A Copa-2014 impulsionou uma onda de modernização e construções de estádios pelos quatro cantos do Brasil. Passados os grandes eventos e com a proliferação de elefantes brancos, quanto será que custa para os clubes o uso das principais arenas do país? A conta não é tão simples, mas a pergunta é respondida pelo LANCE!.
Com os números à mesa, definir o mais caro fica fácil.
– O mais complicado é o Maracanã. É o lugar mais caro. O resto é relativamente mais fácil. Tudo muito mais barato – afirmou Fred Luz, CEO do Flamengo, clube que, sem casa fixa no Rio por causa da interdição pré e pós-Copa e Olimpíada, precisou rodar pelo Brasil para garantir renda de bilheteria e jogar em estádios de grande porte.
O Maracanã alcançou patamar ainda mais alto com o pedido de R$ 1,35 milhão/jogo feito pela concessionária para abrigar jogos do Carioca-2017. O Fla, na Libertadores, ainda precisou arrumar a casa e gastou cerca de R$ 2 milhões. Mas antes da crise deste ano o preço já estava salgado. No Brasileiro-2016, o custo com operação e infraestrutura ficou em R$ 584 mil no jogo contra o Santos.
O que o Maracanã custa nem se compara ao que é cobrado em outras praças, mesmo em arenas usadas pela Copa. Em geral, os clubes precisam pagar cerca de R$ 200 mil, com algumas exceções. E isso tem ligação à lei da procura e da oferta.
– Os estádios estão parados, qualquer verba que entrar eles têm que abraçar. É uma economia que o governo vai fazer. Eles não podem nem querer aumentar muito – explicou o ex-atacante Roni, dono de uma empresa que costuma prestar serviço aos clubes quando jogam fora dos respectivos estados de origem.
O porte do jogo também faz diferença, inclusive nos estádios muito usados, como Arena Corinthians.
– Isso tem uma variação, depende de cada negociação comercial e os serviços que estarão inclusos – disse Lucio Blanco, diretor da Arena.
Para conseguir preços melhores, acordos a longo prazo se mostram soluções eficientes. Quem sabe isso não barateie o Maracanã também.
BATE-BOLA – RONI, EX-JOGADOR E EMPRESÁRIO
‘Com jogo bom, caro fica barato’
Qual o estádio mais caro para organizar um jogo?
Isso depende muito. Algumas arenas têm custo fixo. Outras cobram percentual da renda bruta. Quando o jogo é bom, o caro fica barato. É um custo variado. Umas arenas são mais complicadas de operar, como a Arena Pantanal, em Cuiabá. Estamos com dificuldade porque o estádio não estava em boas condições. Nas outras, não temos tantas dificuldades. Brasilia, por exemplo, começou cobrando 15%, mas tem melhorado.
Qual é a maior dificuldade nesse ramo de atuação?
A maior dificuldade é conseguir os jogos. Os clubes querem muita grana para fazer essa venda. Além da minha empresa, tem um pessoal em Cuiabá, outro em Brasília…
Qual o impacto do veto à venda de mando no Brasileirão?
Prestamos até um certo serviço para os torcedores que não estão acostumados a companhar o clube do coração. Infelizmente, no Brasileirão não vai ser possível. Vamos tentar outras competições.
MENU DE ESTÁDIOS
Arena da Amazônia
Em um Flu x Vasco de 2016, foi cobrado aluguel de 10% da receita bruta da partida (R$ 221,4 mil). Assim, não foi cobrada a despesa operacional.
Arena Pantanal
O aluguel do estádio em Cuiabá gira em torno de R$ 42 mil, o valor que foi cobrado na partida entre Luverdense x Corinthians, pela Copa do Brasil, que foi a última realizada no local.
Morumbi
O São Paulo cobra R$ 160 mil de aluguel por quatro horas de uso. O valor, entretanto, chega a R$ 320 mil por conta do tempo necessário para a realização de jogos de futebol (em média, 8h).
Arena Corinthians
O Corinthians cobra entre 10% e 15% da receita da bilheteria, ou uma garantia mínima dependendo do tamanho do evento. No Brasileiro-16, o item “despesas diversas” demandou R$ 236 mil.
Pacaembu
Valores dependem do horário. Para jogos diurnos, é cobrado o menor valor entre 12% da renda bruta e R$ 71,9 mil. À noite, o percentual da renda bruta sobe para 15% e o fixo para R$ 89,9 mil.
Arena Castelão
A administração cobra um valor simbólico de aluguel: R$ 6,5 mil por partida. Despesas operacionais giram em torno de R$ 30 mil, com variações eventuais.
Mané Garrincha
Governo do Distrito Federal cobra 15% da renda bruta da partida. Caso o clube ou a promotora do evento agende mais de 4 jogos, o percentual cai para 13%.
Arena das Dunas
No Flamengo x Fluminense de junho de 2016, a cobrança pelas despesas administrativas da Arena foi de R$ 142,6 mil. Mas para América-RN x Vitória elas ficaram em R$ 16 mil.
Fonte Nova
Com casa cheia, usando todos os setores (Bahia x Bragantino, pela Série B-16), o custo operacional foi R$ 188 mil. Mas jogos com porte menor demandam menos, registrando R$ 98 mil ou até R$ 56 mil.
Nilton Santos
O Botafogo cobra R$ 200 mil de aluguel para jogos grandes, com despesa operacional em R$ 100 mil. No Macaé x Vasco, houve um desconto: aluguel saiu a R$ 50 mil, mas a operação foi R$ 170 mil.
Maracanã
No último jogo oficial de 2016 no estádio (Flamengo x Santos), a soma entre custo de infraestrutura e operacional deu R$ 584,5 mil. Em 2017, o consórcio vê como ideal para receber os clássicos do Carioca o valor de R$ 1,35 milhão.
Mineirão
Gestora do estádio, a Minas Arena não cobra aluguel e os clubes pagam apenas os custos operacionais. Por ser parceiro do consórcio, o Cruzeiro paga 70% dos custos, enquanto que a Minas Arena arca com os 30% restantes. Para os outros clubes, o valor é negociado por jogo e depende da previsão de público variando entre R$ 190 mil (para 20 mil torcedores) a R$ 251 mil (para 60 mil pessoas).
que fique às moscas…