Estádio em dia de jogo do Flamengo já não é a mesma coisa há anos. Menos gente, menos barulho, menos festa. Um fator, aparentemente, não muda: o efeito que a torcida é capaz de causar. É claro que quanto maior a importância do jogo, mais gente, fé, força e energia ao Mengo. Em partidas menores há de haver menos fervor. Mas nossa gana é vencer todas, onde quer que estejamos. Em casa, no trabalho, na arquibancada, no leito do hospital. Acreditem: queremos a vitória sempre.
As oitavas de final da Copa Sul-Americana fizeram lembrar a fase de grupos da Libertadores. Um Flamengo apático fora de casa, alucinante no Rio de Janeiro. O time que aceitou perder e engoliu tranquilamente as derrotas para Universidad Católica, no Chile, e Atlético-PR, em Curitiba, não podia cogitar sair do Maracanã sem os 3 pontos. E não saía. Entrou voando em uma partida, tenso em outras duas. Se o futebol não dava liga, a Nação fazia dar. Cantava, incentivava, e botava na mente de cada um ali em campo que o Flamengo precisava vencer. Vencia.
Agora, contra a Chapecoense, foi o mesmo filme. Um espetáculo de passividade, no Sul do país; e uma imponência digna do Rubro e do Negro, na Ilha do Urubu. Vitória de um time que quis vencer.
Vale ponderar que as coisas poderiam ter sido bem mais difíceis. O jogo só não começou 0x2 por incompetência do adversário, quem sabe azar. Se dependesse do empenho de nossos atletas, o resultado da ida poderia ter sido até mais largo. Não foi, e partimos para os 90 minutos finais do zero, apenas com o empate ao lado deles.
Ao Flamengo, bastou jogar futebol. Bastou querer jogar um futebol vitorioso. E se alguém ali não estava afim, a torcida escancarou o equívoco rapidamente. Vaga assegurada nas quartas de final.
Falarão de arbitragem, à toa. O árbitro foi bem no primeiro gol; em momento algum deu a entender que a jogada seria interrompida pelo apito. Falha do auxiliar do lado de cá. O do lado de lá errou no 3 a 0: Guerrero estava impedido. Lance de gol vem mais facilmente à memória. Com imenso prazer, a torcida arco-íris não se lembrará do pênalti claro não marcado sobre Pará. Também não fará questão de recordar os dois cartões vermelhos economizados à Chapecoense. Ambos no primeiro tempo. O goleiro Jandrei era para ter sido expulso antes dos 15 minutos; Apodi teria de receber o segundo amarelo lá pelos quarenta e poucos.
Não tem problema. Quando não se contenta em perder, o Flamengo é difícil de ser batido. No onze contra onze; 4 a 0 Mengão. Um jogo que fez o flamenguista pensar em Zé Ricardo. Não só pela discrepância da postura do time dentro e fora de casa, mas pelos jogadores no gramado.
Melhor deles, o autor do primeiro gol: Cuéllar. Pouca chance tinha com Zé. Desarmes precisos, movimentação, nenhuma falta cometida. E o terceiro do Mengo, foi de quem? Juan. Craque de bola, rubro-negro de berço, 38 anos de idade. Não aguenta jogar quarta-domingo-quarta-domingo, mas, pela regularidade, caminha a passos largos para ser o melhor jogador do Flamengo em 2017. Também não tinha lá muitas oportunidades com Zé. O treinador preferia Márcio Araújo e Rômulo, no meio; Rafael Vaz, na zaga.
Uma pena isso depender mais da fase da lua que dele próprio, mas Berrío, quando joga bem, é outra coisa. Aliás, o Flamengo quando joga bem é outra coisa. Não vai ganhar sempre, mas a condição primordial para se jogar bem é não aceitar a derrota.
O Flamengo de hoje só absorve que a derrota não é aceitável quando se depara com olhos e pulmões de seu torcedor. Caiu da Libertadores vencendo todos os jogos no Maracanã, perdendo todos fora. Chegou à final da Copa do Brasil tomando sufoco do Atlético-GO, em Goiânia, e 4 gols do Santos, na Vila Belmiro. Decidirá o título longe de casa.
É hora de entender que a maioria dos que cantam no Maracanã, na Ilha do Urubu, não estará no Mineirão na semana que vem. Nem por isso, as almas deixarão de gritar, deixarão de torcer, deixarão de emanar as melhores forças do planeta para que o Flamengo volte de lá com a taça.
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Nós queremos vencer sempre. Quereremos, na próxima quarta-feira, como quisemos, na que passou. Ou melhor, quereremos mais. Quanto menor a distância ao grito de campeão, mais vale a vitória, mais devasta a derrota. Aumenta a pressão. Natural a um clube com a grandeza do Flamengo.
Vamos querer também ganhar no sábado, mas entendemos que esforços sejam poupados. Do jogo contra o Avaí não nos lembraremos, com detalhes, no futuro. Já a partida ante o Cruzeiro levaremos, para sempre, em nossos corações. Que seja para o bem.
Alguns de nós lá estarão para que, da boca de milhares, se ouça a voz de milhões. O Flamengo não é só do Rio não, o Flamengo é do mundo.
Joguem por nós. Torcemos por vocês.
Fonte: Blog Nosso Flamengo | ESPNFC
Perfeito texto! ???????????
assiimi como Cuellar, Rômulo nunca teve tantas oportunidades, sempre entrava no apagar das luzes, hoje esta totalmente fora de ritmo condições emocionais etc…pra mim o Rômulo poderia ter sido emprestado, e deixado o Ronaldo, mas….