brasil" que vendem seu "jornalismo de excelência" apenas para paulistas e paulistanos.
Não acho ele parcial, não é puxa saco do Curinthians como a maioria pelo contrário os Curinthianos o odeiam
Realmente. errei na palavra. Imparcial é o que ele não é. Ele seria,digamos, tendencioso como a maioria dos comentaristas/jornalistas da EPSN brasil. Mas enfim, dizer isso não significa que ele puxe saco do corinthians, acho que é mais mesmo pelo jeito que eles divulgam as notícias,de quem eles divulgam e com que frequência eles divulgam. Eu,quando estou em casa, assisto resenha o dia todo, e posso dizer que Mauro Cesar não é o que mais me agrada.
Pra ficar mais simples. Vamos fazer assim:
Voce provavelmente xinga o Cirino quando entra em campo e faz merda.
Eu xingo o Mauro Cesar quando ele abre a boca. hahaha SRN!
Isso significa que vc nao xinga o cirino quando entra em campo!? Hahahaha
Rico Cufino. Kkkkkkkkk
fininho... haha
Como tem burrinho por aqui
Traduzindo para alguns, o cara é cidadão fluminense (nasceu em Niterói, antiga capital do antigo Estado do Rio de Janeiro antes da fusão com a Guanabara) e é torcedor do Flamengo, como qualquer um que já o leu ou ouviu mais de uma vez já tinha notado e que é algo absolutamente irrelevante para minha avaliação dele como profissional. Com sua competência unida a um pragmatismo e obstinação às vezes excessivos, acaba ocasionalmente até irritando um interlocutor menos preparado mas, na minha opinião, é um dos poucos jornalistas atuais que merecem atenção, pelo seu profundo conhecimento de futebol e independência.
Essas duas próximas rodadas vão ser bem complicadas para o nosso Mengão, temos um clássico e um jogo fora contra o Inter. As porcas jogam contra dois times que nós sabemos que são fracos, então a chances dos porcos abrirem mais vantagem é grande, mas mesmo assim vamos apoiar.
Um dos poucos que comentam, mas sem deixar se influenciar pela paixão clubistica.
Verdade Milton.
Gosto muito das matérias do Mauro. Ele é dos poucos que diz o que pensa. Pode estar certo ou errado, mas ele não se omite. Eu sempre tive pra mim que ele é Flamengo. O Galvão já assumiu. Acho prudente não dizer, até para que não distorçam os fatos.
A questão é essa Almir, "destorcer os fatos", as pessoas se acham capazes de "destorcer os fatos", ainda por cima julgando estarem certa, acredito ser necessário respeitar o profissional, não que é correto dizer ou não para qual clube torce, porém se tiver que dizer não haverá problema algum, e se num belo dia de folga acompanhar seu time na arquibancada, sabendo que no dia seguinte participará de algum debate a respeito?....é patético demais que muita gente pense dessa forma, acho que o texto foi um desabafo, por sinal muito bem elaborado, onde nós compreendemos os tópicos mais com certeza muitos farão questão de "destorcer os fatos"! Abraço!
Ele só quis deixar bem claro que sua paixão pelo Clube de Regatas Flamengo é totalmente alheia a qualquer tipo de matéria tendenciosa ou favorável, até mesmo pejorativo a qualquer outro clube, instituição, seus comentários jamais favoreceram qualquer clube, sempre foi verdadeiro em suas "deixas", alegrando a uns e enfurecendo outros, como digo, "o mesmo que por hora me alegra, outrora debocha", faz parte absolutamente do esporte e acima de tudo, da profissão, não é justo tirar o direito de cidadão, de ter em seu lazer seu clube de coração, seria patético tecer comentários execrando o jornalista por exercer tais direitos, pra mim o texto, mais que um desabafo, que sirva de reflexão para muitos no esporte e em qualquer outra profissão ou paixão! Próxima parada-----------Volta Redonda! SRN!
Aquela gol que o Paulo Vitor salvou no começo do jogo foi fundamental para nossa vitória, se toma um gol ali o jogo poderia ser mais complicado.