Já começa com o fato de ser um clássico da Taça Rio realizado em Brasília, nos lembrando não apenas que o Flamengo virou a Carmen Sandiego do futebol nacional, como também que a situação com o Maracanã está tão caótica, entre antiga licitação, nova licitação, venda de concessão, não venda de concessão, que, se no mês que vem revelarem que o estádio está sendo administrado pelo espírito do Mané Garrincha, nós vamos apenas dizer “bem, ok, né? Espero que ele dê conta”.
Depois vem a diferença na balanca. Enquanto para o Vasco essa era uma partida importante na classificação, já para o Flamengo, líder na pontuação geral do Carioca e já com vantagem nas semifinais, poderia ser mais interessante não vencer, para evitar o desgaste de uma fase final da Taça Rio em que ele teria pouco a ganhar e algo a perder. Nada melhor para a competitiidade de um campeonato do que “vencer não ser lá tão bom pra você”.
Aí vem a arbitragem, claro. Sou daqueles que sempre acham que, quando o torcedor fala que o juiz é ladrão, é mal intencionado, agiu de propósito, ele está dando muito crédito para o árbitro, porque está supondo que ele só erra quando quer, só inverte marcações quando tem um plano, só prejudica um time quando tem essa intenção. E Luis Antônio Silva dos Santos, o “Índio”, é um exemplo de juiz que erra de maneira extremamente democrática, falhando contra os dois lados, o tipo de cidadão que, se entrou em campo pensando em prejudicar alguém esse alguém, com certeza era o “espetáculo”.
Ao simular levar uma cabeçada de Luis Fabiano sem que existisse contato físico e ao, junto com seu bandeirinha, dar pênalti numa bola que bateu na barriga de Renê, Luis Antônio não quis prejudicar nenhum time, mas sim realizou seu trabalho, como quase sempre, com a baixa qualidade e a alta vontade de aparecer que lhe é peculiar. Eu sei que é sedutor dizer que o juiz é ladrão, bandido, comprado, mas, assim como o caixa do mercado que coloca a melancia em cima do saco de batatinha frita, o juiz brasileiro não é mal-intencionado, ele apenas tem uma mistura pesada de incompetência e vontade de chamar mais atenção do que a própria partida.
Sobre o futebol, praticamente um detalhe numa partida que ainda teve tempo para uma queda de energia elétrica, não existe muita coisa a se elogiar no Flamengo. Mais uma vez o time mostrou que, sem Diego, acaba praticando um futebol muito mais ofensivo ao torcedor do que à defesa adversária, com Mancuello atuando mal e Damião se movendo como se tivesse chegado ontem de outro planeta e ainda não tivesse se adaptado à atmosfera terrestre. A virada só começou após a expulsão de Luis Fabiano, sem a qual acredito que talvez o Flamengo tivesse dormido até o fim da partida.
No meio disso tudo Zé Ricardo ainda achou tempo para dar mais uma chance a Cirino, que aproveitou daquela maneira que apenas Cirino sabe: fez duas faltas, ambas gerando chances de gol para o Vasco, e ainda tomou um chapéu. Bom ver que esse tempo fora não mudou o futebol do nosso garoto.
Fonte: Nosso Flamengo | ESPN