Muhlenberg: “Ninguém é de ninguém”

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Para os rubro-negros de raiz o América x Flamengo de ontem à noite foi um extraordinário teste para a fé. Tem que acreditar muito nos poderes do Manto pra manter as esperanças de que, munido apenas daquele futebol de R$1,99 apresentado no Mineirão, o Mengão Master Reversor de Expectativas vai conseguir fazer uma graça nessa reta final do campeonato. A despeito do resultado espetacular, que nos mantém vivos e operantes na Operação Hepta Ainda Esse Ano, o jogo foi uma pelada tétrica.

Seria de extremo mau gosto gastar vosso tempo com análises sobre o jogo. Vocês sabem melhor que eu a quem xingar. Podemos pular essa parte e abordar o único assunto relevante nessa reta final do Brasileiro que certos uns e outros já se antecipam definindo-o como um dos mais moles da história que o Flamengo já deixou escapar pela janela. Ainda que o Flamengo não o tenha liderado por sequer uma rodada. O tal assunto relevante é simples: o que nós, molambos conscientes e racionais, podemos fazer para ajudar o Flamengo a ganhar essa porra.

Evidente que torcer fica no topo da lista. Torcer mais que os outros é fundamental, e nem é algo assim inédito para os rubro-negros. Fazemos isso há anos. E não importa a maneira que você torce. Se é indo aos jogos, se é se largando num sofá ou encostando o bucho no balcão de um boteco, se é cantando o Hino ou aquela musica idiota do Mamonas, se é dando moral pro Diego ou xingando o incompreendido Márcio Araújo, se é batendo palmas pros carecas ou chamando o Zé de burro, não interessa, o lance é torcer pro Flamengo. Se torcendo à pampa já tá foda, imagina sem torcer? Torcer é o mínimo que podemos fazer.

Vejam, faltam apenas 3 jogos, os times que ainda estão na briga não estão jogando melhor a cada rodada, muito pelo contrário. Nesses momentos o futebol, falando estritamente do jogo com a bola nos pés, tem sua importância relativizada. Qualquer análise que considere exclusivamente os aspectos técnicos e táticos dos times em disputa é chata, primitiva e enganadora. Porque agora a batalha está sendo disputada no plano mental, no campo das ideias, vence aquele que for mais eficiente na administração das emoções, dos traumas e das nóias de cada um. É a guerra psicológica, injusta e letal, na qual incontáveis timaços de futebol brilhante sucumbiram diante de timinhos armados com o escudo do autoconhecimento e a couraça da resiliência.

Ainda que as palavras a seguir aparentem um leve tom cor-de-rosa, seria hipocrisia braba se não reconhecesse que as atuais condições adversas, o não favoritismo e a certeza alheia em nosso fracasso são justamente os únicos fatores capazes de provocar o estado d’alma ideal para que time e torcida do Flamengo se unam naquele espetacular transe coletivo que não conhece obstáculos. Depois que essa força é liberada ela não se restringe aos estádios, atravessa a cidade, o estado, o país e o mundo, enchendo a rubronegrada não de fé, mas de certeza. É justamente a certeza do rubro-negro, sua peremptória recusa em jogar a toalha antes da última volta do ponteiro, que assusta a arcoirizada desprovida de sólidos fundamentos emocionais. O vate tricolor, com grande perspicácia, definiu essa sufocante atmosfera flamenga criada por nós como uma força da natureza que venta, chove, troveja, relampeja. Certíssimo.

Mas a obrigação de deflagrar esse barato todo é nosso, da torcida. Não é hora de ficar perguntando o que o Flamengo pode fazer por você. É hora de fazer tudo pelo Mengão! Confesso que não tenho muita experiência em morrer na praia, mas tenho certeza que é muito mais divertido chegar ao final de qualquer coisa, seja lá qual for o desfecho, remando com todas as forças do que ficando de biquinho reclamando do que não foi feito e colocando a culpa nos outros. Que se dane! Teremos o mês de janeiro inteiro pra ficar de mau humor. Se for o caso. Nesse final de novembro e começo de dezembro só quero contrariar o bom senso, a matemática, a estatística, toda a gatomestragem nacional e torcer enlouquecidamente pro Mengão. O jogo tá na mesa. Até prova incontestável em contrário é muito Rumo ao Hepta!

Mengão Sempre
Arthur Muhlenberg

Fonte: República Paz & Amor

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  • Torcida é apoio não faltou e não falta dos torcedores, exemplos dos jogos em Cariacica, Pacaembu e no jogos no Maracanã, o problema é o time ajudar a gente com essa bolinha que tá jogando. Antes o time também era limitado, mas tinha vontade, é doses de enormes de sorte do técnico, é agora parece que esses dois fatores acabaram. A torcida sozinha não ganha nada, precisa do time tá em sintonia, é infelizmente não tá acontecendo, a não ser que mude nessas últimas rodadas.

  • “Agora a batalha está sendo disputada no plano mental, no campo das ideias, vence aquele que for mais eficiente na administração das emoções…”

    Tenho certeza que se estivéssemos a 3-1 pts de diferença das peppas, eles tinham peidados contra as galinhas.

    SRN

  • Vamos mostrar aos antis como somos capazes de reverter autuações adversas torcendo e vibrando ate o fim.

  • Perfeito !!! QUERO ver quem vai ser modinha. ESSA é a hora que o Fla é diferente. DOMINGO o nosso lugar é no maraca.
    VOU TE APOIAR ATÉ O FINAL

  • “Agora a batalha está sendo disputada no plano mental, no campo das ideias, vence aquele que for mais eficiente na administração das emoções…”
    É rapaziada, eu já to sentindo um cheiro de peido vindo de SP.

  • Falou tudo o Senhor Arthur Muhlenberg.

  • Sempre admirando as crônicas desse cara, é isso, não há outra coisa pra fazer nesse 3 próximos jogos.

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