Entenda os motivos do Fla ficar com menos da metade da renda em jogo no Maraca

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Um dos grandes motivos do Flamengo erguer uma estrutura provisória na Ilha, para disputar partidas pelos próximos três anos, é o preço alto para mandar jogos no Maracanã.

Contra o Botafogo, em jogo no histórico estádio, fica bem exposto como é real esse motivo do Flamengo em praticamente deixar o Maracanã de lado. Dos quase R$ 3 milhões arrecadados, o rubro-negro ficou com apenas R$1.101.761,07.

Para saber o motivo dessa grande diferença, o globoesporte.com conversou com o Marcelo Frazão, diretor de novos negócios do Flamengo. Segundo o dirigente rubro-negro, apenas com públicos entre 30 e 35 mil pagantes fazem com que tenha equilíbrio financeiro.

– Essa conta (quantos pagantes no estádio para não ter prejuízo) não é tão simples . É muito mais relacionado a quanto de renda terá. Nesse nível de negociação do Maracanã, vai ter um ponto de equilíbrio de 30, 35 mil pagantes. Mais perto de 30, do que de 35 mil pagantes, mas depende de quanto a gente vai cobrar no jogo. É difícil cravar um valor. A maneira que o Flamengo tem essa negociação pontual com o Maracanã, acredito que de 30 a 35 mil pagantes.

Confira alguns pontos da entrevista:

1 – TAXA FERJ: R$ 145.385,25

É o valor que a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro cobra de todos os times mandantes veiculados a entidade. Na Copa do Brasil, o valor é de 5% sobre os ingressos.

2 – INSS 5% DECRETO: R$ 147.777,50

Diferente da Taxa Ferj porque ela leva em consideração os ingressos promocionais na conta do 5%. Portanto, o valor é um pouco maior.

8 – REEMBOLSO PASSAGEM ARBITRAGEM: R$ 12.074,64

Pagamento da passagem da arbitragem.

9 – DESPESA OPERACIONAL: R$ 20.000

Gasto para jogos no Maracanã definido pela Ferj.

14 – CREDENCIAMENTO: R$ 3.525

Valor definido pela Ferj e que costuma ser o mesmo para grandes jogos.

17 – CONFECÇÃO VENDA E PRÉ-VENDA DE INGRESOS: R$ 119.261,14

– Ela tem uma variação proporcional, basicamente, à renda. Essa linha não é o custo de confecção do ingresso físico. É basicamente quando você contrata uma empresa de venda de ingresso. Na negociação ela cobra diversos percentuais diferentes conforme o ingresso. Então, se ela vende para sócio-torcedor é um preço menor; se vende para o público geral, via internet, é um pouco maior; se vende o ingresso físico é ainda um pouco maior… e essas despesas incluem o sistema, todo o aparato de bilheteria para fazer a manutenção da operação do dia – contou Frazão

– Em nosso caso tem toda a equipe de bilheteiros que estão disponíveis para troca e venda no dia. Existem vários serviços que essa tiqueteira cobra por jogo. O valor varia conforme a renda. No Flamengo e Botafogo, que deu uma renda bruta de quase R$ 3 mi, esse valor chega a R$ 119 mil. Se pegar Flamengo e Vitória (na Ilha), que teve uma renda de R$ 1 mi, esse valor vai para R$ 50 mil. Não é exatamente proporcional, mas sim uma relação comercial.

– Das 20 linhas da coluna da esquerda, o que fica claro é que os gastos feitos pelo clube e não são pré-determinados, são os da linha 17. As outras linhas todas são necessárias. Para você colocar um jogo para funcionar vai ter sempre que arcar com essas despesas. Elas são todas relacionadas à administração do jogo.

21 – ALUGUEL DO ESTÁDIO: R$ 611.135

O acordo que o Flamengo tem com o Maracanã é de que esse valor seja 20% da renda bruta, sem contar os ingressos promocionais. Porém, o valor está R$ 21.594 acima do acordado, porque o clube teve que pagar por objetos danificados.

– Isso é quanto a gente paga à Odebrecht para jogar, sem nenhum serviço da concessionária na operação do jogo. E ainda tem o custo de consumo e de infra-estrutura – que são pagos à parte e retratados em outras partes do borderô.

22 – ALUGUEL DE GRADES VENDA E PRÉ-VENDA: R$ 38.006

– Isso é basicamente todo o valor gasto com grades para fazer aqueles currais que são feitos para ordenamento de fila e nos acessos. Quanto mais risco de segurança ao jogo, maior o gasto com grade. Isso porque alonga o perímetro de proteção, aumenta as filas e a ordenação de cada um dos acessos. Quanto mais setores você abre, mais gasta.

– Essa é a pergunta que todo mundo faz (se vale a pena comprar grade). Quando pagamos a empresa de gradeamento, estamos pagando transporte, todos os funcionários que montam as grades, manutenção, armazenamento… Existe, sim, uma análise de um projeto de investimento para que o Flamengo tenha isso comprado e administrado por uma equipe própria. Isso vai variar muito de como vai ser a nossa relação com o Maracanã. Não é tão previsível assim. Mas existe esse estudo para ver se o investimento vale à pena.

23 – CUSTO DE INFRA-ESTRUTURA DO ESTÁDIO: R$ 79.800

– É o que pagamos para uma equipe de engenharia ficar de plantão responsável não só pelo estádio, mas também por toda a preparação do estádio e seus sistemas eletrônicos. A gente paga o plantão de elevadores, dos telões, geradores que estão sendo colocados… Tem a equipe de Tecnologia da Informação, engenharia, elevadores, telões, temos também o seguro do estádio e algumas coisas de manutenção que nesse caso não foi necessário. Então, é tudo que gastamos que é relacionado à estrutura do estádio ou à equipe necessária para essa estrutura.

