A Olivinha sempre coube o trabalho sujo. E ele nunca fugiu do apelido de lixeiro. Não é à toa, em dez anos no Novo Basquete Brasil, 2.815 rebotes foram parar em suas mãos, recorde absoluto da competição. Mas Carlos Alexandre Rodrigues do Nascimento nunca se contentou em apenas defender. Se buscava sobras impossíveis, também sempre meteu suas bolinhas e nesta última terça-feira, aos 34 anos, o pivô do Flamengo atingiu uma marca expressiva em sua carreira. No triunfo sobre o Vitória por 89 a 75, na Arena Carioca 1, Olivinha anotou quatro pontos, chegou aos simbólicos cinco mil e entrou para um seleto grupo de cestinhas históricos do torneio.
Com exatos 5.003, ele só fica atrás de Shamell, Marquinhos, Marcelinho, Alex Garcia e Guilherme Giovannoni, todos exímios pontuadores e que durante a carreira inteira carregaram seus times em pontuação. Agora dentro do clube dos “Cinco Mil”, Olivinha festejou a importante marca, repassou a carreira em papo com o GloboEsporte.com, lembrou que sempre foi de vigiar apenas os seus rebotes e projetou mais cinco anos de carreira – se espelhando no ídolo Marcelinho -, para quem sabe, beliscar os sete mil pontos, o que não é uma meta, mas segundo ele, não é impossível.
“Eu fico bem feliz porque tantos jogadores já passaram pelo NBB e apenas cinco passaram dos cinco mil. Jogadores que são chutadores. O Shamell e o Marcelinho puxam a pontuação da equipe. E no meu caso nunca foi assim”
Olivinha nasceu no Rio de Janeiro e começou a carreira no Grajaú. Em 2001, foi para o Flamengo, onde atuou até 2004. Pegou a ponte-aérea e foi para a São Paulo. Atuou no Corinthians/Mogi, voltou para o Flamengo, passou uma temporada no México e de volta ao Brasil, iniciou sua trajetória pelo NBB no Pinheiros. Foram quatro anos na equipe e um total de 2.409 pontos. O retorno para o Flamengo aconteceu em 2012/13. Pelo Rubro-Negro, ganhou quatro vezes o Novo Basquete Brasil, a Liga das Américas e o Intercontinental. Em 2016, inclusive, foi o MVP das finais do NBB. Com os pontos sob o Vitória, ele chegou a 2.594 e atingiu os cinco mil pontos.
– Eu me ligo mais na quantidade de rebotes. Meu papel sempre foi pegar rebote, fazer o trabalho sujo, mas em termos de pontuação, eu não sou muito ligado não. Lógico, estou sempre olhando na internet, me disseram que eu estava chegando próximo aos cinco mil pontos. Bateu a ansiedade. Você vê as pessoas falando isso há quatro jogos (vai chegar, vai chegar) e quando fica próximo você fica ansioso. Mas não deixei afetar meu desempenho dentro da quadra. Tem que estar focado em fazer o seu melhor. Deu certo, cheguei aos cinco mil e bati essa meta – brinca Olivinha.
? Os cestinhas históricos do NBB ?
1. Shamell – 6.446 pontos
2. Marquinhos – 5.774 pontos
3. Alex Garcia – 5.654 pontos
4. Marcelinho – 5.651 pontos
5. Giovannoni – 5.382 pontos
6. Olivinha – 5.003 pontos
Olivinha impulsionou sua pontuação com o jogo de garrafão preciso e também pelas bolas de três. Na carreira no NBB, tem 34,1% de aproveitamento em lances de fora do perímetro. Depois de tantos pontos também em bolas de dois e lances livres, é possível se lembrar se cestas que o marcaram? A memória não ajuda, mas o pivô gosta de se recordar das jogadas impossíveis.
“Me recordo sempre das bolas ‘carro-chefe’. Quando bato para dentro, levo porrada, jogo a bola de qualquer jeito e ela cai. Contra o Paulistano, nesse ano, e contra Campo Mourão, no ano passado, joguei a bola de costas, ela subiu e caiu”
No começo da temporada, o Flamengo foi bastante contestado após a eliminação na Liga Sul-Americana. Olivinha, contudo, sempre acreditou no potencial da equipe que sofrera uma reformulação e contava com as chegadas de MJ Rhett e Cubillán. Aos poucos o time se acertou e hoje é vice-líder do NBB com a mesma campanha do Paulistano. Com a chegada de Anderson Varejão, ele teve seus minutos em quadra diminuídos, mas tem médias de 8,8 pontos e 6,4 rebotes, e acredita que jogando mais uns cinco anos, até os 40, quem sabe, pode atingir os sete mil pontos?
– Esse ano é um pouco diferente. Essa temporada é um pouco diferente. Me lembra a temporada que 2014/15, que chegou o Herrmann. Fui para o banco, depois terminei a temporada como titular. E encaro com normalidade. Tem o Varejão, JP, o Rhett, todos foram para o Jogo das Estrelas. A concorrência é grande. Estou jogando menos, mas sempre que estiver em quadra foi jogar o mais forte possível para ajudar o Flamengo a sair com as vitórias. Se for fazer uma média, são cinco mil pontos em dez anos de NBB. Se eu jogar mais uns cinco aninhos, mais uns 2.000 pontos, posso pensar em chegar em sete mil, porque não? – brinca Olivinha.
Reprodução: Globo Esporte