Mansur: “Reflexões”

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O futuro dirá se Lucas Paquetá é mais um exemplo para nos lembrar que o coletivo potencializa o individual. Foi mal numa seleção brasileira sub-20 que jamais se encontrou. Neste domingo, entrou num momento em que o Flamengo já se sentia à vontade diante de um Madureira com 10 homens. E produziu o momento mais bonito da vitória por 4 a 0. Um rebote do goleiro, após um belo passe que ele mesmo tentou, terminou num toque de cobertura que misturou ousadia para tentar e técnica para executar.

O lance fechou a goleada que confirmou o Flamengo como primeiro colocado do Grupo B da Taça Guanabara. No sábado, enfrenta o Vasco na semifinal. O jogo com o Madureira, visto apenas sob a ótica do resultado final, pode trazer conclusões açodadas.

Foi como se houvesse duas partidas em uma em Volta Redonda. Uma, até o Flamengo fazer seu segundo gol, já quase na metade do segundo tempo, contra um Madureira que tinha dez homens desde os minutos finais da primeira etapa. Este jogo, o rubro-negro, a exemplo da maioria dos minutos que leva em campo em 2017, não deixou boas sensações, com pouca imaginação, pouca inventividade. Por outro lado, sob o ponto de vista dos números, a temporada tem um registro a se respeitar: sete vitórias em sete jogos oficiais.

Pouco antes de Trauco lançar Guerrero, no lance do segundo gol rubro-negro, aos 19 minutos do segundo tempo, o Flamengo já tinha feito 32 cruzamentos para a área rival. Muitos deles em lances forçados, não em jogadas trabalhadas que colocam o ataque em vantagem sobre a defesa rival. Do outro lado estava um Madureira bem organizado defensivamente, justificando, em parte, sua presença na briga pelo primeiro lugar na chave até a rodada final. Mas PC Gusmão preservava alguns poucos titulares, vale destacar.

O jogo teve onze jogadores de cada lado por 43 minutos. Neste período, diante de um adversário fechado, novamente o rubro-negro rodou a bola lateralmente até forçar um passe pelo meio ou fazer um cruzamento em condições desfavoráveis. Em tramas coletivas, chegou com perigo só uma vez, quando Pará, Mancuello e Guerrero combinaram até o peruano obrigar o goleiro Rafael Santos a ótima defesa.

As dificuldades recentes do Flamengo se repetiam. Mancuello custa a ser efetivo partindo do lado direito. E o time fica à espera de uma solução de Diego, o meia sempre confiável do time, ou de uma movimentação que surpreenda. Como a penetração de Trauco pelo centro.

Foi apenas dois minutos após a rigorosa expulsão de Alex Moraes que o Flamengo chegou ao primeiro gol, de Diego. O segundo, surgido do lançamento de Trauco, saiu dos pés da outra boa notícia do Flamengo em 2017: Guerrero tem ótimo índice goleador.

O outro jogo que se viu no Raulino de Oliveira, a partir dos 2 a 0 no placar, embora jogado diante de um adversário batido, permitiu a alguns jovens mostrar serviço e a Mancuello se exibir melhor como um meia mais central do que aberto. O primeiro a aproveitar a oportunidade foi Felipe Vizeu, que também retornou ao clube após a desastrosa campanha com a seleção sub-20, no Equador. Em arrancada pela esquerda, deu o terceiro gol a Mancuello. Depois, veio o lance primoroso de Paquetá, numa tarde que só não foi perfeita para os dois jovens porque Vizeu perdeu gol feito.

Fonte: Carlos Eduardo Mansur | O Globo

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  • Todo time de futebol tem dificuldades quando enfrenta um time retrancado, até marcar o primeiro gol. Depois que abriu a porteira a boiada passou.
    O maior exemplo é a seleção brasileira de 1958! Tinha Pelé, Garrincha, Didi, Vavá e Zagallo!!! Quando enfrentou o ferrolho do Pais de Gales, ganhou só de 1 a 0. Pelé e Garrincha juntos sofreram contra o “poderoso” retrancado Pais de Gales naquela copa!!!
    Retranca é complicada desde que o mundo é mundo.
    O que o Flamengo precisa nestes casos é treinar mais ou melhor as cobranças de escanteio. Como pode um time bater 17 escanteios e não ganhar uma única jogada de cabeça?!!! E bons cabeceadores nós temos, tanto que desde que Réver e Vaz começaram a jogar juntos raramente levamos gols de escanteio. Precisa melhorar a cobrança. Diego e Mancu tem talento para fazerem melhor do que estão fazendo nas cobranças.

