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GE: “O filme que deu origem à série: conheça os bastidores do choro alvinegro, em 2008”

Às vésperas dos Jogos Pan-Americanos, o treinador Bernardinho decidiu cortar Ricardinho, então capitão da seleção masculina de vôlei. Em meio à crise, todos os atletas deram uma entrevista coletiva para falar sobre o assunto. A atitude do grupo, naquele 16 de agosto de 2007, chamou a atenção do técnico Cuca, do Botafogo:

Achei muito legal. Gostaria de fazer isso aqui um dia – disse ele, depois de um treino em General Severiano.

Seis meses depois, estava feito. Indignados com a atuação do árbitro Marcelo de Lima Henrique na derrota por 2 a 1 para o Flamengo na final da Taça Guanabara, os jogadores do Botafogo foram à sala de imprensa do Maracanã para desabafar. Alguns deles, chorando. E não só os atletas. Também estavam Cuca e o então presidente alvinegro, Bebeto de Freitas.

O episódio ocorrido em 24 de fevereiro de 2008 deu origem a uma série de intrigas, rivalidades e provocações que 10 anos depois foi reavivada pelo gesto de Vinicius Junior ao comemorar um gol no clássico entre os dois times.

O GloboEsporte.com conversou com jogadores, dirigentes, integrantes da comissão técnica e membros do staff do Botafogo da época para reconstituir e entender como o episódio ocorreu.

Engasgado

Era a final do primeiro turno do Campeonato Carioca, mas o Botafogo encarava aquele jogo como uma espécie de revanche. Afinal, o Alvinegro perdeu o estadual de 2007 para o Flamengo nos pênaltis reclamando muito da arbitragem. Dodô marcou um gol legítimo, mas anulado por impedimento. No lance, o atacante recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso.

A final de 2008

Com uma equipe formada pela base que perdeu a final do ano anterior, o Botafogo tinha novamente o Flamengo pela frente, agora valendo o primeiro turno e uma vaga na decisão do Carioca. E os dias que antecederam o clássico foram de enorme carga emocional.

Nos dias de preparação para o jogo falamos muito sobre a final de 2007 e sobre arbitragem. Sabíamos que deveríamos fazer em campo o máximo para evitar problemas nesse sentido. Mas faltou equilíbrio emocional ao time – reconhece um jogador.

A confusão começou quando, no segundo tempo, o árbitro Marcelo de Lima Henrique marcou pênalti do argentino Ferrero em Fábio Luciano. Naquele momento o Botafogo vencia por 1 a 0, e Ibson empatou.

O gol rubro-negro deu início a uma confusão entre o atacante Souza e o goleiro Castillo que logo envolveu todos os atletas. Souza e o alvinegro Zé Carlos foram expulsos. Zé Carlos deixou o campo chorando, e o volante Túlio, indignado, pediu para ser substituído. Foi demovido da ideia pelos companheiros de time.

Não esqueço a maneira como o árbitro tratava o nosso time. Se pudesse, nem tocava mais nesse assunto. Ainda hoje fico revoltado – diz Túlio, que hoje é gestor de futebol do Goiás.

Lucio Flavio recebeu dois cartões amarelos e foi expulso no segundo tempo. Nos acréscimos, Diego Tardelli fez o gol da virada do Flamengo. No último lance da partida, o Botafogo ainda acertou a trave.

O vestiário

Reunidos no vestiário do Maracanã, jogadores, comissão técnica e diretoria se queixavam da arbitragem. Chegava o momento das entrevistas sobre o que havia ocorrido na partida. Mas a maioria dos jornalistas estava na sala de imprensa do Flamengo, que comemorava o título.

Estão todos lá (nas entrevistas do Flamengo), tá vendo? Ninguém quer ouvir o que a gente quer dizer. Ninguém fala nada, então – chegaram a dizer alguns jogadores.

Mas logo começou o debate: além de Cuca, quem falaria com os jornalistas?

Vamos falar pra quê? Ninguém quer saber. São sempre os mesmos que dão as entrevistas – disse um atleta.

Cuca incentivou, e os líderes do elenco se mobilizaram:

Se é pra ir um ou outro, então vamos todo mundo.

No entanto, o movimento do grupo não foi unanimidade:

Quando entrei no vestiário, já estava tudo armado. Fiquei puto, mas não tinha mais o que fazer – disse um integrante da diretoria da época.

