Mauro Cezar: “As taxas absurdas do Maracanã: na final, Fla e Flu ficaram com menos de um terço da renda”

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Está no borderô do Fla-Flu decisivo do Campeonato Carioca. Além dos 10% sobre a renda bruta, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, como sempre, cobrou, à parte, despesa operacional (R$ 20.000), que é o quadro móvel, a equipe, tabelada pelo conselho arbitral; e INSS sobre tal taxa (R$ 4.000), sendo que o valor é líquido e o mandante recolhe e paga o imposto de tal cifra.

A Ferj também abate da renda “material expediente” (R$ 20), que são os itens administrativos da mesma, como canetas e papel. Detalhe, a Federação Paulista, por exemplo, cobra 5%, metade do que a do Rio de Janeiro desconta. E lá estão inclusas despesas de quadro móvel e o chamado “material de expediente”.

O Consórcio Maracanã, hoje a Odebrecht, fica com uma grande fatia da arrecadação. Aluguel do estádio, no Fla-Flu R$ 627.386, equivalente a 20% sobre a renda bruta, menos os ingressos de cortesias. Contas de consumo (R$ 160.000), que representa o pagamento das medições de consumo de água, luz e gás no dia do jogo.

Apenas cinco itens cobrados custaram R$ 329.119,62 mais do que as quotas de Fla e Flu

A concessionária recebe valores líquidos sem prestação alguma de serviços, diferentemente do contrato anterior com o Flamengo. Todos os ítens listado no grupo abaixo eram de responsabilidade do Consórcio Maracanã, exceto os itens 21 e 22 do borderô, que somam R$ 44.000 como despesas dos dois clubes, pagos por quem detém o mando de campo no caso do campeonato carioca.

Para levar uma peleja ao New Maracanan, o mandante banca confecção vendas e pré-vendas: remuneração da ticketeira do jogo (R$ 92.863,10). Há ainda custo de infraestrutura (equipe de engenharia, manutenção, TI, geradores, seguro e outros, somando R$ 95.209,92), aluguel de grades (R$ 38.006), englobando aí gradeamento de bilheterias e acessos no período do início das vendas até a partida.

Na enorme lista se destaca o custo operacional (R$ 452.556,24), que envolve segurança, postos médicos, limpeza, brigadistas, orientadores, catraqueiros, aluguel de catracas e outros. Há ainda ingressos promocionais, as cortesias entram como receita pelo menor valor do setor para cálculo de impostos e depois saem como despesas, o que é someente um ajuste.

Corinthians x Ponte Preta, em Itaquera, aponta em seu borderô custo de R$ 986.419,96. Para comparar ao custo do Maracanã, seria preciso domar os 5% a mais que a Federação do Rio cobra, além de suas despesas; aluguel do estádio, contas de consumo e ingressos promocionais. Custos operacionais próximos, sendo que o Maracana recebeu quase 50% a mais de público.

Conclusão: o custo operacional do é alto, mas compatível com outros estádios novos. O que gera desequilíbrio em relação ao jogo do Corinthians, por exemplo, é a mordida da federação (seriam menos R$ 156.846,50 se ela cobrasse 5% como a Paulista) e despesas de aluguel/consumo/infra estrutura (R$ 882.595,92).

Tais taxas, mais os 5% a mais que a Federação do Rio de Janeiro abate em relaçao a de São Paulo seriam R$ 1.039.442,42 a mais para Flamengo e Fluminense dividirem no domingo da final. Ou seja, os dois clubes ficariam com R$ 2.083.479,46, 64% da renda bruta, cabendo R$ 1.041.739,73 para cada, ou R$ 519.721,16 a mais para Fla e para Flu.

Hoje os clubes são reféns dessa situação para jogar no Maracanã. Mas imagine um cotejo importante contra um time de fora do Rio de Janeiro, com renda líquida toda para o mandante. O clube carioca teria mais da metade da arrecadação bruta, sem ter que se preocupar com a manutenção do estádio. Negociando aqui, cortando custos ali, poderia ser mantido o patamar acima de 60%, ou seja mais de R$ 2 milhões de uma renda de R$ 3,242 milhões.

Hoje as taxas cobradas para jogar no Maracanã são absurdas, imorais.

Fonte: Mauro Cezar Pereira | ESPN

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  • Solução é o Flamengo ser ainda mais agressivo no desconto concedido ao Sócio Torcedor, e também vender ingresso em combo de jogos para ST pois diminuiria os custos na bilhetagem, pois este dinheiro estar diretamente nos cofres dos clubes independentemente da federação!!

