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Ele saiu do Fla para vender roupa, mas voltou e deu até caneta em Ronaldinho

Um dos jogadores mais habilidosos da história do futebol mundial, Ronaldinho Gaúcho já deixou muitos adversários para trás com seus dribles desconcertantes. O que ele não esperava é que um dia sentiria do próprio veneno durante o Campeonato Carioca de 2011.

Responsável por aplicar uma caneta no R10 aos 36 minutos do primeiro tempo em uma partida entre Olaria e Flamengo, o meia Renan Silva lembra com detalhes daquele lance.

“Ele tentou me dar uma caneta, mas eu consegui fechar as pernas. A bola sobrou e só tinha como passar pelo Ronaldinho se acertasse uma caneta nele. Consegui o drible e segui, mas o Thiago Neves fez falta em mim. Só quando caí no chão que veio na cabeça: ‘Caramba, eu dei uma caneta no homem’ (risos)”, recordou Renan, atualmente atleta do Nova Iguaçu-RJ, ao ESPN.com.br.

“Quando saí no intervalo do primeiro tempo todos os repórteres vieram me perguntar sobre a jogada e eu não sabia nem o que falar (risos). Dei um drible no meu ídolo”, completou.

Antes da partida, Renan havia pedido a camisa de Ronaldinho Gaúcho, mas achou que ficaria na mão. “Eu cheguei tímido para ver se ele ia dizer alguma coisa, mas ele é tão humilde que falou: ‘Ô guri, toma aqui minha blusa que você me pediu’. É um troféu que guardo até hoje com muito carinho em casa”.

“A gente nunca imagina jogar contra o Ronaldinho, ele é diferente e um fenômeno. Eu olhava para ele em campo e pensava: É o cara que sempre me espelhei. Tá do meu lado”.

Apesar da derrota por 3 a 2, só se falava do garoto abusado do Olaria nos noticiário esportivos do dia seguinte.

“As pessoas comentavam no meu bairro: ‘Olha aí o cara que deu uma caneta no Ronaldinho Gaúcho (risos). Eu ficava todo sem graça. Eu tinha que explicar como foi o lance. A criançada toda hora falando comigo, foi legal demais”.

O Olaria fez uma bela campanha no Campeonato carioca daquele ano, chegando até a semifinal da Taça Rio, quando foi eliminado pelo Vasco.

“Fizemos o ‘Trator da Bariri’ e eu virei o R10 da Bariri (risos). Até hoje me falam disso. Foi um ano muito bom e fiquei conhecido no futebol. Isso me deu até propostas de fora do Brasil”.

DE PROMESSA DO FLAMENGO A VENDEDOR

Renan começou nas categorias de base do Flamengo aos 11 anos e jogou ao lado de Renato Augusto, Erick Flores e Paulo Sérgio, mas nunca atuou pelos profissionais. “Fiz contrato profissional com 16 anos e cheguei a ficar no banco em alguns jogos em 2006 com Ney Franco. Então, meu contrato venceu e não foi renovado”.

Em 2010, ele ficou sem clube por seis meses e precisou tirar o sustento bem longe dos gramados.

“Não tinha clube para mim, não tinha jogado no time de cima e ninguém me conhecia. Peguei meu fundo de garantia e fui vender roupa na feira com a minha esposa. As pessoas passavam e olhava para mim e comentavam: e aí jogador, tá fazendo o que aí vendendo roupa? Eu respondia que era só uma fase, eu ia passar”.

“Graças a Deus ganhei dinheiro honestamente e Deus abriu as portas para mim. As pessoas só enxergam o momento, mas não sabe o que sofri e passei para conquistar o que tenho”.

O primeiro clube que abriu as portas para ele foi o Bahia, na equipe sub-23. Depois disso, o meia passou por Olaria, Vitória, Boavista antes de chegar à Romênia, onde atuou por Rapid Bucaresti e Petrolul Ploiesti.

Jogou também no Dibba Al Fujairah, dos Emirados Árabes Unidos. “Eu precisava tirar minha habilitação lá. Só que meu instrutor na auto escola não falava inglês, só árabe (risos). Ele tentando me ensinar e eu só respondia: ‘OK, my friend, OK habib’ (risos). Mesmo assim, eu consegui tirar habilitação”.

No ano passado, ele viveu um grande susto quando defendeu o Mashhad FC, do Irã.

“Teve uma guerra na cidade que morei. Eu estava com a família toda e queria ir embora e não conseguia. Todos os voos cancelados. Era bomba na minha cidade e foi complicado. O clube não me pagou e tive que colocar na Fifa para receber. Tive muita decepção por lá”.

Durante a passagem pelo Chainat Hornbill, da Tailândia, ele se assustou com os costumes locais.

“Lá é cheio de elefante na rua. Você anda de carro e daqui a pouco para o trânsito para o elefante passar. Tem as rezas, e ai de você se atropelar um. Você é um homem morto”.

Após encerrar a temporada, ele voltou de férias para o Rio de Janeiro, mas sem intenção de retornar ao futebol brasileiro.

“Tinha boas propostas do exterior da Coreia do Sul, Malásia e Emirados Árabes. Graças a Deus fui campeão em quase todos os países que joguei. Só que já estava há quatro anos fora e minha esposa falou que estava na hora de tentarmos mais uma vez no Brasil: ‘você tem potencial e pode almejar coisas grandes aqui dentro ou sair para coisas maiores'”.

Ele acertou para disputar o Campeonato Carioca de 2017 pelo Nova Iguaçu. “Ele me mostraram o projeto e me impressionei com a estrutura. Chegamos a um acordo e vi que era meu momento de jogar o Carioca e poder mostrar meu futebol novamente. Quero ajudar o time a conquistar coisas grandes”.

Fonte: ESPN

Coluna do Flamengo

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  • Era o melhor do time que tinha como estrela o Erik Flores. Jogava demais nos juniores mas foi mais um que não conseguiu uma transição para os profissionais.

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