Secretário responsável pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Luiz Celso Giacomini diz que exames feitos pela entidade irão abranger mais clubes de futebol. Ele elogia relação atual com a CBF após ‘entraves’ iniciais
Qual a avaliação do controle de doping no futebol e como está a relação com a CBF?
O trabalho é muito bem feito. A CBF tem muita experiência nessa área. Nosso sentido de colaboração tem sido de aproximação e aperfeiçoamento. Estamos com uma parceria boa. No início houve entraves, mas estamos colaborando, caminhando bem com a CBF. O trabalho é excelente. Acho que o futebol brasileiro está ganhando com isso. No futebol, 89% dos testes que fizemos foi em competição. Os outros 11% foram fora de competição. Atingimos 2.674 mil testes só no futebol em números computados até 22 de outubro.
Como vai ser o planejamento da realização de controle de doping no futebol em 2018?
Estamos elaborando o plano de testes no ano que vem de forma ainda mais inteligente, conforme prevê a Wada. Vamos usar outra metodologia. A ideia é fazer menos exames em cada clube e aumentar o número de clubes. Neste ano, fizemos cerca de 20, 22 em cada clube. Então vamos diminuir os exames, fazer um teste mais inteligente e aumentar o número de clubes.
Que tipo de critério vai ser aplicado na escolha dos jogadores que serão testados?
Característica dos jogadores, histórico dele. Todo esse procedimento. Vai ser estudado clube por clube e aí vamos fazer um teste. Neste ano, fizemos mais na Série A e alguns na B. A ideia é ter entre 10 e 14 testes por clube.
Qual o nível de preocupação com o trabalho da ABCD para 2018, levando em conta que ainda há um risco de no orçamento?
Posso garantir que estamos em um nível bom de orçamento para o ano que vem. O ministro Picciani fez toda a interlocução possível. Já está garantida a equiparação com o deste ano. Acho que não teremos problemas para manter o que temos e ampliar algumas situações.
Uma reclamação do pessoal do futebol para usar o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) é a questão dos preços. Como a ABCD vê esse ponto? Tem alguma ingerência sobre esses valores?
Cada exame do menu básico custa quase R$ 1 mil cada um. Já tivemos várias reuniões com o laboratório, especialmente antes, quando o Rogério era o secretário. Estamos com uma equipe lá pegando a composição de custos. Realmente o futebol deixou de fazer aqui porque era mais barato em Los Angeles. O custo que o LBCD tem é muito alto. Temos discutido essa composição de preços. Não é algo intencional para repassar dinheiro como subterfúgio. É o custo deles, não há como baixar. Possivelmente é porque os equipamentos do nosso laboratório são os mais modernos do mundo. Mas é uma preocupação que temos e nós vamos enfrentar essa situação.
Qual a importância de medidas educativas para evitar o uso de doping?
Em março, em Paris, em uma reunião da Unesco, da Wada, envolvendo todas as entidades nacionais que têm agência de dopagens, ficou determinado que o principal foco das agências nacionais antidopagem é a educação. Temos que trabalhar da criança ao adulto. A educação é importante dentro de um contexto todo. Temos que educar para não precisarmos punir.
E como envolver de forma mais direta os professores nisso?
Procuramos o Conselho Federal de Educação Física. Ele tem 480 mil associados e queremos atingir o professor de educação física. Estamos discutindo a possibilidade de um concurso nacional de redação com o título “Jogo Limpo no Esporte”, com prêmios para o aluno e para o professor. Queremos colocar em prática em 2018. Temos que colocar no currículo das escolas a noção do que é a dopagem e a utilização de produtos nocivos à saúde.
A punição por doping é pesada e, em caso de drogas sociais, não se vê uma preocupação com tratamento. O que o poder público pode fazer sobre isso?
Como estamos rigorosamente submetidos ao código antidopagem, temos que fazer o que a Wada diz sobre as punições. Esse problema de recuperação é um problema que o clube deve se preocupar, levar para uma instituição. O clube deve se preocupar com a questão social do atleta.
Fonte: De Prima/Lance