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Arthur Muhlenberg: “Conquistas, milícias e intervenções”

Claro que todos os torcedores do Flamengo ficaram satisfeitos com a conquista da sua 21ª Taça Guanabara. Se não pela discutível utilidade do eletrodoméstico, pelo menos por ter sido o primeiro troféu (não confundir com título, que é outra coisa) da carreira de Vinicius Jr como profissional. Antigamente as Taças Guanabara serviam para que o time que as conquistasse pudesse fazer um 2º Turno do Carioca mais tranquilo e sem pressão, já garantido na final do estadual. Hoje é diferente e a TGzinha é só festa e aquele canhão de papel picado, não garante nem mesmo alguma vantagem nas finais. Ainda assim é melhor vence-la do que a perder e, desde que mantida a compostura, é justo comemora-la. Foi emocionante, ao fim do jogo bebi até outro copo d’água. Parabéns aos envolvidos.

Quem também está de parabéns é o Boavista, que deu uma aula aos chamados grandes do estado ao disputar a Taça Guanabara com seriedade e perde-la com dignidade, sem se apequenar. Em trajetória contrária as de Vasco, Fluminense e Botafogo, o Boavista saiu do 1ºturno do campeonato maior do que entrou. E se os grandes continuarem a dar mole não será nenhuma surpresa se o Boavista terminar o estadual na frente deles todos.

É muito comum se dizer que o Carioca serve como um balão de ensaio para a Libertadores, mas pelos jogos que assisti vejo pouca conexão entre as duas competições. São planetas muito diferentes e apesar da conquista da Taça Guanabara e da manutenção de uma invencibilidade nada nos garante que esse ano nos sairemos melhor sob a atmosfera rarefeita da competição continental. O Flamengo, salvo o sopro renovador trazido pela molecada que subiu pro profissional, ainda tem muito o que provar.

A defesa, sem goleiro titular, ainda não foi devidamente testada, no meio de campo ainda se busca a formação ideal e tirando Paquetá, ninguém mostrou aquele futebol que garante titularidade. Para Carpegiani nem mesmo Vinicius Jr tem presença garantida entre os 11 que iniciarão a partida contra o River Plate. Ou seja, como teste o Carioca ainda não disse ao que veio. Mas já desisti de entender, só observo e espero a Liberta começar.

Como também não entendo porque a torcida do Flamengo nas redes sociais está sempre caçando alguém pra pregar na cruz. A gritaria e as reclamações constantes podem ser apenas monótonas e repetitivas, mas os linchamentos virtuais são covardes e desprovidos daquele bom humor que ainda caracteriza o torcedor do Flamengo. Bandeira, Rodrigo Caetano, Fred Luz, Victor Hugo, Muralha, Marcio Araújo, Gabriel e Rafael Vaz, entre outros, já passaram por esse corredor polonês. E só saíram da linha de tiro quando vazaram do Flamengo ou apareceu outro alvo no horizonte.

Na semana passada a bola da vez foi o Juninho, que é só mais um comentarista sem muito brilho que demonstra má vontade e implicância com o Flamengo. E que recebeu da maior torcida virtual do país uma atenção que não condiz em absoluto com sua relevância no cenário do futebol mundial. Mas encheram tanto o saco do cara que ele pipocou de comentar a final da Taça Guanabara. Não sem antes perder a compostura ao trocar amabilidades publicamente com alguns justiceiros. É ponto! Só não sei pra quem.

Talvez um sociólogo tenha capacidade intelectual para explicar em termos científicos porque a rapaziada do MBL rubro-negro tem essa necessidade incrível de criar monstros e inimigos que devem ser eliminados. Eu não tenho e minha explicação é bem pedestre, acho que é tudo falta de roupa no tanque e uma enorme carência por atenção. O torcedor da antiga já ficava amarradão em fazer parte do espetáculo como espectador, o torcedor de hoje exige mais e busca o protagonismo, nem que seja liderando ou fazendo parte de uma milícia digital dedicada a cuidar da vida alheia e a destruir carreiras e reputações.

Se uma das características dos tempos modernos é a valorização da celebridade, a outra é a quase criminalização do anonimato. Ninguém quer ser só mais um no meio da massa. Mas quem sou eu, outro zé ninguém atrás de cliques, pra julgar?

Mengão Sempre

República Paz e Amor 

Coluna do Flamengo

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