Quando chegou à Gávea, o mineiro de Três Corações Alex Roberto Santana Rafael já era Muralha. Mas ainda não era o “Muralha do Flamengo” e sim do Figueirense, clube de outro patamar. Seu primeiro passo para justificar o apelido foi dado em 5 de março de 2016, contra o Bangu, rival que reencontra nesta quarta, às 21h45 (de Brasília), em Volta Redonda. O goleiro pegou pênalti, e o Fla venceu por 3 a 1. Um ano depois (381 dias), sua vida mudou radicalmente, com direito à titularidade do gol rubro-negro e convocações de Tite.
– Aquele jogo foi um marco aqui no Flamengo, meu primeiro oficial. Ganhamos, defendi um pênalti. Saímos com a vitória de 3 a 1. Foi muito importante. Depois daquele jogo não tive oportunidade, só no Brasileiro, contra a Ponte. Fiquei feliz. Tinha uma responsabilidade grande. O Muralha do Figueirense jogar no Flamengo tem uma diferença grande. Trabalhava duro, como até hoje. Graças a Deus as coisas foram mudando e mudaram de patamar. Esse jogo traz boas lembranças – afirmou Muralha.
Herdeiro do grito que mistura um palavrão e melhor goleiro do Brasil, Muralha também já sofreu críticas por não ter defendido nenhum pênalti em sua primeira decisão pelo Flamengo, a da Taça Guanabara. Segundo ele, as tira de letra e promete evoluir na próxima, já que, mesmo aos 27 anos, estreou em disputas de penalidades como profissional.
– Essa foi a primeira. Já tive em base, mas foi a primeira. Sabemos que vai ter mais. Estamos a cada dia treinando mais, aprimorando mais e estudando os adversários. É importante receber críticas. Claro que goleiro tem de estar bem nos pênaltis. Às vezes você não pega nenhum pênalti, mas faz parte. Tem de dar o melhor.
O Flamengo se classifica às semifinais da Taça Rio já nesta quarta-feira caso vença o Bangu. Para o duelo, Zé Ricardo não terá os selecionáveis Trauco, Guerrero e Diego. Para suas respectivas vagas, escolheu Renê, Felipe Vizeu e Lucas Paquetá.
Confira abaixo a entrevista de Muralha na íntegra. O goleiro fala das diferenças entre Flamengo e Figueirense, seleção brasileira, expectativa por títulos e de Loco Abreu. (no pé da matéria confira a escalação rubro-negra e a ficha do jogo)
Evolução em um clube “diferente de tudo que viveu na vida”.
Jogar no Flamengo é uma coisa de dimensão muito grande e diferente de tudo o que eu já vivi na minha vida. Hoje estou mais maduro, com a cabeça melhor. Soube aprender nos momentos difíceis a aguentar a pressão, tive discernimento de sempre me manter bem, sempre em alto nível. Sei que goleiro é sempre mais cobrado, sempre vai ser. Temos de estar preparados para ser elogiados e para as críticas.
Após várias convocações, como foi ficar fora da Seleção?
É uma coisa de momento. O Ederson (do Benfica) estava numa Champions, querendo ou não com uma visibilidade muito grande. Foi bem. O Tite é um cara muito inteligente. Ele sempre fala para estarmos preparados porque vai estar de olho em todos. Meu trabalho vai continuar. Vamos sempre trabalhar e esperar mais oportunidades.
Mudança na vida desde a estreia
Mudou muita coisa, mas o Muralha continua a mesma pessoa. Não podemos mudar, sair das características e das raízes. Claro que temos assédio. Sabemos que às vezes somos espelho para muitas crianças. Às vezes é bom dar exemplo. Às vezes tem uma criança com o pai feliz só por estar te vendo. Sabemos que carregamos uma responsabilidade só por estarmos aqui no Flamengo. E sempre que der ajudar os fãs que sempre nos apoiam.
Você estreou num jogo considerado sem importância e em que o Fla só teve reservas. O que falar para companheiros que são escalados em partidas do mesmo estilo?
Como o próprio Zé fala, aqui no Flamengo não tem titular e reserva. Todo mundo tem de estar preparado. Estamos num ano de muitos campeonatos. Qualquer jogo pelo Flamengo, de Carioca, Libertadores ou amistoso temos de estar sempre focados para fazer o melhor.
Você enfrenta o Loco Abreu, famoso pelas cavadinhas. O estudou?
Ainda não joguei contra o Loco. A gente sempre estuda, vê a maneira como o jogador se comporta numa cobrança de pênalti. Na hora do jogo, o goleiro tem sempre aquele feeling de esperar ou não. É coisa de momento, tem de estar com a cabeça boa.
Acredita em títulos em 2017 diante do que o Fla vem jogando?
Acho que não podemos só imaginar, temos de sonhar. E é uma coisa concreta. Sabemos que temos condições de conquistar títulos pelo flamengo. Estou doido para ganhar um titulo pelo Flamengo. Deve ser uma coisa diferente de qualquer outro lugar que já vivi. Sabemos que a responsabilidade e cobrança são grandes, mas estamos tranquilos e focados e dando nosso melhor dia a dia.
Já presenciou festa de título do Flamengo na sua cidade (Três Corações-MG)?
Eu vi lá o ultimo titulo que o Flamengo teve do Brasileiro. Em todo lugar que você vai é casa com bandeira do Flamengo. O normal era ter camisa de Cruzeiro e Atlético, mas não tantas do Flamengo. E tinham. Depois que eu vim pro Flamengo é que fui ter noção.
Flamengo x Bangu
Taça Rio (3ª rodada)
Local: Estádio Raulino de Oliveira, Volta Redonda/RJ
Data e horário: quarta-feira (21/03/2017), 21h45 (horário de Brasília);
Escalação provável do Flamengo: Alex Muralha, Pará, Réver, Rafael Vaz e Renê; Márcio Araújo (Romulo), Willian Arão e Lucas Paquetá; Everton, Mancuello e Felipe Vizeu.
Desfalques do Fla: Guerrero, Trauco e Diego, convocados para as seleções peruana e brasileira respectivamente.
Arbitragem: Elton Azevedo, auxiliado por Luiz Antonio Muniz de Oliveira e Marcio Moreira de Queiroz.
Transmissão: TV Globo para RJ, ES, MG, DF, PB, PI, MA, PA, RN, SE, AM, RO, AC, RR, AP, TO; Premiere 2 e PFCI (com Julio Oliveira e André Loffredo); Rádio Globo e o Tempo Real do GloboEsporte.com.
Reprodução: Globo Esporte
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Primeiro e único pênalti defendido até hoje no Flamengo. Se quiser se manter em time grande, vai ter que melhorar muito esse fundamento, assim como a reposição e saída do gol.
Não é possível que algum goleiro ainda caia na pegadinha do Loco. Aquilo é mais velho do que andar pra frente