A Odebrecht recebeu o aval do governo estadual na última semana e, de posse das propostas, decidirá para qual empresa venderá a concessão do Maracanã. Lagardère/BWA concorre com a CSM/GL/Amsterdam Arenas. O processo todo de transferência do estádio será concluído em fevereiro de 2017. Uma fonte envolvida nas negociações ouvida pelo GLOBO informou que o momento político poderia fazer do pool encabeçado pela CSM o favorito.
A razão seria a parceria já anunciada da postulante com Flamengo e Fluminense, motivos básicos da existência do Maracanã como times de futebol. O contrato do Flamengo com a Maracanã S.A. termina no próximo dia 31. O do Fluminense tem a duração de 32 anos. Oficialmente, a Odebrecht afirma que vai avaliar a melhor proposta. A empresa elencou pontos cruciais para credenciar as concorrentes, estabelecidos pela experiência na administração de estádios, capital social e plano de negócios.
Inicialmente, as empresas já provaram, através da entrega de documentos ao governo estadual, que conseguirão pagar de R$ 40 a R$ 60 milhões pela transferência da concessão. Deste valor, será descontada a soma da dívida da Maracanã S.A. com fornecedores e bancos.
A empresa vencedora até poderá ser anunciada este ano, mas a concretização do negócio deverá se arrastar por todo o mês de janeiro devido ao processo de due dilligence, que é quando uma empresa de consultoria é contratada para apurar passivos trabalhistas da Maracanã S.A, dívidas gerais, além de determinar prazos de pagamentos e fazer extenso levantamento de funcionários, mobiliário e etc. Ao final desta etapa, a compra ainda terá de receber a aprovação do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão.
Hoje, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) tem que entregar o estudo que serviria para embasar uma nova licitação (descartada) ou indicar possíveis aditivos ao contrato atual. No caso dos aditivos, caberá à empresa vencedora negociar a inclusão de novos equipamentos, como o Estádio de Atletismo Célio de Barros ou o Parque Aquático Julio de Lamare, retirados do edital inicial. Apesar de estarem tombados e sob a tutela do governo estadual, poderiam ser incluídos em futura administração, mas as empresas não apostam muito na medida impopular do destombamento.
MARACANÃZINHO FAZ PARTE DO COMPLEXO
O contrato atual de concessão estabelecia o investimento de R$ 600 milhões em 32 anos. Era o investimento a ser feito no complexo todo, com Célio de Barros e Julio de Lamare. Retirados, o valor caiu pela metade. A esta soma de investimento, deve-se adicionar a outorga de R$ 5,5 milhões por ano. Nos lugares dos equipamentos esportivos, seriam erguidos novos empreendimentos que gerariam receita para amenizar parte do investimento. Agora, apenas o Maracanã e Maracanãzinho fazem parte do complexo.
Empresa francesa de mídia, a Lagardère foi uma das concorrentes no edital vencido pela Odebrecht. Em 2013, a companhia europeia, dona de um faturamento anual de US$ 10 bilhões por ano, precisou da associação à construtora OAS para alcançar o capital social de R$ 78 milhões no Brasil para poder concorrer. Desta vez, adquiriu participação da BWA, mais conhecida pela operação de bilhetagem em estádios, em concessão de arenas e formou a Lu Arenas. Apresentou um capital social de R$ 28 milhões. Segundo uma fonte, este capital pode ser um impeditivo à concordância do governo se a venda for feita para os franceses, mas a empresa pode ter um parceiro com cláusula de confidencialidade.
No Brasil, a Lu Arenas administra os Estádios do Castelão, em Fortaleza, e o Independência. Flamengo e Fluminense já tiveram problemas com a BWA em momentos distintos devido à comercialização de ingressos. O América-MG já ameaçou ir ao Ministério Público por causa de dívida com a BWA, que não teria repassado percentual de 5% das receitas do estádio, fora bilheteria.
PARCERIAS DE LONGA DATA
O braço internacional da Lagardère administra mais de 50 arenas ao redor do mundo, concessões de lojas em mais de 150 aeroportos. No Brasil, além da participação na Lu Arenas, tem direitos de transmissão de TV e de marketing esportivo. A intenção da empresa é trabalhar em um projeto de alcance local, nacional e internacional para desenvolver o Maracanã como segundo monumento mais importante do Rio. Há planos de fazer megashows e trazer times europeus para pré-temporadas no estádio, que teria, em seu complexo, museu de ponta, academia, restaurante e lojas.
A CSM já era parceira de Fla e Flu em outros projetos. Para atingir capital social de R$ 78 milhões, a empresa foi buscar associação com a GL Events e Amsterdam Arenas, que administra a Arena Amsterdam, casa do Ajax e da seleção holandesa. Em certo momento da concorrência, ouve a desconfiança sobre a solidez da parceria com a GL, empresa multinacional de organização de eventos. Mas a CMS garantiu a parceria.
A GL, com sede na França, faz montagens de estruturas temporárias e atuou na Copa das Confederações, em 2013, e na Copa do Mundo, no ano seguinte. Também é responsável pela Rio Arena, equipamento multiuso na Barra da Tijuca. A parte internacional registra em seu site uma receita de de € 942 milhões em 2015. Em seus eventos, estão listados, entre outros, os Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney, e 2016, no Rio.
Entre os planos da CSM para o Maracanã estão o incremento do período de visitação do estádio, megashows, eventos corporativos, academia e pátio gastronômico, entre outros. Além da Odebrecht, a empresa AEG, com sede em Los Angeles, nos Estados Unidos, tem 5% de participação no Maracanã e poderá permanecer no negócio como acionista.
Fonte: O Globo