O que vale em um jogo que não vale nada? A resposta está na ponta da língua quando se trata de Flamengo e Vasco, que se enfrentam hoje, às 18h30m, no Maracanã. O clássico ficou maior que os objetivos de ambos na semifinal da Taça Rio. Apesar de nove títulos do turno para cada lado na história, o que valoriza este terceiro encontro do ano é o que o resultado acarretará para cada clube. Além do local, claro. A última vez em que o clássico aconteceu no maior palco do futebol brasileiro foi em 27 de setembro de 2015, há quase dois anos. Depois disso foram cinco jogos, um em Volta Redonda, dois em Brasília, um em Manaus e outro em São Januário, onde o campeonato à parte é regra.
— Você sabe o que vale em um Flamengo e Vasco para mim. Vale até em cuspe em distância — resumiu o presidente Eurico Miranda.
Mandante do jogo e com vantagem do empate, o Vasco tem no clássico a chance de emplacar de vez o trabalho do técnico Milton Mendes. No Flamengo, Zé Ricardo conhece a pressão de perto pela primeira vez. Embora tenha a invencibilidade no Estadual, outro item a valorizar uma vitória na partida, ele se vê diante de críticas pelo desempenho da equipe. O clássico é também um aperitivo do que o time pode mostrar contra o Atlético-PR, pela Libertadores.
— No meio do ano completo 15 anos de clube, e passei por momentos de pressão mesmo na base. Isso te dá uma certa casca. Temos bônus e ônus — disse Zé Ricardo, que não concorda que o momento é ruim. — Em relação à pressão é absorver, ter equilíbrio, tudo na vida passa, nem acredito que passamos por um mau momento — minimizou o comandante rubro-negro, que deve promover a troca de Rafael Vaz por Donatti e escalar a força máxima para a partida, assim como o Vasco, que terá Muriqui na vaga de Luis Fabiano, suspenso.
Até em amistoso Flamengo e Vasco vale muito. Que o diga Vítor Gomes, herói na vitória por 3 a 2 contra o rival em 1996, em duelo entre as equipes em Manaus, jogo que Romário, machucado, não atuou pelo Vasco. No fim daquele ano, porém, o atacante de apenas 25 se aposentou por causa de uma lesão grave no joelho direito. Foi seu único Clássico dos Milhões, portanto. Hoje, aos 45 anos, Vítor é corretor de imóveis na cidade de Cabo Frio, e lembra como valeu o jogo no estádio Vivaldão.
— No profissional, foi o único Flamengo e Vasco. Valeu muito para mim. Depois daquele jogo, no fim do ano eu parei. Estava tendo seguidos derrames no joelho, peguei infecção hospitalar na cirurgia. Não conseguia continuar, a toda hora tomava infiltração — recorda, em um misto de lamento e satisfação por ter estado naquele jogo que, aparentemente, não valia nada.
Hoje, Vítor faz seus gols em peladas, que joga toda semana. O gol de falta marcado diante do Flamengo, contudo, ficou na memória mais de 20 anos depois. Assim como a festa da torcida que lotou o estádio amazonense, em um amistoso beneficente.
— A gente não esperava que teria tanta gente, parecia final de Copa do Mundo. Parecia que estava jogando no Rio, com metade de torcida para cada lado. O jogo foi quente. O Flamengo tinha um bom time, ficamos no mesmo hotel, teve refeição junto, e o ficou clima amistoso só antes do jogo — brinca Vítor, que voltava de contusão e queria mostrar serviço. O gol acabou rendendo visibilidade, mas a lesão o derrotou.
EM 1989, DOIS GOLS DE BUJICA
Herói improvável no clássico válido pelo Brasileiro em 1989, Bujica, então com 20 anos, se tornou conhecido da torcida do Flamengo pelos dois gols na partida. Era só mais um jogo que não valia título, mas era Flamengo e Vasco:
— Para aqueles que acham que esse jogo não vale nada, com certeza ele vale. É um campeonato à parte, sim. Para a carreira dos atletas que estiverem em campo vale muita coisa, marca, como marcou a minha carreira. Muita coisa aconteceu na minha vida por conta de dois gols que fiz em cima do Vasco. É diferente de jogar qualquer outra partida. É o melhor jogo a ser jogado — definiu Bujica, hoje membro da Secretaria de Esportes de Rio Branco, no Acre.
Vasco: Martín Silva, Gilberto, Rodrigo, Rafael Marques e Henrique; Jean, Douglas, Andrezinho e Nenê; Yago Pikachu e Muriqui.
Flamengo: Alex Muralha, Rodinei, Réver, Donatti e Trauco; Márcio Araújo, Willian Arão e Diego; Mancuello, Gabriel e Guerrero.
Fonte: O Globo
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Jogo-treino
Ronaldo e Cuellar, pelo bem de suas carreiras e pelo bem do futebol, têm que sair do Flamengo.