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Finais dos Estaduais demonstram: a zebra está em extinção no Brasil

Não está fácil ser pequeno no atual modelo do futebol brasileiro. Não que um dia tenha sido: o status quo da bola no País, estabelecido há mais de um século, nunca permitiu muita abertura para as chamadas “zebras”. Mas nem mesmo os Estaduais, recantos do futebol do interior, deixam espaços para que elas se criem. Em um quadro em que a maioria dos grandes clubes do Brasil reclama dos Estaduais e do calendário nacional, os clubes têm jogado por quatro meses para chegarem a praticamente às mesmas finais há 10 anos.

Com médias de público baixas e regulamentos com fases intermináveis, os Estaduais não atendem aos grandes e tampouco aos pequenos. Muitos ficam sem calendário a partir de agora, retomando as atividades apenas no próximo ano.

O UOL Esporte levantou o desempenho dos clubes nos 10 principais estaduais do País desde 2007, somando 10 temporadas concluídas e 11 com a que se define nos dois próximos finais de semana. Numa média, entre campeões e vices de SP, RJ, RS, MG, SC, PR, PE, BA, CE e GO, apenas 14,5% das vezes um pequeno chegou entre os dois primeiros – nem sempre os campeonatos se definem em final. Ser campeão então é ainda mais difícil: só 2,2% das competições acabaram com festa de um pequeno. Em 2017, serão três as “zebrinhas” a desafiarem esses índices.

ONDE A ZEBRA AINDA RESISTE

Campeonato Paulista
Em 2017: “zebrinha” aparece, final Corinthians x Ponte Preta

O campeonato mais rico, no estado mais rico do País, proporcionou que sete equipes menores chegassem à decisão nos últimos anos. Título, porém, só com o Ituano. São Caetano, Santo André, Audax e os rivais Guarani e Ponte Preta conseguiram se inserir no universo dos milionários Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos, sempre acabando com o vice-campeonato. Macaca e Bugre não são exatamente zebras, por história e desempenho – a final de 2017 é a quinta da Ponte, que disputa a Série A do Brasileiro. Mas diante do orçamento do quarteto acabam sendo rotulados assim. O Santos reinou no período, com seis títulos e três vices, ficando de fora da final pela primeira vez desde 2008. O Corinthians festejou em duas ocasiões e o Palmeiras, em uma. A decepção é o São Paulo, ausente de finais desde 2006.

Campeonato Gaúcho
Em 2017: zebra viva, final Internacional x Novo Hamburgo

O Rio Grande do Sul também oferece terreno fértil para a zebra, mas sem muita ousadia. Em seis ocasiões um time menor desafiou a hegemonia Gre-Nal e chegou à decisão, mas nenhum teve sucesso. Tradicionalmente a terceira força do estado, o Juventude tem três vice-campeonatos no período, o último no ano passado. Seu rival Caxias chegou à decisão uma vez, bem como o Lajeadense. Todos fracassaram na missão que em 2017 é do Novo Hamburgo: derrubar o Inter, atual hexacampeão. Nestes anos, o Colorado sobrou diante do Grêmio. Foram oito conquistas – com chance da nona – com dois títulos e três vices tricolores.

Campeonato Paranaense
Em 2017: sem zebras, final Coritiba x Atlético-PR

No Paraná, a zebra ainda mostra alguma força. Nas últimas 10 temporadas, foram cinco ocasiões em que um clube menor desafiou a hegemonia de Atlético-PR e Coritiba. É também o único estado em que dois clubes menores fizeram a final. Em 2014, Londrina e Maringá decidiram o título, com festa para o Tubarão. Paranavaí e Operário também levantaram taça, enquanto que o J. Malucelli foi vice uma vez. Muito se deve à estratégia do Atlético de usar times reservas na competição desde 2013. Também à queda de desempenho da terceira força local, o Paraná Clube, que tem apenas um vice-campeonato no período todo. Quem não deu mole foi o Coritiba, cinco vezes campeão, duas vezes vice e em uma nova decisão neste ano.

Campeonato Goiano
Em 2017: zebra caçada, final Goiás x Vila Nova

O maior clássico goiano vai definir o campeão da temporada. Existiu uma época em que o Vila, segundo maior campeão goiano, não chegava à decisão. Em 2005, bateu o Goiás e foi campeão pela 15ª vez. De lá para cá, o Tigrão foi ausente, e quem aproveitou foi o Dragão: foram quatro títulos do Atlético-GO no período. O Goiás, que tem 26 conquistas no geral, comemorou em cinco ocasiões. Poderiam ser seis, não fosse a ousadia do Itumbiara em 2008. Em outras três temporadas, a zebra desafiou o trio. Santa Helena, Aparecidense e Anápolis chegaram ao vice-campeonato.

