Se 2016 foi para o Flamengo um ano de altos e baixos, que teve desde eliminações constrangedoras até cheirinho de heptacampeonato brasileiro, de técnico afastado por problemas de saúde até interino que fez o Pará jogar bola, de contratação do Antônio Carlos que nunca nem entrou em campo até a chegada do Diego que já conquistou os corações e mentes, todo flamenguista concorda que 2017 precisa ser um ano de afirmação.
E por afirmação entenda-se só uma coisa: títulos. Não que o papo de “tal título é obrigação” já tenha ajudado alguém, mas é impossível não ter grandes expectativas para 2017. Voltaremos a disputar uma Libertadores, entraremos nas oitavas da Copa do Brasil, já somos vistos como favoritos para o Brasileiro. Isso sem contar o sempre caótico Campeonato Carioca – como funciona? Quem joga contra quem? Agora tem uma fase debaixo d’água como Super-Mario? – e a Primeira Liga, o campeonato que nós fundamos para não priorizar, porque o futebol é loucura, o futebol é doideira mesmo, meu irmão.
Mas do que o Flamengo de 2016 precisa para que tenhamos um Flamengo de 2017 capaz de ganhar a lendária – e possivelmente inventada por mim agora – héxupla coroa, que une Libertadores, Copa do Brasil, Brasileiro, Carioca, Primeira Liga e Mundial Interclubes?
Na defesa: Acho que podemos dizer hoje, com certa segurança, que temos goleiro e zagueiros. Muralha cometeu algumas falhas pontuais durante o ano? Sim. Réver e Rafael Vaz já deram alguns vacilos que fariam Buda atirar a televisão pela janela? Com certeza. Mas Muralha é, sim, um dos melhores goleiros do Brasil e temos no banco Juan, que ainda pode contribuir, e Donatti, que precisa se provar, além do jovem Léo Duarte, que pode ser o zagueiro rápido que faz falta em várias partidas.
Nas laterais temos Jorge, um dos pontos fortes do time, e Pará, que no Brasileiro superou até mesmo as expectativas mais otimistas, ainda que a expectativa mais otimista em relação ao Pará em abril fosse um “não causar os lances que povoarão os nossos pesadelos”. O grande problema seria no caso a reserva para os dois. Chiquinho, que veio como meia que joga de lateral e mostrou-se incapaz de ser meia, lateral ou mesmo de caminhar e respirar ao mesmo tempo, e Rudinei, que havia até começado bem em 2016, mas caiu rapidamente de produção e não parece merecer tanta confiança.
As esperanças ficam então no recém-contratado peruano Trauco, ainda que pela “Lei de Erazo” saibamos que ser titular em seleção menor da América do Sul é tanta garantia de futebol quanto receber elogio da própria mãe, e no jovem Thiago Ennes, o primeiro nome na nossa lista de “destaques da Copa SP de Juniores que parecem melhores do que o experiente jogador meia boca que tem a preferência do treinador”.
No meio: Com Diego como nosso armador e contando que William Arão durante as férias tome um longo banho de sal grosso que tire a zica que parecia ter se hospedado em seu corpo durante os últimos meses do ano, a sensação é de que temos apenas uma grande questão no meio de campo rubro-negro: como colocar Márcio Araújo no banco. Se confirmada a chegada do volante Rômulo, podemos finalmente ter uma resposta para essa pergunta, ainda que isso torne apenas mais incompreensível a renovação de contrato de MA8 (ainda mais com o jovem Ronaldo, também destaque da Copa SP, pedindo passagem).
Somando a isso a presença de Mancuello, Cuellar, Paquetá e a possível chegada de Conca, acredito que temos um meio de campo versátil e qualificado, que permitiria não apenas manter o esquema atual como tentar variações táticas, sem dever nada pra nenhum outro time da América do Sul.
(E sim, isso sou eu tentando ser um flamenguista razoável, e não apenas gritando RÔMULO, DIEGO E CONCA MELHOR MEIO DO MUNDO, TAMOS TE ESPERANDO NO MUNDIAL, REAL MADRID)
No ataque: Ainda que de centroavantes o time esteja bem servido – Guerrero parece ter deslanchado e Vizeu tem tanto potencial que a chegada de Damião ainda parece desnecessária -, vai ser preciso reforçar o ataque pelas pontas se esse 4-3-3 quiser vingar. Sheik está indo embora, Fernandinho possivelmente também, Gabriel é no máximo um bom reserva e Cirino claramente vive uma relação abusiva com a bola.
Por isso, ainda que eu acredite bastante em Matheus Sávio e Thiago Santos – acho que eles já deveriam ter tido mais chances nesse ano, por exemplo, a chegada de dois atacantes mais experientes para as pontas se faz essencial. Os mais cotados por enquanto são Marinho e Vitinho, que fizeram um bom Campeonato Brasileiros, mas ainda são mais investimentos do que craques renomados. Se ao menos um deles conseguir vingar, as coisas podem funcionar muito bem num ataque que já teria Guerrero e Éverton, cada vez mais agudo e eficiente. E sim, eu sei que o Éderson também está lá, mas sempre parto do princípio de que ele estará machucado.
Em resumo, com a base montada em 2016, chegaremos a 2017 precisando apenas de algumas poucas peças, sendo que boa parte delas oferece ao menos uma solução alternativa caseira logo ao lado.
É garantia de título? Com certeza não. Mas quando você não precisa montar o time no decorrer do campeonato, tem um grupo mais fechado e atletas que te permitem não apenas usar seu esquema principal como realizar variações táticas, fica muito mais fácil brigar por títulos.
Incluindo ela, a héxupla coroa.
Marcos Almeida
Fonte: Nosso Flamengo | ESPN
.muito legal o texto! Esqueceu apenas de citar o zé Ricardo que não deposito confianca, mas quem sabe essa decaída na reta final do brasileirão serviu de experiência e quem sabe ele possa progredir profissionalmente, outro fator será o estádio na ilha, pequeno mas poderá ser chamado de casa, deixando nosso time mais a vontade e com menos viagens. No mais é isso aí, só tenho medo q a China bata na nossa porta e limpe nosso elenco e se bater q seja para levar Gabriel, Cirino e Márcio Araújo
Muito bom texto. Discordo apenas no tocante ao Rodinei. Acredito que seja um bom lateral e com perspectiva de futuro. No mais, penso de maneira semelhante. Com Trauco e Rômulo praticamente fechados (de maneira eficiente e econômica), investiria em mais dois jogadores: 1ª opção (mais “barata”): Eduardo Vargas e Marinho, ou; 2ª opção (mais ousada e “marqueteira”): Lavezzi e Podolski. Não vejo com bons olhos a vinda do Conca na atual configuração (com expectativa de jogo para maio e recebendo do clube 500.000 mensais), bem como a do Vitinho (tem lampejos de genialidade e está muito caro).
Dentro dessas expectativas, usando o esquema do Zé Ricardo, montaria o “time da Libertadores” da seguinte maneira: Muralha; Pará, Réver, Vaz e Jorge; Rômulo, Arão e Diego; Marinho (direita), Vargas (esquerda) e Guerrero.
Time reserva (Primeira Liga, Carioquinha e jogos menos importantes do início do ano): Thiago; Rodinei, Juan, Donatti e Trauco; Ronaldo (M. Araújo), Cuéllar e Macuello (Paquetá); Éverton (esquerda), Thiago Santos (direita) e Vizeu (Damião).
Rapaziada, é a segunda vez que vejo um texto do João Luís publicado como sendo do Marcos Almeida. No ESPN FC tem o crédito correto do autor. Não é mais só o Marcos quem escreve lá.