Arthur Muhlenberg: “Sonhos cariocas”

Compartilhe com os amigos

Enquanto o relógio da Libertadores avança inexorável, o Flamengo perde seu tempo com bobagens. Nem bem acabou de jogar com o Boavista e já vai encarar um Macaé raiz em mais um sabadão sertanejo do carioqueta mais despovoado da história. Não adianta vender arquiba a 20 pau, liberar a entrada das damas ou marcar o jogo pro meio do cerrado, vagabundo simplesmente não quer mais ir nessa droga. Esgotou a paciência do distinto público.

Mas como condenar o público? É cada joguinho sem vergonha nesse Carioca. Vejam o Flamengo x Boavista da 4ª rodada. Teoricamente era o embate entre as duas principais forças do campeonato, além de ser uma revanche da final da Taça Guanabara. Mas os caras jogaram com aquele ânimo de solteiros x casados pós-feijoada. Se nem os torcedores, que geralmente são tarados, estão com tesão no campeonato, imagina pros jogadores, pra quem jogar bola é obrigação. Se continuar assim, no ano que vem a FERJ vai ter que buscar os torcedores em casa pra levar pro estádio.

A pelada foi de doer o olho, sobretudo porque continuamos a dar moral pra aquele uniforme amarelo esquisitão. Pô, camisa 3 do ano passado, quem gostou já comprou e quem não gostou não vai comprar mesmo. Bota o que encalhou no saldão e voltemos ao vermelho e preto clássico. Essa camisa amarela já deu, adidas. Libera nóis.

Mesmo enfrentando a potencia emergente Boa Vista o Flamengo jogou só pra conta do chá. Nada digno de destaque se fez durante os 90 minutos. Paquetá bem, pra variar. Cuellar também jogando direitinho. O ponto fraco da meiúca é Diego e Everton Ribeiro, que parecem marido e mulher. Ficam numa DR infinita que nunca chega à uma conclusão. Esses caras precisam se entender. Ou um dos dois ir pro banco pro Vinicius Junior entrar. Teve dois gols de falta, é verdade. Mas o goleiro parecia até ser amigo da rapaziada, inclusive o gol do Rodinei foi frango oficial.

Claro que não descobri ontem que o nível do Carioca é baixo. E nem foi a primeira pelada que o Flamengo jogou. O que deixa o pessoal aqui em casa muito preocupado é que por mais que o Carioca tenha nada a ver com Libertadores em termos de competitividade, o futebol que o Flamengo pôs na roda não parece ser macho o suficiente pra superar os obstáculos que encontrará em suas incursões pelas cucaracholândias da vida.

O Flamengo, aparentemente, tem time pra ir longe na Liberta, mas parece que falta alguma coisa. Como já se tornou um hábito, entramos na competição com deficiências no elenco. E é bom lembrar, porque geral esquece, sem treinador! Sim, Carpegiani chegou pra ser sei lá o quê, coordenador, manager, tá só quebrando um galho no serviço. Porra, Flamengo! Até quando?

O fato de estar sem treinador é mais preocupante na medida em que existem vários medalhões, nomes de peso, desempregados ou a ponto de serem demitidos. É assustador. Imagina a tragédia do Flamengo fazendo negócio com um Dorival, um Cuca, um Felipão. O Flamengo não aguenta uma pancada dessas. Mas você deve estar se perguntando, esse cara quer um treinador ou não quer? Eu quero, mas não pode ser qualquer um. Principalmente, não pode ser um cara que já chega com seu esquema debaixo do braço.

O cara tem que ser capaz de se adaptar ao Flamengo e não o contrário. Tem que ter o olho, a coragem, e a ignorância benigna de como a banda toca em Pindorama, que o Rueda teve ao barrar Márcio Araújo e botar Paquetá pra jogar. Qual treinador em atividade no Brasil seria capaz de fazer o mesmo? Talvez você responda que Renato Portaluppi seria capaz. É possível. Renato, que até as pedras da rua sabem que mais cedo ou mais tarde vai treinar o Flamengo, está prisioneiro no Grêmio e só poderia vir depois que for desclassificado. O que fatalmente acontecerá com o Flamengo também se ficar esperando o Renight pra tomar uma providência. Por isso assusta tanto essa plêiade de estrelas cadentes rondando nosso mapa astral.

Sei que é viagem pura ficar especulando Renato. Não há sequer uma certeza universal de que ele manda bem pra caramba na parte tática. Mas é inegável a sua proficiência como motivador e ressuscitador de almas perdidas. E é cristalino, nítido, que ele é um cara que traria costurada no forro do casaco aquela coisa que falta ao time do Flamengo. Marra, maldade, picardia, putaria, você pode escolher o nome que preferir. Não sei definir direito que coisa é essa. Só sei que é a coisa que nos falta.

Oremos:

Papai do Céu, por favor, fica esperto.
E mantém longe da Gávea o Dorival,
Assim como tem mantido longe Cuca e Felipão.
Amém

Mengão Sempre

Reprodução: Arthur Muhlenberg | República Paz e Amor

Compartilhe com os amigos

Veja também

  • qual seria a solução!? apostava minhas últimas fichas no Muricy, foi uma tragédia; do ZR eu não esperava nada, mas depois até que ele deu uma empolgada, mas só o suficiente para que eu pudesse me sentir também decepcionado; o Rueda eu não esperava nem que viesse de fato, veio e… foi… se é que veio mesmo… com o Carpegiani o time tem andado apenas o suficiente para deixar claro que será um bom coadjuvante, nada mais que isso… tá osso e, sinceramente, não vejo solução.

  • E livrai-nos, do Luxemburgo! Amém!

  • Pra trabalhar com esse monte de talento vindo da base não conheço no Brasil nome melhor que o Dorival, ele comcerteza não ficaria insistindo em Diego e muito menos em Everton Ribeiro, com ele Vinícius Jr seria titular fácil, sem falar do Vitor Gabriel que parece filho do Bolt…

  • AMÉM!!

  • Amém!!!

  • ???

  • Amém!!!

Comentários não são permitidos.