A noite desta terça-feira ficou marcada por um título inusitado do Flamengo no basquete. Sem precisar jogar, a equipe foi campeã estadual pela 12ª vez consecutiva (42ª ao todo). Esse fato aconteceu por conta de uma decisão do presidente do Vasco da Gama, Eurico Miranda. Em uma nota endereçada à Federação de Basquete do Estado do Rio de Janeiro (Fberj) na tarde do dia do jogo, o mandatário tornava oficial a ausência no Tijuca Tênis Clube. Na sexta passada, ele já tinha enviado um ofício dizendo que não colocaria seu time em quadra no local por questões de segurança. Grande parte dos atletas rubro-negros, contudo, duvidou do aviso.
– Eu tinha certeza de que eles iriam aparecer faltando 10 minutos para começar o jogo. Que pena que não apareceram, né? É a primeira vez que passo por um W.O. É triste para o basquete. Acho que nenhum dos jogos entre Flamengo e Vasco foi normal realmente, teve jogo sem torcida, teve com torcida única… Eu acho que Flamengo e Vasco mereciam um jogo com torcida completa, mas terminamos em primeiro na fase de classificação, merecemos e temos que comemorar o título. Fizemos todo um trabalho para chegar até aqui e não tira o gostinho não – disse o armador Ricardo Fischer.
Os jogadores do Flamengo chegaram cedo ao Tijuca Tênis Clube, fizeram aquecimento, voltaram para o vestiário para colocar os uniformes de jogo, retornaram à quadra e bateram bola. Às 21h, horário para o qual o início do jogo estava marcado, o locutor anunciou que o cronômetro estava contando os 15 minutos de tolerância para o Vasco. Ao término desse tempo, a arbitragem declarou o Rubro-Negro campeão estadual tendo vencido o confronto por W.O. Olivinha fez coro à opinião de Fischer sobre não acreditar no aviso da ausência vascaína.
– Quando a gente leu, quando vimos na imprensa, duvidamos de que a equipe do Vasco não iria aparecer. Estávamos duvidando. Viemos para o jogo pensando que iríamos jogar mais um jogo, um jogo decisivo, mas infelizmente não foi o que aconteceu. Está tendo um gostinho diferente, é a primeira vez na carreira que venço um jogo por W.O., ainda mais uma final de campeonato, mas lutamos bastante durante o torneio para sair com mais um título. Tínhamos traçado isso como objetivo da temporada e deu tudo certo. Não jogamos, nosso adversário não compareceu, mas conseguimos nosso objetivo – falou o ala-pivô.
Pelo Novo Basquete Brasil (NBB), está marcado um confronto entre Vasco da Gama e Flamengo – com mando de quadra para o time da Colina – para o dia 18 de dezembro. O horário consta no site oficial da Liga como 15h, mas o local ainda não foi definido. Olivinha torce para que, pelo torneio nacional, seja possível receber as duas torcidas em uma grande festa.
– A gente sempre torce para ter (as duas torcidas). Eu já joguei alguns Flamengo x Vasco. Sei como é esse tipo de jogo. Torcíamos para ser no Maracanãzinho (na final), mas não deu. Ficou sim um gostinho de que faltou um jogo com as duas torcidas, aquela rivalidade toda, mas infelizmente foi o que teve. Dois jogos sem torcida, dois jogos com torcida única. Espero que no NBB consigamos a liberação do Maracanãzinho ou de alguma arena olímpica pois sem dúvidas vai fortalecer o basquete carioca – relatou o jogador.
O veterano Marcelinho Machado, que recentemente ultrapassou a marca de 10 mil pontos pelo Rubro-Negro e, nesta terça-feira, chegou ao seu 10º título estadual, negou ter desconfiado do anúncio da ausência do Vasco da Gama, mas lamentou o fato. Segundo ele, foi difícil até mesmo explicar para seus filhos o motivo pelo qual não haveria confronto.
