Injúria racial, confusão e portões fechados: Botafogo 0 x 0 Flamengo

Mais um clássico no Rio de Janeiro terminou de forma violenta. Depois das cenas lamentáveis presenciadas em Vasco 0 x 1 Flamengo, o confronto desta quarta-feira (16), pela Copa do Brasil, entre Botafogo e Flamengo, no Estádio Nilton Santos, também teve confusão, dentro e fora de campo, antes e depois da partida.

Antes da bola rolar, torcedores alvinegros começaram a atirar pedras no ônibus que levava a delegação rubro-negra. Os policiais tentaram conter a agressão, mas, a lataria do veículo foi atingida.

“Lamentável a forma como é fomentado um jogo de futebol, é só vocês observarem como o nosso ônibus ficou”, disse Rodrigo Caetano, em entrevista à Rádio Globo.

Cerca de 20 minutos antes de começar a peleja, programada para 21h45, um grande número de torcedores flamenguistas se aglomeraram em uma das entradas do Nilton Santos. O Grupamento Especial de Policiamento (Gepe) mandou fechar os portões depois que alguns tentaram pular as catracas. Também foi informado que vários estavam sem ingressos. A situação gerou revolta, principalmente naqueles que estavam com os bilhetes. Focos de briga entre rubro-negros e militares surgiram. Spray de pimenta e balas de borracha foram usados para conter a manifestação. Ao final do primeiro tempo, a Polícia Militar conseguiu liberar a entrada para aqueles que estavam com os bilhetes em mãos.

Mesmo com um clima tenso, a partida transcorreu em paz nas arquibancadas. Entretanto, foi só soar o apito do árbitro Anderson Daronco, que as confusões voltaram, e ainda pior.

Um grupo de botafoguenses começou a xingar a família do atacante Vinicius Júnior, que estava em um dos camarotes do estádio. Inclusive um deles foi preso por injúria racial. Em vídeos disponibilizados na internet (veja aqui), aparece um torcedor, branco, passando o dedo em cima da pele, ato que simboliza o racismo. O mesmo foi detido e encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).

Do lado de fora do Nilton Santos, mais confusão. Setores de organizadas entraram em conflito com os militares. Tudo começou quando um cavalo refugou e acertou um torcedor. Mais uma vez, os homens fardados dispersaram a multidão com balas de borracha e spray de pimenta. Quando tudo parecia calmo, dois ônibus avançaram para cima dos adeptos, e tudo recomeçou. O Gepe vai pedir a proibição da organizada alvinegra “Fúria Jovem” dos estádios.

Em entrevista ao portal Uol, o major do Grupamento, Sílvio Luís, as confusões estão relacionadas à venda de bebidas alcoólicas, retomadas nos estádios cariocas em 2015.

“O que me preocupa é o comportamento do torcedor. Observamos que desde 2015, quando foi liberada a venda de bebida alcoólica, a coisa piorou radicalmente. Não é uma questão do jogo Flamengo x Botafogo. O nível de enfrentamento do torcedor está atingindo coisas absurdas. Enfrentam a Polícia, um torcedor rival. Isso é o que nos preocupa”, destacou o policial.

O único ponto positivo do clássico é que não houve confusão entre torcidas rivais.

“É questão comportamental. Não tivemos brigas entre torcidas hoje [quarta-feira], mas episódios de confusão pelo comportamento. Isso é o que nos preocupa atualmente para os próximos jogos”, finalizou o major.

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