A fase de grupos da Libertadores, que começa nesta terça, é só o primeiro passo da longa maratona que definirá o melhor do continente em 2017. Novidade da atual edição, o calendário estendido promete fazer muito mais do que simplesmente adiar a definição do campeão da América do Sul. Mais do que nunca, será preciso planejamento para levantar a taça.
A “Nova Libertadores” começou em 23 de janeiro, com duas disputas de mata-mata a mais que nos últimos anos, e vai até 29 de novembro. O calendário alterado implica em diversas mudanças. A maior delas é a adaptação à janela. Com o principal mercado europeu no meio do caminho, quem quiser vencer precisa se preparar para lidar com eventuais perdas no meio do ano, quando os gigantes do Velho Continente normalmente se voltam ao continente em busca de reforços.
Além disso, as disputas eliminatórias serão mais espaçadas. Cada time terá mais de um mês, por exemplo, entre as oitavas, as quartas e as semifinais. Por último, o novo formato fará a decisão da Libertadores coincidir com a reta final dos campeonatos nacionais. Para o representantes verde-amarelos, por exemplo, pode significar ter de se dividir entre o sonho continental e uma boa campanha no Brasileirão.
Diante de tudo isso, veja abaixo como cada um dos representantes brasileiros lidou com os desafios:
Palmeiras aposta em elenco numeroso
Campeão brasileiro, o Palmeiras passou longe da máxima de “não mexer em time que está ganhando”. Contratou Felipe Melo, Borja e Guerra, entre outros, mesmo tendo perdido apenas Gabriel Jesus entre seus titulares incontestáveis. “O aprendizado passa por 2016, que não foi nada prazeroso [eliminado na fase de grupos]. Estamos procurando uma, duas, três ‘pecinhas’ com perfil um pouco mais voltado para essa competição, que é nosso sonho nesse momento”, disse Alexandre Mattos ainda em dezembro.
As lesões de Moisés e Tchê Tchê, que logo de cara testaram Eduardo Baptista, são só um dos problemas. A preocupação era ter mais peças de reposição para sobreviver à janela europeia. A direção ainda se preocupou em estender o contrato de Dudu e adiar a cláusula de preferência do Barcelona sobre Yerry Mina, tudo tentando manter as principais estrelas para o ano todo.
Líder de seu grupo no Paulista, apesar de alguns percalços no começo da temporada, o Palmeiras é um dos favoritos ao título continental. A equipe alviverde estreia nesta quarta, às 21h45, contra o Atlético Tucumán, na Argentina. O Grupo 5 ainda tem os bolivianos do Jorge Wilstermann e os uruguaios do Peñarol.
Santos tem gasto recorde, mas não dá estrela a Dorival
Depois do vice no Brasileirão 2016, Dorival Júnior almejava ter uma estrela a mais no Santos. O técnico sonhou alto e falou em Schweinsteiger, Totti e Yaya Touré à direção. Os dirigentes não só ficaran longe de contratar os europeus como sequer entraram na briga por destaques mais “possíveis”. Enquanto Flamengo e Palmeiras dividiam os espólios do Atlético Nacional, o torcedor praiano teve de se contentar com Bruno Henrique, ex-Goiás, que chegou do Wolfsburg por R$ 14 milhões. Foi a contratação mais cara da era Modesto Roma.
“Se o Modesto pagou isso por mim, é porque ele confia no meu futebol. E ele optou certo”, disse Bruno Henrique em sua apresentação. Até agora, porém, nem ele nem os outros reforços, como Cleber e Leandro Donizete, deram resultado. Mais que a extensão da Libertadores, o Santos se preocupa com o presente. Dorival Junior está sob pressão e reclama que há interferência da política santista em seu trabalho. Há algumas semanas, o elenco irritou o presidente ao fazer greve de silêncio após discordar da demissão do então gerente de futebol Sérgio Dimas.
Com três derrotas e ameaçado no Paulista, o Santos precisa usar a Libertadores para reagir na temporada. A estreia será nesta quinta, às 21h45, contra os peruanos do Sporting Cristal. O Grupo 2 ainda tem Independiente Santa Fé e The Strongest.
Flamengo “se dosa” e guarda dinheiro para o meio do ano
Em 2016, a empolgação com o “cheirinho do hexa” deu lugar a um frustrante terceiro lugar no Brasileiro. A queda de rendimento do Flamengo fez o time dosar suas energias para 2017 em vários aspectos. Envolvido no Carioca e na Primeira Liga, Zé Ricardo tem poupado seu time constantemente para manter os principais titulares na ponta dos cascos.
“Desgaste? Tínhamos programado isso. Não temos prejuízo. Acredito que precisamos nos concentrar. A Libertadores não costuma dar chance para esse tipo de erro”, disse o técnico Zé Ricardo no último domingo, após a derrota na final da Taça Guanabara. A atuação da diretoria no mercado também foi neste sentido. O time investiu para trazer Conca, que só poderá jogar depois de se recuperar de uma lesão, contratou ainda nomes como Berrío e Romulo e fala em gastar mais dinheiro no meio do ano, caso veja necessidade.