24 – CUSTO OPERACIONAL DO JOGO: R$ 366.573,48

– É uma série de outras despesas que são os prestadores de serviço necessários. O principal é a segurança. Depois tem limpeza e uma série de outras despesas: orientadores, equipe médica, ambulâncias, postos médicos, socorristas… mas as três principais são segurança, limpeza e serviços médicos. Se eu fechar um setor eu economizo com um monte de coisas. Vai depender muito da quantidade de público que você vai prever. Aqui temos algumas variações, mas isso é o custo. É o clube que paga, que escolhe os fornecedores e arca com esse valor.

25 – CONTAS DE CONSUMO: R$ 150.000

– Pagamos o consumo que vai medir de água, luz, gás… Basicamente é luz. Você tem uma previsão feita em borderô e essa conta é apresentada dias depois. Às vezes é maior ou menor, mas não costuma fugir muito disso. Essa conta é exatamente o valor que pagamos nesse período que o estádio está conosco.

26 – QUADRO MÓVEL CR FLAMENGO: R$ 29.485

– É o que contratamos, como em um evento. É a equipe que vai estar desde as catracas até a supervisão de serviços, seja do Flamengo ou contratadas pelo Flamengo. São equipes de supervisores de várias atividades. Tem uma pessoa de gratuidade, uma de credenciamento interno, uma disponível pela comunicação… é uma equipe gigante. Esse valor varia também em relação à demanda e ao tamanho do jogo, mas não foge muito de R$ 30 mil. É uma prerrogativa do Flamengo colocar isso no borderô. Não necessariamente vai encontrar isso em outros borderôs.

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  • O câncer que toma o dinheiro dos jogos do Flamengo se chama FERJ, essa federação filha da p*ta faz o que para ficar com 5 % do valor dos ingressos ? Isso é um absurdo, essas federações tem que acabar, ou no mínimo serem responsáveis e possibilitadas de cobrar o que quiser somente no Carioca. Sem falar do aluguel de 600 mil desse elefante branco chamado Maracanã, tá mais do que na hora de esquecer esse estádio e partir para a construção do estádio próprio.

  • “Segundo o dirigente rubro-negro, apenas com públicos entre 30 e 35 mil pagantes fazem com que tenha equilíbrio financeiro.” — Mais um motivo para apoiar a construção/reformulação de um estádio de até 30mil… &;-D

    • Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A conta do Maracanã tem equilibrio em 30 a 35 mil dependndo da precificação não significa que outros estádios (construidos pelo proprio clube) terão o mesmo ponto de equlibrio, o popular zero a zero, na mesma proporção. Por exemplo, o estádio do Palmeiras tem ponto de equilibrio por jogo com renda inferior a 500 mil reais, enquanto a Ilha tem ponto de equilibrio por volta de 500 mil reais, um estádio tem capacidade para 44 mil e o outro para 18 mil…cada negócio com sua particularidade e ponto de equilibrio. O ideal era construir um estádio para 80 mil, com setores dividido em 3 anéis e mais setores do que existe hoje, encareceria a construçõa mais traria mais resultado financeiro. Por exemplo, se houvesse um acesso unico e isolado para 4 mil cadeiras pro setor de visitantes isso permitira não perder venda de ingresso em bons jogos. Um estadio com 3 aneis, acessos separados e bem dividio em seus anéis permitiria crescer ou diminuir o estádio de acordo com cada jogo. Além disso deveria incorporar painéis de energia solar para gerar energia e revender a rede e aproveitamento de agua para banheiros e lavabos, estacionamento para mais de 15 mil carros…Tudo isso é factivel, e a engenharia é capaz de produzir um estádio nesse padrão, que seria um marco no futebol brasileiro. A pergunta é quando vamos fazer, porque o Maracanã nunca será um negócio no nivel das Arenas mais modernas.

      • O que quis dizer é que basicamente, um estádio menor para atender um público de pequeno/médio porte deveria ser construído pelo Flamengo, ao passo que o Maracanã deveria ser usado para os jogos de grande porte. Dimensionei pela quantidade da torcida (até 30mil e acima de 30mil), mas foi na base do “chutômetro”. Com mais calma, vou analisar os seus números… &;-D

        • Entendo sua questão, pois ainda acha que podemos pegar o Maracanã. Eu sou contra o Maraca, pois é um estádio com muitos problemas presos a ele, não pode fazer alteração sem falar com o Iphan (leva anos), tem o imbroglio das cadeiras cativas e perpetuas (que são de propriedades das pessoas e não do maracana), tem problemas com o custo operacional muito alto e etc. Acho que o ideal é buscar um projeto de estádio grande, com projeto que permita custos operacionais mais baixos, assim poderemos operar como o Palmeiras com custos operacionais menores que 500 mil por mês, gerando grande lucro em jogos de maior apelo.

  • Esqueçamos o Maracanã, chega de sermos roubados. Deixemos esse elefante branco se acabar com o tempo. Fiquemos com as memórias dos grandes feitos. Estádio próprio já!!!!

  • Custo do capeta! E não tem jeito, é isso mesmo. O Maracanã é um monstro que consome tudo a sua volta. Fora as malditas gratuidades que o falido governo carioca repassa para a iniciativa privada em forma de lei.

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