    Ao invés do atual desconto 50% para ST poderia colocar para 75% no combo de jogos com mando do mengao, ainda mais agora no Brasileirão que temos a ilha, poderia vender antecipadamente os ingressos assim que a CBF determinar os dias dos jogos do primeiro turno!!
    SRN

  • Almir, mas este é justamente o ponto. O Fla quer participar da nova licitação para administrar o Maraca e, com isso, todas estas despesas de aluguel, manutenção, etc seriam diluidas ou algumas inexistentes, sobrando um ganho muito maior… Se o Maraca é do Fla (junto com outras empresas), nao teria que pagar aluguel, por exemplo e os custos de manutenção seriam menores. O que ficaria em discussao é o valor da outorga, que na licitação atual, se nao me engano, é de R$5 mi por ano… Com nova licitação, poderia ser diminuido, já que o escopo da licitação é diferente do que foi na época da Odebrescht – eram outros investimentos e que depois foram mudados, pelo Cabral, lembra? Enfim, o Maraca, com uma nova licitação e Fla no comando é sim, a melhor opção no curto prazo… SRN

    • Esqueci de comentar. Independente disso, os 10% da Ferj são sim imorais e ainda por cima, tem os ‘por fora’, como mostrado pelo Mauro… Um assalto! Uma vergonha!….

  • Imorais.

  • Enquanto nosso torcida ficar passivamente vendo isso, esses roubos vão continuar. Já passou da hora de fazermos protestos com milhares pessoas na Ferj, no Maracanã. Tem que colocar pressão nessa malandragem pra eles verem que estamos de olho e não vamos aceitar extorquirem o Flamengo.
    SRN

  • A Federação do Rio é a mais sanguessuga do Brasil. E os outros “coirmãos” não fazem nada, ou porque têm estádios próprios, ou porque tem acordos melhores com a concessionária, como o Fluminense.

    A pergunta que fica é por que ainda insistir nesse elefante branco chamado Maracanã?

    • Porque mesmo pra construir um estádio demoraria no mínimo 3 anos.

      Ter o Maracana não pode impedir de ter o estádio próprio.

      • Mais de 3 anos demoraram as licenças para a Arena Mc Fla, um ginasio para cerca de 3 mil torcedores…. imagine um estadio…

        • não tivemos apoio do Governo Estadual. Com o apoio do Municipal a coisa será mais rápida.

    • Almir,

      Entendo que o Flamengo deve ter feito um estudo onde conseguiria minorar todos os custos operacionais do Maracanã.

      A taxa da FERJ terá de ser combatida na justiça tal e qual o Flamengo já fez com sucesso em relação a outros assuntos.

      SRN

      • Beleza André?
        Não sei como o Fla poderia questionar isso na justiça, porque a Federação pode alegar que tudo é votado. O que ela não diz é que grande parte dos clubes come na mão dela, mas isso é difícil de provar.

        • Tudo tranquilo, Almir.
          Espero que por aí também,

          Será que seria possível o Flamengo pleitear junto ao jurídico da CBF o princípio da isonomia entre as taxas de todas as federações?

          SRN

    • planilha qualquer um faz e faz para se beneficiar, especialmente no caso do Maraca. Quando for nosso, o custo vai mudar radicalmente.

  • Por isso nos forçam a jogar ali, e é nesse quesito que muito estranha o Fluminense ainda apoiar uma outra empresa atravessadora assumir o estádio….

    • Concordo.

    • Manhaes.

      O Fluminense, salvo engano de minha parte, pegou um empréstimo junto à FERJ no final do mandato do Peter Siemsen que coincidiu (o coletivo de coincidência é premeditação) com a mudança de postura da diretoria.

      Agora vem meu questionamento:

      Será que a FERJ em seu balanço aponta os empréstimos feitos aos três médios do Rio e as condições dos mesmos? Será que cada um dos três médios publica em seus balanços os empréstimos que contraíram junto à FERJ?

      SRN

      • Eu sei disso, mas tudo que fazem é para o momento, e isso vai prejudicar o próprio Fluminense num futuro próximo….

        • Mas aí, Manhaes, eu estou que nem a filosofia do homem bomba:

          Quero mais que se explodam 😀

          SRN

      • Acho que publicam sim, o Flamengo também tinha empréstimo com a FERJ.

        • Henrique,
          Por um acaso você teria o link?
          SRN

          • Do Flamengo ? No balanço de 2015 constava débito com a Ferj , e com a Cbf também.

    • Fluminense tinha um contrato muito bom com a odebrecht, que seria mantido com essa nova empresa. Por isso o Fluminense não quer perder essa bocada, porque foi um erro primario da odebrecht. Praticamente todos os jogos, a odebrecht perdia dinheiro nos jogos do fluminense.

      • esse contrato já foi alterado e não será mais nos modelos tão favoráveis ao Fluminense, é questão de tempo que venha a dar prejuizo para o Flu também.

      • Não foi um erro ,é que na licitação era exigido que a concessionária tivesse contratado com 2 clubes , o interesse dela era ganhar em cima do Flamengo.

    • Fluminense buscava o interesse dele, o Flamengo busca o seu.

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