Transformação curiosa ocorreu depois do apito final do Mundial de Clubes em Abu Dhabi. Os mesmos que viam o Grêmio com condições de jogar de igual para igual e vencer o Real Madrid, que nas comparações posição por posição – algo cada vez mais sem sentido em um futebol cada vez mais coletivo – faziam projeções equilibradas (6×6, incluindo Renato Gaúcho melhor treinador que Zidane), de repente passaram a questionar o abismo de qualidade entre os clubes da Europa e os demais e sugerir até a mudança na fórmula de disputa da competição.
Entre os motivos apresentados, o mais presente é o poderio financeiro. Inegável, obviamente. Mas a própria temporada no Brasil mostrou que futebol não se faz só com dinheiro. Se fosse assim, Palmeiras ou Flamengo, que também disputaram a Libertadores, estaria no lugar do Grêmio. Nem é preciso apelar para a frieza dos números para provar a distância nos valores das receitas. E se colocarmos no bolo os demais clubes sul-americanos a vantagem é ainda maior. Mas só voltamos a vencer agora, depois de três anos sequer chegando à decisão.
Há muita competência na supremacia recente na Europa de Barcelona e Real Madrid. Passa por Messi e Cristiano Ronaldo, mas não só eles. São clubes que sabem vender sua marca para o mundo, construir uma identidade. A ponto de conquistar a preferência de jovens como Vinicius Júnior em detalhes como a força do time no videogame. Se outro time iguala a proposta, o menino prefere os gigantes espanhois.
Porque construíram times que estão entre os melhores da história dos clubes. Mas também já torraram muito dinheiro sem conseguir formar uma equipe competitiva. Basta lembrar o Real galáctico do início do século, ou mesmo o do primeiro ano da Era Cristiano Ronaldo, que não conseguiu superar as oitavas de final da Liga dos Campeões.
A resposta precisa vir no campo. Mesmo nesta fase gloriosa da dupla, em 2014 falharam na liga nacional e viram o Atlético de Madri campeão espanhol. Assim como o Bayern de Munique, soberano na Alemanha, viu o Borussia Dortmund de Jurgen Klopp ser bicampeão com orçamento bem inferior. Para não falar do Leicester City na Inglaterra no ano passado.
Por mais que o Grêmio tenha mostrado um futebol ofensivo e atual em 2017, ainda é um mero rascunho diante das equipes mais qualificadas do planeta. O Real, com a cabeça no Barcelona e freio de mão puxado, conseguia numa rápida ação de perder e pressionar retomar com facilidade. A circulação da bola é mais inteligente, fluida. Há mais leitura de jogo coletivo. Basta ver Modric em campo. A bola mal saiu de seus pés e o croata já se transforma em opção de passe no espaço certo.
Aqui a visão é ainda simplista: quem tem dinheiro compra os melhores e vence. Uma noção de futebol fragmentada e muito focada no individual. Só se falou na atuação ruim de Luan. Mas sua movimentação entre as linhas defensivas do adversário por aqui é mais facilmente bloqueada por quem está acostumado a enfrentar Messi, Neymar, De Bruyne e outros craques.
Por isso e tantos outros motivos o Kashima Antlers foi um adversário mais perigoso para o Real Madrid no ano passado. Vitória por 4 a 2, mas só na prorrogação. Arthur fez falta ao Grêmio, sim. Mas nunca saberemos se ele seria outro a sentir os efeitos deste abismo, ainda mais no setor de Casemiro, Modric, Kroos e Isco.
Nosso último título mundial veio pela feliz coincidência de termos o Corinthians de Tite, time mais sólido e organizado desta década, enfrentando o Chelsea que não era o melhor europeu nem quando venceu a Liga dos Campeões, estava em declínio sob o comando de Rafa Benítez e, ainda assim, fez do goleiro Cássio o melhor em campo. Méritos inegáveis dos brasileiros, mas o contexto há cinco anos ajudou.
Não adianta pregar ódio ao futebol moderno, ao menos dentro de campo. O esporte se transformou e não há como fugir. Precisamos evoluir na mentalidade, ter humildade. Não rir do nível técnico de outras ligas, especialmente a francesa, quando a nossa é desprezada pelo mundo. Por mais eurocentrista que seja o povo do Velho Continente, é ridículo que eles saibam tão pouco do Grêmio tricampeão sul-americano.
Que os clubes peitem a CBF, que só quer saber de vender a imagem da seleção brasileira. Que os profissionais se qualifiquem, aceitem que precisam aprender e não podem mais deixar tudo por conta do talento individual. Que os times criem uma identidade e a desenvolvam desde as divisões de base. Que tomemos decisões mais técnicas e menos políticas e manchadas por corrupção em todos os níveis. Mais meritocracia e menos grife na hora de contratar. E, principalmente, que deixemos esse mimimi ”ah, eles são ricos e nós os pobres neste mundo injusto e cruel!”
Ninguém vai revogar a Lei Bosman e dificilmente o real valerá mais que o euro ou o dólar. Ainda assim, podemos fazer melhor, sermos mais competitivos. Dar trabalho e não passar a vergonha de apenas uma finalização gremista na decisão do Mundial com o Real em ritmo de treino na maior parte do tempo. É muito pouco.
