Essa semana durou minha vida toda. Desde o anúncio da volta do Maracanã meu mundo é quando. Queria contar isso para o Zé Ricardo. Chamar Guerrero num canto. Me reunir com Jorge e Arão. Tinha vontade de tomar um café com Réver. Uma gelada com Patrick e Pará. Almoçar com Muralha. Passar a noite com Diego, com licença poética, claro. Contar para eles da nossa história, nossa gente. Queria partilhar que a vida vira do avesso por causa do Flamengo. Explicar pra eles que não dizemos o Flamengo joga domingo, mas, “NÓS jogamos domingo”. Narrar, com riqueza de detalhes, que voltei daquela partida em São Paulo contra ELES, depois de tomar de quatro, pensando no jogo seguinte, na viagem seguinte, nos ingressos seguintes, e na devolução desse resultado meses depois no Maracanã. E esse dia “chegou”. Queria segurar a mão do Márcio Araújo, olhar dentro dos olhos dele e dizer bem do fundo da minha alma: “Me rendo, estou entregue.” Contar pra eles que a Pherusa naufragou, que o Joaquim Bahia conseguiu nadar até uma ilha, sozinho, informou o ocorrido, a embarcação foi resgatada e então fomos marcados pela RAÇA, a BRAVURA, o AMOR e a PAIXÃO. Lá pelos idos de 1895. São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando.
Essa semana durou minha vida toda. Ouço coisas lindas de rubro-negros no Maracanã. São homens, mulheres, torcedores, torcedoras, contando histórias de amor. E agora já não importa se ele sofreu alterações, se a arquibancada não é mais como antes, se não cabem mais de cem mil, se as coisas não são como sonhamos. Agora só importa que ele estará lá. E nós também. Tenho vontade de ligar para o Maracanã, ofegante, e deixar confissões de tantos jogos, tantas decisões, no gravador. Estou ansiosa para domingo. É desconcertante rever um grande amor.
Essa semana durou minha vida toda. E não estou segura se Muralha, Pará, Réver, Rafael Vaz, Jorge; Márcio Araújo, Willian Arão, Mancuello, Diego; Fernandinho e Guerrero sabem disso. Defendo um mundo onde eu, e meus 11 leitores, possamos ter o direito de fazer uma preleção para eles antes de um jogo tão decisivo quanto esse. Se cada um de nós contasse a angústia que antecede a compra de um ingresso. Se eu pudesse falar com o coração que já tive sensações de desmaio em gols decisivos. Que vi pontinhos pretos (e vermelhos) em jogos do Flamengo, que já cai quase 3 degraus da arquibancada comemorando um gol, que me perdi do meu irmão por isso, que reencontrei ele pós catarse e ouvi um: QUASE APAGUEI. E pensei: “Coitada da minha mãe, ía perder dois filhos na arquibancada. Felizes.” Que já quase atravessei uma parede, de tão grudada que fiquei nela, porque a polícia estava tentando organizar uma fila na entrada do Bellini montada e com “espadas” colocando ordem na rapaziada. Eu queria poder falar para os jogadores que quando eles estão com a bola nos pés, meu corpo responde, tenho reflexos, chuto o nada. E quando meu pai estava vivo, ele também tinha, e o sofá virava um campo de futebol. Quantos vasos da minha mãe derrubamos por conta desse “reflexo”. Mas que tenho a TOTAL convicção que já meti muita bola para dentro do gol e tirei outras tantas.
Essa semana durou minha vida toda. E durou o tempo da vida daqueles que amo também. Gente que largou família, trabalho, compromissos, responsabilidades, para fazer do domingo um mosaico de amor pelo Flamengo. Gente que lutou por liberações, que fez reuniões, que conseguiu transporte, que conseguiu voluntários, que deu ideias. Gente da torcida, das Organizadas, gente do Clube, gente que leva Fé no Hepta. Essa gente que ama o Flamengo, que não foge da fera e enfrenta o leão. Essa gente que me mostra que esse amor pelo Flamengo é SUBLIME. Gente que vem de Boston, de Curitiba, do Maranhão, de Aracaju, de São Paulo, gente que vem de todos os cantos do MUNDO para o nosso Mundo ver o Flamengo jogar. Eu vou à luta com essa juventude. Que não corre da raia a troco de nada. Gente que vai levar o HEPTA. Na Marra.
Essa semana durou minha vida toda. Domingo é mais que um EU VOU AO MARACANÃ. Domingo o Maracanã vem pra gente. Ele é NOSSO. Dos que estarão lá. Dos que estarão de longe, mas com o coração bem perto. É o Flamengo daqueles que sabem que é rubro-negro o coro da gente. Daqueles que seguram a batida da vida o campeonato inteiro. Daqueles que sabem o sufoco de um jogo tão duro. Domingo eu vou lutar. Eu vou viver a glória do Flamengo. Eu vou ser feliz. Com vocês. De perto. De longe. Do real. Do virtual. Da arquibancada. Do coração. Do grito. Da torcida do Flamengo. Eu acredito é na rapaziada. Como é que não?
Pra vocês,
Paz, Amor e Fé na Moçada.
Fonte: Vivi Mariano / República Paz e Amor
Otimo texto, pode somar 12 leitores agora pq vc ganhou mais um com certeza!
SRN!
Pow, excelente texto!
Quem é essa tal de Vivi Mariano que não conheço e nunca havia ouvido falar?
Não importa! O que importa é que passou a ter uma grande admiração de minha parte.
Além de ver toda essa profundidade tocante, ainda é uma bela mulher.
Acho que me apaixonaria se a conhecesse…