Coluna do Torcedor: “Versão Flamengo”

Futebol é algo sensacional. Não há no mundo explicação que retrate o sentimento que é ver seu time do coração virar um jogo improvável (ao melhor estilo Super Bowl 51), um pênalti defendido pelo seu goleiro nos minutos finais, estreia de jogador com gol, sonhar com o campeonato que está para começar e imaginar uma semifinal, jogando em casa, estádio lotado, cantos de torcida.

Todos sabem que ser Flamengo é um privilégio ímpar. A máxima “somos todos, menos alguns” nunca fez tanto sentido. Mas o ponto principal de todo esse saudosismo é: Ser Flamengo está sendo muito mais fácil e prazeroso. Quem não lembra dos times horríveis de anos atrás, das lutas contra rebaixamentos, sufocos, heróis improváveis e folclóricos.

Já pararam para pensar que estamos vivendo um momento único pelo time ao qual escolhemos torcer? Após o jogo contra o Grêmio, parei para pensar sobre tudo que vem acontecendo, tentando ter uma abordagem diferente.

De clube à beira da falência, à equipe modelo. Reestruturação, equilíbrio e profissionalismo. Parem e pensem friamente: ESTAMOS PRESENCIANDO A MELHOR VERSÃO DO CLUBE DE REGATAS FLAMENGO! EM ANOS!

Um dos melhores elencos do Brasil, maior potencial de arrecadação. Perspectiva única de qualificação. Sem dúvida, somos privilegiados. Vejo muito se falar em perspectiva hegemônica daqui há alguns anos (como profetizou Kalil em 2014). De verdade? É muito mais prazeroso aproveitar o passo a passo do que traçar metas, pois a partir delas, podem ser criadas decepções e cobrança indevidas. Nossos gestores (falar “diretoria” é compará-los aos que vivem contratando estrelas marfinenses) possuem inúmeros pontos a serem observados com potencial de melhora. E ela aconteceu desde o início da gestão. Ou alguém, lá em 2013, imaginou que em 2017 o Flamengo montaria um meio campo gastando um valor ínfimo, se comparado ao panorama de mercado atual? William Arão, Rômulo, Diego, Conca (para não falar em Trauco, Réver e Vaz para a defesa), todos representam a evolução clara dos nossos gestores.

Ter melhor elenco, maior patrocínio, maior faturamento, maior torcida.. nada disso garante títulos. A grande diferença é: nos cercamos das ferramentas necessárias para conquistá-los. Foi o que sempre cobramos. Entrar para disputar absolutamente tudo, com condições de êxito. Estamos nos notabilizamos por colocar em prática ações que antes eram utopia: confrontar federação regional e nacional, nos opor e imposições governamentais. Falta muito ainda. Chegará o dia onde essa famosa “pressão” será muito mais controlada. A maioria das vezes, ela é criada pelo próprio clube. Se a torcida acompanhar os avanços, teremos resultados ainda melhores. Nunca haverá um técnico unanimidade, ou um lateral direito que seja consenso em todos os vários tipos de torcedores que temos. Mas o apoio precisa fazer parte. Já imaginaram a maior torcida do mundo junta por uma ideologia? Será mesmo que haveria pressão por parte da imprensa e pelas outras pequenas agremiações que surtiria efeito? Tenho várias dúvidas quanto a isso.

Aguardemos com muita esperança não só a temporada de 2017, mas também as que estão por vir. Nossos dois torneios de pré-temporada estão em curso, testes estão sendo feito, variações testadas (com resultados claros de evolução e êxitos), mais uma vez sendo comprovado o quão diferente pode ser um trabalho a longo prazo, uma comissão técnica com boas ideias e com sequência de trabalho. As críticas não precisam jamais serem nulas. São elas que nos fazem sempre crescer, em todos os aspectos, não só no futebol. Apenas é preciso tirar da cabeça que, caso a vitória não venha no domingo, algo está errado e tudo precisa ser desconstruído. Há uma comissão totalmente ambientada com o elenco, com as particularidades dos jogadores. Não acompanhamos isso há muitos anos.

No novo modelo de Copa Libertadores, agora sendo disputada durante toda a temporada, ficou ainda mais difícil de vencê-la. Não esperamos obrigação em conquista. O que cobraremos é a OBRIGAÇÃO de disputa até o último segundo de jogo, até a última bola pela linha de fundo, a última bola alçada na área. Se ainda assim não conseguirmos, paciência. Estarei lá para aplaudir e apoiar. Por esses motivos o futebol é maravilhoso. Não há prognóstico exato de absolutamente nada, ninguém ganha de véspera.

Ansioso pelo início efetivo da temporada, me despeço com dois pedidos. Primeiro: vamos aproveitar a melhor versão do Flamengo em anos.

Segundo: NÃO ME ACORDEM!
SRN,

Ruan Pedro