Nessa semana o Lance! publicou uma extensa entrevista com o diretor da CBF, Rogério Caboclo. O que chamou muita minha atenção foi como as respostas mostram uma realidade que mais parece uma fantasia.
A CBF considera que o futebol brasileiro está maravilhoso. O que convenhamos é um completo absurdo.
Alguns exemplos: clubes com péssimas gestões, competições com baixo apelo, estádios vazios, arbitragens sofríveis, elefantes brancos, denúncias de corrupção, presidente da CBF que não viaja, violência das torcidas organizadas, são ótimos argumentos de como as coisas não são tão boas no mundo fora do escritório da CBF, na Barra da Tijuca.
E para piorar ainda o cartola deixa claro o interesse da entidade em sabotar o PROFUT, lei que tinha como grande função reorganizar a administração dos times brasileiros.
Com o argumento que possíveis punições esportivas por má administração poderiam prejudicar o bom andamento das competições, enterra qualquer possibilidade de punir clubes mal administrados.
Para o dirigente não interessa o que o clube faz fora de campo, isso não pode ser considerado na hora de decretar uma punição. Um argumento facilmente questionável.
Um clube de futebol não é um time de 25-30 jogadores. Um clube é uma organização que tem obrigações perante à sociedade. Deve sim ser enxergado dessa maneira.
A partir do momento que aja mal fora de campo, isso é mais do que suficiente para que o clube seja punido.
A obrigatoriedade de pagar salários em dia, bem como o recolhimento de impostos e contribuições sociais são obrigações dos clubes. Bem diferente do que pensa a CBF.
Lembrando que os grandes times brasileiros já receberam mais de R$ 700 milhões em receitas pela aprovação do PROFUT. Caso alterem o PROFUT vão devolver os valores recebidos?
Se o nosso mercado está absolutamente enfraquecido e nem de longe tem o poderio econômico que poderia é por culpa exatamente da falta de regulação e controle na gestão dos nossos clubes.
Já que não temos uma liga, a CBF é a única responsável pelo baixo nível da administração do nosso futebol.
Os clubes têm dívidas que somadas superam R$ 7 bilhões os déficits acumulados já ultrapassam R$ 3 bilhões. E mesmo assim a entidade máxima do futebol nacional fará de tudo para derrubar uma lei que tinha como objetivo regular a gestão dos clubes no longo prazo.
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Está claro que a falta de interesse da CBF é a prova que somente uma cisão com a entidade, com a criação de uma liga, poderia alterar esse cenário.
Na Europa as regras são para serem cumpridas
Bem diferente do que pensa a CBF, no futebol europeu as regras criadas como, por exemplo, o Licenciamento de clubes da UEFA e Fair Play Financeiro devem ser cumpridas.
Boa parte dessas regras inclusive lidam com questões extracampo como o não pagamento de salários, recolhimento de impostos, dívidas entre clubes e déficits.
Portanto o argumento da CBF, que questões extracampo não podem ser consideradas em punições esportivas é um completo absurdo.
Se for comprovada a má gestão de um clube, pode e deve sofrer consequências, como punições esportivas.
Vários clubes foram punidos por suas ligas ou pela UEFA, como por exemplo: Juventus, Olympique de Marseille, PSG, Manchester City, Estrela Vermelha, Besiktas, Galtasaray, Bursaspor, Partizan, Lokomotiv Moscow, Dynamo Moscow, Twente, etc.
Segundo a UEFA mais de 53 clubes foram punidos desde que a entidade instituiu o Licenciamento de clubes na temporada 2003-04.
Alemanha é um exemplo
O que no Brasil os clubes sonegaram ao longo de décadas de má gestão, equivale a um ano de recolhimento de impostos do futebol na Alemanha.
Os 36 times alemães pagaram na temporada 2015-16 um total de R$ 4 bilhões em impostos.
7×1 foi pouco!
Reprodução: Blog Marketing & Economia da Bola
CBF sendo CBF, nada de novo.
Sou favorável a uma legislação esportiva, onde as Federações ou Confederação sejam responsáveis por gerir as regras do esporte, e que entidades esportivas (clubes ou empresas) administrem as competições. Também acabaria com os tribunais esportivos, passando a responsabilidade para conselhos esportivos formado por ex-atletas, ex-árbitros e ex-dirigentes, eleitos para julgar indisciplina nas competições e o restante fosse tratado na área cível da justiça. E também acabar com dinheiro público nos esportes profissionais.
TEMOS QUE TROCAR O LEMA DA BANDEIRA NACIONAL PARA ROUBO E CORRUPÇÃO
Nossa, ótimo texto do Amir Somoggi, agora a pergunta que não quer calar é por que ela age assim? É claro, para manter a estrutura e lucrar , estratégia antiga muito usada na política, a miséria dá lucro, uma mão lava a outra para todas se manterem limpas; mas vai falar isso para o sujeito ignorante; quantos comentários será que teremos nessa matéria? Esse mesmo sujeito é aquele que só se identifica como brasileiro quando torce pela seleção da CBF; pobre coitado tal como na política ele mesmo fortalece os seus próprios carrascos, só para citar um efeito dessa zona, hoje o futebol Europeu já é uma realidade na TV aberta, o Barça e o Real são os preferidos da molecada, que gosta de ver os craques, os estádios cheios e bonitos e a organização, até quando iremos resistir, não sei, mas o fato é que as mudanças vão ocorrendo lentamente e quando nós percebemos a torcida dos clubes europeus será maior que de alguns clubes brasileiros.
SRN #VivaACBF
PERFEITO E EXATAMENTE ISSO. PARABÉNS PELO TEXTO
Aproveitando o texto para levantar uma outra bola:
A questão do Fair Play financeiro na Europa também deveria limitar de alguma forma a multa rescisória dos atletas de forma a não se criar uma impossibilidade de transferência.
Até onde eu li, se alguém puder complementar eu agradeço de antemão, o PSG, caso seguisse à risca o Fair Play Financeiro da UEFA, não teria condições de contratar o Neymar. Não por não ter o dinheiro, mas por não ter o faturamento necessário.
SRN