João Luis Jr.: “É pra isso que serve o Campeonato Carioca”

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Poucas analogias descrevem melhor o desafio que um campeonato estadual representa para um time grande do que a da “briga com um bêbado”. Afinal, se você vence não existem exatamente grandes razões para comemorar, já que você bateu em alguém que não estava em ótimas condições, sua vitória era basicamente uma obrigação, boa parte dos times pequenos no Brasil é realmente a versão esporte de um homem de meia idade que passou grande parte do dia bebendo conhaque debaixo do sol. Pou outro lado, se você perde, diante de um cenário tão claro de superioridade, tanto financeira quanto técnica, não se trata apenas de um percalço, mas sim de uma vergonha, cujas dimensões são mais ou menos as mesmas de uma derrota do Anderson Silva para aquele senhor conhecido apenas como “Xereréu”, que, quando você sai pro trabalho 8 da manhã, já está na porta do bar cantarolando Agepê.

Nisso reside muito do dilema dos principais times do Brasil no começo do ano e muitas das questões que envolvem a presença dos estaduais no calendário. Por mais tradicionais que sejam, por mais importantes que possam ser para os clubes do interior e para a manutenção das rivalidades regionais, pra que servem os campeonatos estaduais nos dias de hoje? Qual a utilidade de torneios arrastados e caóticos, contra times de baixa qualidade, em estádios vazios, com campos que só vão servir pra torcer o pé da sua contratação de 600 mil reais mensais antes mesmo que ele possa atuar na Libertadores?

E por mais que “mandar seu irmão mais novo bater nele” seja uma solução totalmente perturbadora para o dilema da briga de bêbado, é exatamente essa a melhor solução possível para a questão do Flamengo no Campeonato Carioca, e que ficou clara com a vitória por 2×0 diante do Volta Redonda, nessa noite de quarta-feira.

Gazeta Press

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 No lugar de um time principal sem ritmo, possivelmente não tão motivado e que teria a obrigação moral da vitória, pois se trataria de um dos elencos mais caros do Brasil contra um time que tem no elenco Vinícius Pacheco, Paulo César Carpegiani escalou uma equipe composta apenas por garotos – com a exceção do volante Jonas – que mostrou em campo não apenas ter vontade, como também qualidade e dedicação. Jogadores como Lucas Silva, Patrick, Ronaldo, Jean Lucas e Gabriel, aproveitaram a oportunidade para não apenas se apresentarem para a torcida rubro-negra como também, ao lado de outros garotos da base, formarem um Flamengo mais sólido e perigoso do que nossa equipe principal muitas vezes foi na temporada passada.

E em vez de uma partida pesada, em que a vitória não teria sabor e a derrota deixaria na boca um gosto amargo de conhaque barato bebido em rodoviária do interior enquanto espera um date do tinder, tivemos um jogo interessante, disputado, em que o treinador pode conhecer melhor o potencial de algumas revelações da base e a torcida teve a chance de ver em campo alguns dos jogadores que possivelmente oferecem soluções melhores para os problemas do time do que várias das contratações para compor elenco que a diretoria poderia fazer.

Então que esse Campeonato Carioca, que muitas vezes parece não servir pra nada, sirva pra isso. Pra dar chances para a base, pra revelar jogadores, pra que o Flamengo se lembre que por mais milionário que ele possa se tornar, sua grande riqueza continua sendo a molecada que cresceu respirando Flamengo, construiu sua história no clube e quer sim agarrar cada oportunidade. Porque em toda a briga, mesmo na mais constrangedora briga com bêbado, alguma lição a gente pode aprender. Mesmo que seja uma lição questionável sobre mandar seu irmão mais novo lá pra discutir com o Xereréu.

Reprodução: Blog Isso Aqui é Flamengo / ESPN

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  • Não existe uma torcida no mundo preze mais os jogadores da casa do que nós flamenguistas e estamos todos embasbacados com essa vitória sobre o Voltaço mas não podemos esquecer que temos um time titular que não é tão ruim assim e que vai render muito mais nas mãos de Paulo César Carpegiani do que rendeu nas mãos dos últimos treinadores.

  • E sem mesclar o time da base com o principal, acho que cada time tem que jogar com seus jogadores, pois um conhece o outro, por enquanto nada de misturar time.

  • Perfeito, melhor pro fla é jogar o carioca quase todo com a base é focar na libertadores

    • A exceção é na posição de goleiro! Acho válido dar uma sequência ao César, já que talvez o mesmo tenha que iniciar a Libertadores, caso o Diego Alves ainda não tenha se recuperado!

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