    • Com o aproveitamento que tinha, o Rambo Pet teria feito uns 4 gols de escanteio e mais uns 4 de falta nesse jogo rsrsrs

  • Concordo com o texto. Mancuello é um segundo volante que joga como ponta. No esquema original que o Zé usa eu barraria o Arão e colocaria o Mancuello de segundo volante e o Berrio de ponta no lugar do Mancuello. Com esse ajuste para os próximos jogos creio que o Flamengo ganhe profundidade.

    • Concordo com vc, mas utilizaria o Berrio no lugar do Mancuello (com a mesma ideia). Pode fazer: 4231, com Everton, Diego e Berrio no meio. 442, com Berrio e Guerrero na frente, 4141, com Everton, Diego, Arão e Berrio no meio.
      Sem trocar peças. Treinando muito cada formação e as transições.

    • Tem que ver a capacidade de marcação do Mancuello se cresceu também como sua movimentação está bem melhor também nesse início de ano.
      Arão ainda acho que num meio de campo marca e rouba mais bolas que ele, e o Rômulo estou achando que não consegue passar de terceira enquanto os outros já passaram a quinta marcha…
      Saudações!

      • Contra times fechados, o Mancuello como 2o. volante seria mais interessante; já contra times equilibrados, eu iria de W. Arão; por fim, contra times agressivos, encaixaria o Cuellar ou Rômulo de 2o. volante e o M. Araújo como 1o. volante… &;-D

        • Boas Dinei…
          Pois é Dinei a dupla Réver/ Vaz adora o Massa, ano passado foi eficiente esse trio muitas vezes e em vários jogos…
          Quem sabe ???
          No mais gostei das opções.

          Grande abraço

  • Flamengo tem sim dificuldade, tem um jogadorzinho de meio que num ajuda em nada na criação, sempre está atrás da linha de ataque, e quando recebe a bola procura ainda mais recuar o jogo, o duble do araujo, só que em rotação mais lenta, e com cabelo a mais!

  • O Mansur tem razão na dificuldade de criação contra times fechados, e eu já falei aqui que isso se deve ao esquema. Como jogamos sempre no 4-2-3-1 com os pontas (Mancuello joga aberto pela direita fazendo essa função) voltando muito para marcar, temos muita dificuldade contra times que jogam no 4-4-2 com 3 volantes ou no 4-5-1, pois esses times destacam 3 jogadores de cada lado para marcar a triangulação entre o meia, o lateral e o ponta do Mengão em cada lado do campo…nesse sentido a melhor solução seria jogar num 4-4-2 com 2 atacantes de area, pois obrigaria o time adversario a segurar 3 homens na defesa sempre e abriria espaço para as chegadas pelo meio. Essa é uma critica que tenho ao trabalho do Zé, pois ele não acredita na mudança de esquema durante o jogo, só acredita na mudança de peças. Só para registro, o Vice vai jogar num 4-5-1 com o Thalles sozinho na frente, e vamos ter a mesma dificuldade, por outro lado quando os times nos atacam o time do Zé tem bastante chances, pois a transição ataque e defesa com os pontas e laterais é muito eficiente.

    • Isso é bem verdade. Boa observação.

  • Precisávamos enfrentar times mais fortes antes da estreia. Jogar contra os reservas do Grêmio e do Botafogo indicou que não estamos bem. O Carioquinha está iludindo. Nosso time continua cruzando demasiadamente na área e faltando aquela “alma rubro negra” que caracteriza nossos times campeões, mesmo não vendo ninguém fazendo corpo mole. San Lorenzo está próximo e vai ser um jogo muito difícil.

  • Ta de brincadeira né?

  • Excelente análise.

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