A estreia será nesta quarta, às 21h45, contra o San Lorenzo, no retorno ao Maracanã. Cabeça de chave do “grupo da morte”, o Flamengo ainda enfrenta o Atlético-PR e a Universidad Católica do Chile.
Grêmio aposta em veteranos e sofre com lesões
Depois de sair de uma fila de 15 anos, o Grêmio apostou que faria bonito na Libertadores com a mesma base de 2016. Perdeu Wallace, mas apostou em Jailson. Em outras posições, trouxe veteranos como Cortez e Léo Moura para reforçar o elenco e não entrou na briga por quase nenhum dos principais nomes envolvidos em especulações. O problema é que uma lesão atrapalhou o plano de Renato Gaúcho.
A cirurgia no joelho esquerdo de Douglas fez o Grêmio mudar o perfil no mercado da bola com o ano já em andamento. “O fato é que a lesão do Douglas gerou desconfiança em caráter geral. E isso vai antecipar nosso calendário de contratações. Com a situação do Douglas, teremos de fazer nossas extravagâncias um pouco antes”, disse o presidente Romildo Bolzan. Chegaram Barrios, ex-Palmeiras, e Gaston “La Gata” Fernandez, mas nomes como Luan, Geromel e Maicon seguem sendo as maiores apostas da torcida.
O Grêmio estreia nesta quinta, às 19h30, contra o Zamora. Deportes Iquique e Guarani do Paraguai completam o Grupo 8.
Botafogo traz grande estrela e investe tudo nas fases iniciais
A recuperação em 2016 levou o Botafogo a uma inesperada Libertadores, mas o time precisava vencer dois mata-matas antes de entrar de fato na competição. Para vencer duelos duros contra Colo Colo e Olimpia, o clube fez um planejamento diferente dos rivais. Trabalhou duro no começo do ano para estar no ápice já em fevereiro e agora terá de lutar para não perder terreno fisicamente.
“Agora vamos ter tempo para fazer nossa pré-temporada”, definiu o técnico Jair Ventura ao ver seu time classificado para a fase de grupos. A eliminação precoce na Taça Guanabara e lesões importante como a de Montillo foram os efeitos colaterais do planejamento. Ainda assim, o Botafogo diz que pode seguir surpreendendo. “É fácil falar sentado no escritório, dizer que o time vai ficar fora. Por que, se tem as mesmas chances que os outros? Às vezes tem falta de respeito, é ruim”, disse Montillo, reclamando da desconfiança da imprensa.
O Botafogo é o único brasileiro que folga nesta primeira semana. A estreia será na terça que vem, dia 14, contra o Estudiantes. A equipe de Jair Ventura ainda encara os atuais campeões do Atlético Nacional e o Barcelona de Guayaquil.
Atlético-PR investe em rodagem e sonha com Mundial em dez anos
A aposta do Atlético-PR em 2017 é na experiência. O elenco que já tinha Paulo André, Thiago Heleno e outros veteranos ganhou a companhia de Grafite, Carlos Alberto e Eduardo da Silva, que tentam fazer o time de Paulo Autuori voltar a brilhar na competição continental. São os primeiros passos de um projeto ousado do clube, que fala em ser campeão mundial em até dez anos.
“Eu acho que é uma ambição boa, ter metas palpáveis para um período de 10 anos. Só ganha o campeonato aquele que tem uma repetição dentro da competição. O clube está no caminho correto”, disse Paulo André.
O Atlético-PR estreia já nesta terça, às 21h, contra a Universidad Católica do Chile. Depois, o time encara Flamengo e San Lorenzo pelo Grupo 4.
Chapecoense briga para não ficar com sobras após tragédia
A tragédia que matou 71 pessoas no fim do ano passado comprometeu inevitavelmente as pretensões esportivas da Chapecoense. Com Rui Costa, ex-Grêmio, no comando do departamento de futebol, e Wagner Mancini como técnico, a missão era reconstruir um elenco basicamente do zero. Neste cenário, o maior desafio foi conseguir, nos bastidores, mais do que só as “sobras” que os clubes grandes tinham para oferecer.
O time trouxe nomes como Wellington Paulista, Apodi, Reinaldo e o destaque Niltinho. A Chapecoense terminou o primeiro turno na segunda colocação do Catarinense e, naturalmente, não conseguiu repetir ainda as boas atuações de 2016.
A estreia na Libertadores será nesta terça, fora de casa, às 21h45, contra o Zulia. Depois, a Chapecoense pega o Lanús e o Nacional do Uruguai.
Fonte: UOL
Cheirinho de hexa????????? Essa UOL tá de sacanagem.