ZEBRA EM EXTINÇÃO

Campeonato Cearense
Em 2017: “semi-zebra”, final Ceará x Ferroviário

Pela tradição, não se pode afirmar que o Ferroviário é zebra. Trata-se do terceiro maior campeão estadual, com nove títulos. Está mais para terceira força, como América-MG e Paraná Clube. Mas não aparece na final desde 2003, quando perdeu para o Fortaleza. No período estudado, Icasa (duas vezes), Guarani de Juazeiro, Guarani de Sobral e Uniclinic tentaram derrubar os grandes Ceará e Fortaleza. Mas não conseguiram. Os dois mais tradicionais clubes do estado se alternaram em conquistas, com o Fortaleza levando seis e o Ceará ficando com quatro.

Campeonato Baiano
Em 2017: zebra caçada, final Bahia x Vitória

Na Bahia, a “zebrinha” tem dificuldades de sobrevivência. A dupla Ba-Vi fez nada menos que nove das últimas 11 finais – incluindo 2017 – com placar de 6 a 3 para o Vitória. Quando desafiados, as zebras atendiam pelos nomes de… Bahia e Vitória. O Bahia de Feira surpreendeu o Vitória em 2011 e levantou o primeiro título do interior desde 2006, quando deu Colo-Colo. Já em 2015 o Vitória da Conquista esbarrou no Bahia e acabou vice-campeão. O Baianão tem sido ao longo dos anos um imenso Ba-Vi.

Campeonato Pernambucano
Em 2017: zebra solta, final Sport x Salgueiro

O Salgueiro é o clube que mantém o espírito da zebra vivo em Pernambuco. Pela segunda vez no período indicado – a segunda em três anos –, chega a decisão. Além dele, no já distante 2007, o Central acabou vice-campeão. Títulos, no entanto, nada. Só Sport e Santa Cruz festejaram, com quatro vice-campeonatos do Náutico, cinco títulos rubro-negros e outros cinco do Santinha. O Timbu não é campeão desde 2004. Um pequeno não vence desde 1944, com o América.

ZEBRA EXTINTA

Campeonato Mineiro
Em 2017 – Zebra morta, final Cruzeiro x Atlético-MG

Com a decadência do Ipatinga e a distância que se abriu da dupla para o América-MG, Cruzeiro e Atlético reinaram em Minas Gerais e vão fazer pela sétima vez em 10 anos o clássico na decisão. A Caldense bem que tentou em 2015, mas parou no Galo, dono de cinco taças no período. Já o Cruzeiro levantou quatro, todas contra o rival Atlético. O atual campeão América-MG não é exatamente uma zebra por conta de sua tradição, e, além do título de 2016, esteve na final em 2012. Título longe da capital Belo Horizonte, só em 2005, com o Ipatinga.

Campeonato Catarinense
Em 2017 – Zebra morta, final Chapecoense x Avaí

Ser zebra em Santa Catarina é praticamente impossível. Afinal, são cinco as equipes consideradas grandes em um universo de 10 times no campeonato. Figueirense, Avaí, Joinville, Criciúma e Chapecoense dominam totalmente o cenário. Eles têm 56 dos 92 títulos catarinenses disputados até hoje e estiveram em todas as decisões desde 2007. Avaí, Figueirense e Chape festejaram três vezes e o Criciúma, uma. O Joinville, outrora maior campeão, amargou quatro vice-campeonatos. A última vez em que alguém desafiou essa hegemonia foi em 1992, quando o Brusque bateu o Avaí na final.

Campeonato Carioca
Em 2017 – Zebra morta, final Flamengo x Fluminense

Foi preciso voltar até 1966 para achar uma “zebrinha” campeã no Rio de Janeiro: o Bangu, nos tempos áureos, foi o último a desafiar a força do quarteto. Nem mesmo os altos valores de cotas de TV pagos aos pequenos do Rio conseguem dar algum equilíbrio à competição. Desde 2006, quando o Madureira perdeu para o Botafogo, as finais têm Flamengo (cinco títulos), Botafogo (dois), Vasco (dois) e Fluminense (um) duelando entre si. Mesmo quando não houve final, como em 2013, foi um dos quatro que ficou com o vice-campeonato. Em 2017 o Cariocão escancarou sua vocação para clássicos: 13 até aqui, sem contar os dois Fla-Flus da finalíssima. Basicamente um quadrangular.

Fonte: Uol

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