O empresário Ian França Fernandes responde a três processos cíveis na Justiça de São Paulo sob a acusação de enganar jovens com a promessa de colocá-los em times de futebol. Em uma das ações, o suposto agente teria prometido ao jovem Filipe Souto uma vaga no time principal do Flamengo para a disputa do Campeonato Carioca do ano passado.
Em outro processo que tramita na Justiça paulista, Ian foi condenado a pagar R$ 20 mil, mais correções para Francisco Araújo, que afirma ter pago por serviços não prestados pelo réu (leia mais abaixo do texto). A decisão é em 1ª instância e cabe recurso.
Os três processos contra o empresário e sua empresa (H9 Soccer) têm história parecida. Ian teria dito aos jovens que possuía boas relações com clubes do Brasil e exterior, e que conseguiria vagas para os atletas. Para que as transações com os times fossem realizadas, o réu pedia determinada quantia, que geralmente era paga em parcelas.
Promessa de defender o Flamengo
Ian é acusado de inventar uma vaga no elenco do Flamengo. Na ação, a defesa do requerente (Filipe Souto) informa que Ian teria prometido conseguir espaço no time rubro-negro, pois conhecia o então técnico do Fla, Muricy Ramalho.
O empresário é acusado judicialmente de pedir R$ 15 mil para “segurar a vaga” no Flamengo. O valor foi pago, segundo relata o processo, mas não houve a transferência. O time carioca, logicamente, não tinha qualquer relação com o suposto agente.
O requerente diz na ação que também recebeu do agente promessas de levá-lo para o Qatar e para o Cascavel, do Paraná. O suposto agente teria recebido por essas duas “transações”, que acabaram não ocorrendo.
“Essa pessoa que se dizia empresário viajava pelo país, dizia conhecer o Muricy Ramalho e falava que tinha contatos com grandes clubes. Ele agia de forma que pareciam ser verdadeiras as suas histórias”, comentou o advogado Bruno Aguiar Santos, que representa na Justiça os atletas Guilherme Marciano e Filipe Souto.
À Justiça, a família de Filipe Souto diz ter pago cerca de R$ 70 mil a empresa de Ian por “serviços jurídicos, de marketing e colocação em times de futebol”, que acabaram não ocorrendo. O valor dessa ação na Justiça é de R$ 126 mil.
A família de Guilherme Marciano, que também acionou o Tribunal, pede indenização de R$ 17 mil a título de reparação pelo defeito do serviço fornecido.
Jovem juntou dinheiro em pizzaria para pagar agente
Movido pelo desejo de se tornar jogador profissional, Francisco Araújo foi apresentado a Ian em 2016.
Então com 20 anos e com poucos recursos, Francisco diz que recebeu de Ian proposta de R$ 10 mil para entrar em um time profissional sem precisar passar por peneira.
Com esse valor, o jovem conseguiria uma vaga em uma equipe nacional. Francisco alegou que não tinha tal quantia. O acordo, segundo o jovem, foi fechado por R$ 6 mil.
Para levantar os R$ 6 mil, o jovem foi trabalhar em uma pizzaria. Na ação movida por Francisco, ele alega que depositou o dinheiro em duas parcelas na conta de Ian e Vanessa Ribeiro, que também é ré no processo.
Depois que depositou o valor, Francisco informa que Ian não atendeu mais às ligações.
“O Francisco veio a São Paulo com família humilde, no Ceará, e suou para conseguir pagar o valor combinado. Ele tinha sonho de ser jogador, mas foi enganado”, declarou a advogada Andreia Barbosa, que representa Francisco.
O UOL Esporte tentou localizar a H9 Soccer. A reportagem ligou para o telefone que consta no cadastro, mas foi informado de que não pertence mais à empresa, e ainda não obteve resposta via e-mail.
Fonte: Uol