Não adianta encher a boca para falar dos cinco títulos em Copas do Mundo e esquecer que a grandeza do futebol de um país se mede pela força de seus clubes. A nós, jornalistas, cabe a tarefa de cobrar e conscientizar e não jogar para a galera um mundo fantasioso de ”eles não são isso tudo!” e ”isso aqui é Brasil!” É sedutor falar ou escrever o que o torcedor quer ouvir/ler, mas em nada contribui para o desenvolvimento do esporte.
Que o passeio do Real não seja minimizado pelo placar magro. O Grêmio teve dignidade, mas jogou mal. Porque o adversário é superior e não deixou, mas também porque as ideias para fazer melhor ainda são pobres. Não é só dinheiro, definitivamente. Só não vê quem não quer.
Reprodução: André Rocha / Uol
Esse mundial de clubes tem que acabar. Faz parece que mesmo uma equipe sendo campeã da América se perdeu o mundial “desvalorizar” o título da equipe esse torneio como muitas coisas da FIFA só tem política no meio.
Na minha opinião o real Madrid n mostrou tão interessado , reparem q nem qd o jogo acabou n teve aquela euforia como teria se fosse o grêmio o campeão ,o real Madrid brincou de jogar bola ,aí muitos falam há o grêmio foi gigante pq só perdeu de 1 à 0 , claro q o real Madrid n jogou todo seu futebol ,dava pra vê no semblante dos jogadores , pra eles eram como estivessem disputando um amistoso ,. muitos lances do real no Jogo se fosse numa liga dos campeões na aconteceriam como muitas vezes q chegaram na área e ficavam brincando de tocar bola teve lançamento q já mais o Marcelo Faria em uma Champions league.em fim o futebol brasileiro está muito atrasado em relação ao futebol europeu
Concordo. O Real Madrid perdeu um caminhão de gols! O Keylor Navas foi apenas um espectador. O “nível” de emoção após ganharem o jogo foi o mais engraçado! Sinceramente? Para os grandes da Europa, a Champions League é O CAMPEONATO. Logo abaixo, o Nacional de cada um. O resto….é resto! Ficou nítido que eles jogaram como se estivessem num amistoso de melhor nível. Aí agigantaram o Grêmio (que fez força danada e nem fez cosquinha) em razão do placar pobre da vitória do Real. Só pra rir mesmo. Tanto é que, se esse título de mundial de clubes fosse O TÍTULO, haveria desfile e festa maior do que quando conquistaram a duodécima orelhinha! E o que teve? Nada! Nem uma confraternização de final de ano ahahahahah
Pois é mano , esse campeonato n tem tanta importância pra um real Madrid ou Barcelona n,o q realmente importa para eles é a Champions ,nem euforia teve qd terminou o jogo ,em vez em qd os jogadores do real ficavam era rindo ,. agora se o grêmio tivesse ganho o jogo seria o grêmio acabou cm o planeta kkk imaginem se os peppas chegar ganhar um dia .a mídia brasileira ficam agigantado o grêmio por causa do placar magro ao invés d reconhecer q o nosso nível de futebol está muiiiiiiito abaixo dos europeus ,. mais isso vem da filosofia do nosso futebol q acha q fazer o feijão cm arroz tá bom ,vide o Corinthians q foi campeão fazendo o feijão cm arroz ,na sorte e falta de competência dos adversários .
Em 17 de dez de 2017 19:47, “Disqus” escreveu:
Gostei do texto e concordo que temos que melhorar muito, tanto a CBF quanto e principalmente os técnicos, o nível dos técnicos brasileiros é muito baixo, na Argentina tem vários bons técnicos que fazem boas campanhas com orçamentos bem mais baixos, sem contar os que estão na Europa. Vejo esses treinadores novos fazendo curso na CBF como se estivessem se qualificando, eu espero que estejam mesmo, acredito que estão quando é palestra do Tite, Carille, mas a CBF não tem muita moral pra fazer um curso de qualidade para treinadores. Além disso, o jogador brasileiro precisa ser mais disciplinado taticamente, o Kashima deu sufoco no Real ano passado porque é um time de japones, que apesar de não ter o talento do brasileiro, eles tem muita disciplina, se o técnico fala pra ele fazer tal função ele vai cumprir com certeza, aqui no Brasil depende do técnico ser bom comunicador pra ganhar o jogador, parece que o salário que é pago para ele exercer tal função não é o bastante para que cumpra oque for pedido.
Vice? Quero não
Uma razão fundamental para o baixo nível de futebol é o CALENDÁRIO no Brasil!!
Os times não tem tempo para treinar e se desenvolver.
Um ano tem 52 semanas.
Tira 4 semanas de férias = 48 semanas
Menos 3 semanas de pré-temporada = 45 semanas
O Flamengo jogou 84 vezes este ano. São 42 semanas jogando quarta e domingo!!!
Sobraram 3 semanas livres.
Essa discussão é ridícula. Claro que não é SÓ o dinheiro que faz um time ser campeão, nem só a estrutura, ou só a camisa, mas é fundamental.
Querem fazer pouco caso do dinheiro por puro despeito, mas se o Real Madrid não tivesse tanto dinheiro não era campeão todo ano.
Tem que ter muito dinheiro e contratações caras sim.