– Eu prefiro acreditar na pessoas. Quando alguém fala que vai fazer algo, acredito que vá fazer. Acho que o Vasco deixou claro, principalmente hoje, antes do jogo, que não viria. Se viessem, no meu ver, seria um pouco contraditório. Lógico que a gente fica triste pela forma como foi, mas acho que nosso time é merecedor de todas as suas conquistas. Nós estávamos preparados para jogar, eles decidiram não vir e não cabe à gente falar sobre isso… Eu tenho dois filhos e eu tentei explicar para eles o motivo pelo qual não teria o jogo. É difícil, você fica sem palavras, porque o esporte foi feito para ser decidido dentro da arena de competição. Não foi dessa forma. Mancha um pouquinho, mas não minimiza o que nós fizemos, porque lutamos por esse título e fico feliz que conseguimos – concluiu o atleta.
ENTENDA MELHOR A SITUAÇÃO
O presidente Eurico Miranda enviou um ofício à Federação de Basquete do Estado do Rio de Janeiro na última sexta-feira avisando que o Vasco da Gama não disputaria o terceiro jogo da final do Estadual de basquete do Rio de Janeiro caso ele ocorresse mesmo no ginásio do Tijuca Tênis Clube, local indicado pelo rival Flamengo, mandante do confronto. Nesta terça-feira, o dirigente mandou uma nova nota ao presidente da Fberj, Álvaro Lionides, batendo o pé sobre a posição vascaína. E ele cumpriu sua palavra.
O presidente do Vasco da Gama demonstrou estar preocupado com a segurança no ginásio do Tijuca, visto que, no primeiro duelo entre as duas equipes ainda pelo primeiro turno do Estadual, também com torcida única, houve briga entre torcedores rubro-negros nas arquibancadas, necessidade de intervenção da Polícia Militar e até mesmo uma paralisação da partida, que durou cerca de 15 minutos. Na ocasião, o time da Colina venceu pelo placar de 82 a 77.
Na última quinta-feira, flamenguistas de duas torcidas organizadas entraram em confronto nas ruas do bairro da Zona Norte após a vitória da equipe sobre a Liga Sorocabana, em jogo válido pelo NBB. A briga, desta vez, foi fora das instalações, mas só acabou depois da chegada da Polícia Militar e da detenção de 70 torcedores que, em um ônibus, foram levados à delegacia do bairro da Zona Norte.
Mesmo diante das confusões recentes, o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) e o Corpo de Bombeiros deram a autorização para que o confronto acontecesse no Tijuca, e a Fberj se defende dizendo que apenas segue o regulamento. Eurico, por sua vez, apontou irregularidades para a realização do terceiro jogo da final. No documento enviado por ele nesta terça-feira, foram enumerados três motivos para que o duelo não acontecesse. O primeiro é que a venda de ingressos foi indevida, uma vez que, desde o último dia 3 de dezembro, o Vasco afirmou que não entraria na quadra do Tijuca Tênis Clube por questões de segurança. O presidente vascaíno colocou a responsabilidade pela venda dos bilhetes nas mãos do presidente da Federação, Álvaro Lionides.
O segundo argumento fazia referência à nota da própria Fberj, datada no dia 28 de outubro, afirmando que o Rubro-Negro não teria atendido o Departamento Técnico da Federação indicando data e hora para o confronto. E que o dia indicado não foi escolhido em comum acordo com o Cruz-maltino. A indicação do local da partida, contudo, foi do Flamengo, que ganhou a vantagem de ser o mandante por ter terminado a fase classificatória da competição com a melhor campanha do Estadual.
OS JOGOS DA SÉRIE FINAL
O primeiro jogo da série final melhor de três terminou com vitória rubro-negra por 89 a 87. A partida foi realizada na Gávea, com portões fechados para as torcidas. No segundo, que aconteceu em São Januário, mais uma vez sem a presença de torcedores por questões de segurança, o Vasco saiu vencedor por 104 a 98. Com isso, a série está empatada em 1 a 1.
A princípio, a partida desta terça seria disputada novamente com portões fechados, como punição pela briga entre os torcedores do Flamengo no primeiro turno. No entanto, o Rubro-Negro recorreu e conseguiu evitar que a pena valesse para o terceiro jogo da final. O julgamento no Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva do basquete aconteceu na terça-feira da semana passada, depois de o Flamengo ser punido com multa de R$10 mil e duas partidas com portões fechados.
Fonte: GE
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