A primeira noticia que li do dia relacionada ao Flamengo foi que ele investirá R$ 14 milhões na base em 2017. Segundo o GE, a empresa belga Double Pass foi contratada e esteve no Ninho do Urubu por uma semana observado métodos, procedimentos e estrutura do departamento de futebol de base. Para um clube que tinha investimento na base menor que outros rivais carioca, não deixa de ser uma ótima notícia.
Porém, a ótima notícia da conscientização dos dirigentes da importância para a criação de sistemas que “produzam” melhores jogadores não se alinha com a forma que o departamento de futebol profissional lida com esses jogadores que chegam da base. É preciso alinhar pensamento e a julgar pela manutenção de jogadores como Sheik, Márcio Araujo, Fernandinho este pensamento está longe do alinhamento. E essa contradição está me enchendo de dúvidas.
Há algum tempo, o chavão “Craque o Flamengo faz em casa” pode ter vários complementos. Você pode usar que “craque o Flamengo faz em casa, mas deixa no banco” ou o “Craque o Flamengo faz em casa e empresta pra time pequeno até acabar contrato”. Poderia até ser mais cruel com esses complementos mas não é o tema deste post.
No ano que o Flamengo foi campeão do maior campeonato de base do país, tivemos que ver garotos Felipe Vizeu, Tiago Santos, Ronaldo cheios de vontade para jogar futebol dando lugar a Leandro Damião, Gabriel, Cirino e Marcio Araujo. Mas a gente já viu isso em 2011. Time que não é campeão tem mais jogador sendo utilizado em times profissionais do que o Flamengo.
E eu, que não consigo entender a contratação de jogadores que não passam 6 meses no clube nem a não utilização de jogadores vindos da base, estou a espera de como será esse planejamento desalinhado de base e profissional no Flamengo. Pelo andar da carruagem, será mais do mesmo. Vem aí renovação de contrato de perebas, com blablabla de que precisa dar experiência no elenco favorecendo sabe-se lá o quê. É o mesmo blablabla de sempre que não pode ter jogador da base entrando com pressão, de que eles precisam jogar para ter experiência e ficam rodando em times ditos pequenos até acabar contrato. E nessa ciranda contraditória, quem perde dinheiro é o Flamengo. Se for fazer a conta…
Embora veja com alegria esse investimento recorde na base, não posso deixar de perguntar o porque beneficiar Luverdenses, Atleticos e Américas da vida com jogadores revelados na base do Flamengo e o Flamengo ainda ter que gastar dinheiro para contratar perebas que não chegam a dois dígitos de jogos com o Manto.
Até a próxima!
Dani Souto
Fonte: Primeiro Penta
4 Comentários
Planejamento 2016:
Seria excelente o Flamengo jogar o carioca até o quadrangular final com reservas e base.
Exemplo de time:
PV – RODINEI – JUANouDONATTI – DUARTE – TRAUCO – RONALDO – MANCUELO – MATHEUS SÁVIO – EDERSON – MATHEUS SANTOS E VIZEU
TESTARÍAMOS: DUARTE/RONALDO/MATHEUSSÁVIO/MATHEUSSANTOS/VIZEU
E daríamos ritmo de jogo a: PAULO VITOR, RODINEI, MANCUELO( na sua real posição ), EDERSON.
E ainda serviria de adaptação do Peruano Trauco.
Enquanto isso o time titular jogaria o A LIGA, e ficava treinando para o quadrangular final do Carioca.
Em 2015, li uma reportagem (mt boa) sobre esta empresa. Reportagem do GE e do Doentes por Futebol.
Esta consultoria envolve tudo, desde infraestrutura, perpassando por areas taticas e tecnicas, até psicologicas.
Há tb um planejamento de integração de base-profissional, com metas de qtidades de jogadores de base no time principal, fundamentos principais pra cada função, etc…
Essa eh uma empresa séria e só a CBF pra num querer consultoria dela.
Espero que em 03 anos, o Mengão desfrute dos frutos desta reformulação, já que na Alemanha durou 10 anos, na Bélgica 07 anos, no Mengão será 03 anos.
Em nome de Jesus, Amén.
SRN
“não posso deixar de perguntar o porque beneficiar Luverdenses, Atleticos e Américas da vida com jogadores revelados na base do Flamengo”
Jogador precisa jogar, seja bom ou seja ruim só se vende, na teoria, jogador que joga. Ao emprestar se aumenta a “vitrine” para mostrar seu produto.
O problema recorrente dos times (a maioria dos times) é dar 0% ou 100% das chances ao jovem da base, não colocam aos poucos os jogadores, a transição é feita de uma hora para outra ou já começam a sequência de empréstimos antes mesmo do jovem jogar no profissional. Diversos jogadores, até o próprio Zico, fizeram essa transição de forma lenta, eram/são alçados ao time principal e depois retornam a base, até se firmar…TEMOS QUE INVESTIR DINHEIRO E PACIÊNCIA NA BASE.
SRN
Hum…Legal seu comentário, mas fiquemos atentos:
1- Infelizmente nas categorias um time campeão não necessariamente revela atletas úteis, bons, ótimos ou craques para o time principal. Fosse assim os Gambás seriam a maior fábrica do país. Mesmo aquela geração do Djalminha foi uma espécie de “ponto fora da curva”. A mítica “Geração Zico” possuía jogadores formados durante mais de 1/2 década. Para você ver: Quando Leandro estreiou nos profissionais, segundo relato do próprio, foi uma alegria imensa jogar no mesmo time de seu ídolo Zico que ele acompanhava das arquibancadas.
2- Há vários fatores que determinam o sucesso da transição aos profissionais. No Flamengo, como colegas já citaram neste espaço, a pressão da torcida, o excesso de expectativas aliam-se à falta de um trabalho cientifico de verdade. Falta aspectos táticos,t técnicos, físicos e educativos. Não seria essa falta de grana a ser empregado o início dessa retomada?
3- O empréstimo é um expediente corriqueiro para, além de aliviar a folha, muitas vezes (nem sempre) dar rodagem para um garoto que acabaria entrando no banco (isso mesmo) só eventualmente. O Grande Andrade antes de assumir a “volancia” do Fla, com a aposentadoria do PC Carpegiane, passou um ano no Equador. Isso em 1980! Pois bem, se essa rapaziada não consegue se destacar minimamente em times e campeonatos de baixo nível técnico, alguma coisa deve estar errada com esses “perebas”.
4- Nos últimos sei lá…20 anos todas as vezes em que o Fla tentou montar uma base falhou. Luxemburgo em 2011 aproveitou sistematicamente boa parte dos campeões da Copinha. Lembro de Adryan, Negueba, Thomas, Wellington, PV, Muralha e outros que não recordo. Pois bem, à exceção de PV acho que todos estes ganharam várias oportunidades de titularidade e…bem sabemos no que deu.
5- Eu acredito realmente que só recentemente com a briga do Zicão com os pulhas dos empresários que monopolizavam a base é que o Fla iniciou um processo de resgate das categorias de base. Isso aliado à chegada dos carecas, amortizamento das dívidas, construção de CT, criação e aplicação de um plano de integração dessa base etc, etc… Nesse sentido, o Fla pode e vai revelar jogadores até que tudo esteja aprumado mas estamos muito longe, por exemplo, do Santos para citar um exemplo gritante.Prefiro a desconfiança do cuidado, do que a pressa desmedida que tanto já se mostrou inútil na história recente da base rubro-negra.
Saudações…