Vamos ser sinceros: que torcedor lembra de título estadual em dezembro? Só os que nada conseguiram no resto da temporada. Serve no máximo para tirar sarro do rival que nem isso comemorou no ano.
Mas e se ele ganha a Copa do Brasil e o seu é rebaixado no Brasileiro, como aconteceu com a dupla Gre-nal no ano passado? De que valeu o hexa colorado em 2016? Alguém lembrou?
”Ah, mas os estádios lotaram, a média de público subiu!” Ora bolas, se só existe esta competição no calendário do fim de semana, se os clubes mais estruturados e com estádios atraem seus torcedores pela fidelidade e alimentam a cultura da arquibancada, o fanático vai assistir a qualquer jogo.
Mesmo os inúteis, dentro de um calendário inchado. É por causa daquela partida contra um pequeno que seu time, se estiver bem na temporada, será prejudicado mais à frente pelas convocações da seleção brasileira. Porque terá que estar em campo numa data FIFA, quando todas as ligas organizadas param. Punido pela própria competência.
Também pagando pela estrutura federativa que alimentam. Estadual inchado porque os pequenos votam com a federação, que vota com a CBF e ninguém muda o futebol brasileiro. O campeonato não é atraente para o mundo, que não entende essa cultura provinciana.
”Ah, mas os pequenos precisam jogar”. Sim, mas o ano todo. Dentro de um calendário racional, sem esse ”mimo” de enfrentar os grandes mais do que em qualquer outro país. Agora em alguns torneios nem são mais dois confrontos, em turno e returno. Jogos com estádios vazios, na maior parte do tempo.
Que a maioria tenha agenda para a temporada inteira. Quatro divisões com vinte clubes, turno e returno, uma quinta regionalizada e que se tente algo mais na Copa do Brasil. Com apoio da milionária CBF, que precisa olhar ainda mais para os seus clubes e não priorizar tanto a seleção brasileira.
Vencer o clássico na final é delicioso, sim. Mas não se depois vem o gosto amargo de ver o time definhando na reta final da temporada com vinte jogos a mais que clubes de outros países. Podendo sofrer por isso na Libertadores ou na Sul-Americana, agora disputadas ao longo do ano.
Perdendo aquele clássico realmente importante numa reta final de Brasileiro porque ganhou lá atrás na disputa regional. Que peso isso terá no balanço final do ano?
Além da questão política, o Estadual sobrevive no Brasil por um único motivo: alimenta uma ilusão de grandeza. O clube afundado em administrações amadoras, que nada consegue a nível nacional e internacional, vai se escorando na conquista menos importante da temporada.
E, claro, também para ser visto com bons olhos pela entidade máxima do nosso futebol. As ovelhas mansas seguem se contentando com migalhas.
Se você é sócio-torcedor, cobre dos seus dirigentes uma visão a médio e longo prazo, não imediatista. E daí que a televisão paga bem pelo Estadual? Ela também é cúmplice da CBF neste crime com os clubes, porque quer jogo todo dia, já que é um dos poucos eventos transmitidos capazes de manter o espectador sem zapear por 90 minutos. Se o Brasileiro se valorizar como produto para o mundo, todos ganham.
Portanto, vale a comemoração dos que faturaram as taças, sim. Afinal, é o que se tem pra hoje. Mas não se deixe enganar pela ilusão do estadual.
Fonte: André Rocha | Uol
Excelente. Já estamos no meio do ano. Esses estaduais se arrastam até chegarem a fase decisiva e maquiar a imundície q foi as fases preliminares. Agora o calendário fica apertado, e compromete a qualidade do espetáculo. Vem aí uma sequência de jogos as quartas e domingo. Aí vem o cara é diz:”Os caras ganham milhões. Tem mais é q se fod@# fhMERMO. Se fosse eu jogaria todo dia”, esquecendo q estamos falando de esportes de alto rendimento, vide situação do Paolo Guerrero q ontem parecia estar com as pernas duras devido a sequência de jogos em q ele se destacou.
Bom, o certo é ter Brasileiro, CDB e Liberta. Estadual teria que acabar. Isso é o cenário que se quer, mas o que se tem é um calendário deficitário, sacrificante e isso vai prevalecer por muito tempo.
A primeira liga quando surgiu foi um sinal inicialmente de mudanças. A CBF fragilizada abriu margem para se criar uma liga forte e fazer pressão por mudanças. Hoje está enfraquecida e “desinteressante” os times escalam reservas incluindo o Flamengo. Na época do clube dos treze, foi a grande oportunidade de se criar uma liga nacional, mas em ambos os contextos a politicagem nos bastidores falou mais alto. Eis a questão. Não querem mudar, e toda tentativa vai esbarrar em interesses pessoais, institucionais e políticos. Por essas e outras o futebol brasileiro se torna pouco atrativo e só se salvam mesmo CBD, Brasileirão e Libertadores, que rendem ganhos financeiros reais.
É uma realidade triste, mas vai continuar em voga por muito tempo. Fazer o quê? Enquanto isso vamos curtir o estadual, que mal faz, né. SRN.