Muhlenberg: “Seguimos remando”

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Obviamente era jogo pro Flamengo ter ganhado, não porque o Flamengo é maior que os maloqueiros, que isso de tamanho não quer dizer muita coisa. É que os gambás vinham na descendente, caindo posições na tabela rodada após rodada, ajustando seu foco pra Sulamericana. Só que quando eles jogam contra o Mengão passa a ser o jogo da vida dos caras, exatamente igual a todo time de menor expressão que cruza os bigodes com o Flamengo. Fazer o quê? Ganhar, né? É o único remédio.

Mas apesar do show da torcida do Flamengo, que matou as saudades do time e do Maraca, a vitória não veio. Faltou gol, sim, mas pelo pouco que pude ver do 2º tempo (me acidentei estupidamente depois do nosso 2º gol por me apoiar na grade que separa a arquiba Norte da Leste e levei uns pontos na mão na enfermaria do estádio) nosso Flamengo tá cansado pra caramba. Cansaço físico evidente, por razões que já foram excessivamente esplanadas, que bem pode prenunciar um cansaço mental ainda oculto.

Cansaço mental que pode ser o responsável pelas escolhas do Zé Ricardo na hora de armar o nosso onze. Que não soube ocupar os espaços como tem sido habitual, os setores não estavam trabalhando juntinhos e, pelo menos enquanto pude ver, exageramos na saída de bola da defesa na base da bicuda pra frente, uma prática que pensava já ter sido banida do Flamengo por ineficiente. Mancuello, mais pedido pela torcida que filé com fritas, não foi aquela coca-cola toda que a Flatwitter esperava e o Sheik… bem, o Sheik, decididamente, não é mais jogador pra 90 minutos. Espero que o Zé Ricardo volte a desescutar a torcida o mais rápido possível. Ultimamente a escalações populares não tem sido muito boas pra nós.

Nem me lembrava da última vez que o Flamengo alinhou dois resultados ruins em sequência, o que não é um sinal dos mais auspiciosos. Entretanto, seria desonestidade intelectual desconsiderar que o Flamengo continua na briga pelo Brasileiro. Por que as derrapadas que o Flamengo deu nessa reta final eram derrapadas mais do que esperadas, no sentido estatístico da coisa. Geral tava careca de saber que o Flamengo, apesar de dever fazê-lo, não ia ganhar todos os jogos que tivesse pela frente. Time nenhum ganha todas, porque não é necessário. Pra ser campeão um time precisa apenas ganhar mais e perder menos que os adversários.

E é isso que o Flamengo, humildemente, vem fazendo durante esse returno do Brasileiro. Estamos no momento em 3º, mas já fomos o primeiro até outro dia e, para impressionar a burguesia cabocla, o Flamengo tem o ataque mais produtivo no returno, com 22 gols. Ora, quem diante da pujança de tais números e da estreita diferença entre nós e o líder provisório cogita jogar a toalha quando ainda faltam 6 jogos não deve estar com um bom ambiente em casa. O Flamengo ainda está na briga, incréus! Mais do que nunca.

Não é segredo para ninguém que o Flamengo trabalha com maior desenvoltura sob condições adversas, desvantagens numéricas e estatísticas desfavoráveis. Em uma linguagem mais agreste, geral sabe que no Flamengo tem que ser no perrengue. Na superação. Se em algum momento a configuração do campeonato ofereceu algum conforto à torcida do Flamengo no tocante às suas altíssimas e justas aspirações, podem se tranquilizar definitivamente. Essa configuração benigna já era, acabou, virou pó. O Flamengo está, sim, na roubada. Tudo está contra nós. Se nos guiarmos unicamente pela lógica, como aliás é do nosso feitio, é agora é que vai ficar legal pra gente.

Porque acreditamos piamente que só quando tudo parece perdido e só a nossa pequena e indomável torcida e o darwinismo bancam a aposta em nossa sobrevivência, que se faz o milagre flamengo. É nesse preciso momento, com a chapa bem quente e mínimas chances de êxito, a finest hour de qualquer rubro-negro. É quando o torcedor, investido mediunicamente dos poderes divinos do Manto Sagrado e da longa sequência de Pais da Nação que remonta a 1895, se torna ainda mais indispensável, necessário e decisivo. Portanto, caro amigo bem vestido e fechado com o certo, peida não.

O desfecho do campeonato não me cabe prever, evito o exercício ilegal da futurologia como se fosse a peste. Mas uma coisa é absolutamente certa: O Flamengo vai buscar. Quem nasce remando não morre na praia.

Arthur Muhlenberg

Fonte: República Paz & Amor

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