A coletiva

Estavam todos na sala de imprensa diante dos jornalistas. O volante Diguinho, o meia Zé Carlos e os atacantes Wellington Paulista e Fábio, entre outros, choravam. Algumas declarações foram marcantes e deram o tom da dramaticidade com que o Botafogo encarava aquele momento.

Cuca: “Me desculpa muito, mas esses aqui são os campeões cariocas.”

Túlio: “Se eu fosse torcedor do Botafogo, no Campeonato Carioca eu nunca mais pisava no Maracanã pra assistir a um jogo.”

Bebeto de Freitas: “Hoje é meu último dia como presidente do Botafogo.”

O que os jogadores pensam hoje:

Agora, 10 anos depois, pensando friamente, não foi válido fazermos aquilo por tudo o que veio a acontecer na sequência. Mas naquela hora, com os nervos à flor da pele, fizemos o que achamos melhor para demonstrar nossa insatisfação – lembra hoje Lucio Flavio.

A gente se arrepende, sim, quando as coisas se tornaram complicadas nesse sentido, né? No campo às vezes parece que o juiz atrapalha o trabalho do jogador. Foi a primeira final com o Flamengo que a gente perdeu. Eu machuquei e não consegui jogar. Foi um momento um pouco ruim porque a gente teve que se defender praticamente como um… Como se fala? Um delinquente, um safado. Mas foi mais circo do que outra coisa. O time inteiro estava muito decepcionado, mas isso já é passado – analisou Castillo, ao ser perguntado sobre o tema.

Os dias seguintes

Para o Botafogo, restava tentar superar o que havia ocorrido e direcionar suas forças para a Copa do Brasil. A estreia ocorreu três dias depois, no Acre, com vitória por 3 a 1 sobre o Rio Branco. Mas naquela quarta-feira o Flamengo não deixaria seu rival esquecer.

Num camarote da Arena da Floresta, dirigentes e integrantes da comissão técnica assistiram por uma televisão os gols da vitória do Flamengo sobre o Cienciano, pela Libertadores. No Maracanã, o atacante Souza criava o gesto que naquele momento indignou a delegação alvinegra, mesmo a três mil quilômetros de distância. Dez anos depois, os capítulos desta série de rivalidade ainda são escritos.

Reprodução: Globo Esporte

- Coluna do Fla -

Ver comentários

  • E ninguém cala esse chororô....
    Chora o time inteiro, chora o presidente, chora o torcedor....
    "Chora não bebê"......

  • Poxa enfim uma coluna com teor jornalístico
    Bela matéria amigo

  • KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

  • SE FORMOS CAMPEÕES, TEM QUE O TIME TODO FAZER O CHORORÔ. AGORA VAI FICAR MAIS GOSTOSO. ELES PEDIRAM ISSO. PACIÊNCIA.

  • Ótima idéia.
    Titulares, reservas, e comissão, inclusive o Carpa fazendo o CHORORÔ, seria uma beleza.

    • Para com isso...

      Deixa essa zoa pra torcida, já foi ridículo os integrantes do foguinho participarem coletivamente desse mico durante esses últimos 10 anos.

      Temos que nos preocupar com clubes de ponta.

      • Botafogo, Vasco e Flores não são mais adversários/rivais do Fla. E em breve estarão no mesmo patamar de América, Bangu e etc. Olhemos pra frente, e nos coloquemos em outro patamar. SRN

  • A gozação, brincadeira sempre fez parte do Futebol. Infelizmente alguns ultrapassam os limites!
    Mas querer colocar um garoto de 17 anos que na época tinha 6 ou 7 anos! Como se fosse o responsável por toda insatisfação Botafoguense é sacanagem!
    Afinal de conta foi um golaço!

  • Linda matéria, muito bem construída, óbvio que não é de nenhum colunista daqui.

  • Pessoal,

    Quem puder ver os vídeos na matéria original do GE - primeiro o da coletiva do Cuca e depois o compacto com os melhores momentos do jogo -, anote as reclamações feitas pelo Cuca e olhe depois os lances.

    SRN

  • SRN! Espero mais um título de TGB pra dar confiança e tranquilidade pro jogo do dia 28 q é verdadeiramente a primeira final de 2018! Qt ao chororô acho importante essa rivalidade afinal disso é a magica do futebol! Ano passado disse um amigo q o Flamengo pra ser grande e forte, a primeira coisa q precisamos fazer é comer as galinhas de casa (Flor, Choro e Vice) pra depois comer as dos vizinhos! Precisamos sim dominar no cenário regional, dar show, golear, pra qd encararmos os adversários de outros centros, os mesmos nos temerem! Rumo ao Bi da Liberadores!

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