Arthur Muhlenberg: “Julio Cesar representa”

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Emocionante a despedida de Júlio César. Por todos os perrengues que passou enquanto foi o guardião da última cidadela rubro-negra durante uma das fases mais sinistras da nossa história, Júlio Cesar merecia um Maracanã lotado em sua última récita. A massa rubro-negra também entendeu assim e fez uma festa bonita e merecida para um cara que conquistou a idolatria muito mais pela identificação com a cultura flamenga do que propriamente pelas conquistas esportivas. Comprovando que não são títulos que fazem o ídolo, o ídolo se faz por si mesmo.

E Júlio Cesar, desde muito cedo, soube se fazer ídolo. No último ato da tragédia do Shakespeare, Marco Antônio diz, ante o corpo de Júlio César: Sua vida foi gentil, e os elementos misturaram-se tão bem a ele que a natureza pôde levantar-se e dizer a todo o mundo: “Este era um homem”.Basta colocar carreira no lugar de vida, torcida no lugar de natureza e rubro-negro no lugar de homem na frase anterior pra comprovar que O Bardo era um visionário anacronicamente flamengo. E que Júlio César é um rubro-negro daqueles que já não se fazem mais.

Foi um grande alívio constatar que ao mesmo tempo em que prestava a justa homenagem ao herói em retirada o Flamengo conseguiu fazer o dever e casa e vencer o América. Mas foi num sufoco louco, no segundo tempo os caras abafaram o Flamengo e Júlio César foi realmente decisivo. No fim deu tudo certo, beleza. Mas tanto o Barbieri arriscou à pampa na escalação e nas mexidas como o Flamengo foi irresponsável com essa mania de fazer festa na hora errada. Júlio César monstro, mas jogo de 3 pontos é jogo de 3 pontos. E se algo desse errado?

Para uma diretoria que “vende” tanto o seu profissionalismo essas porralouquices, de funesto retrospecto, são absolutamente indefensáveis. O preço de fazer as coisas certas quase sempre é desagradar a muita gente e os vapores populistas que emanam de tais decisões em anos eleitorais levantam a dúvida de até onde vai o comprometimento dos dirigentes com os exaltados valores do profissionalismo. Que quando adotado à vera no mais das vezes consiste em desagradar ao senso comum. É como se os nossos cartolas, perfeitamente sabedores do quê, como e onde deve ser feito, apelassem para a famosa oração de Santo Agostinho: Senhor, conceda-me castidade e continência, mas não ainda.

Mas beleza, já passou, ninguém se machucou e Júlio César pode deixar o gramado pela última vez na condição de líder do Campeonato Brasileiro, algo que periga nunca ter acontecido antes com ele. E é justo que se destaque que o Flamengo só saiu com os 3 pontos porque Júlio César fechou mesmo lá atrás. Porque se dependesse exclusivamente da visão de jogo do Barbieri o bagulho ia ficar esquisito. Basta dizer que pra segurar o 2 x 0 contra a potência futebolística egressa da Série B nosso jovem estudioso treinador tirou Vinicius Junior, que tocava o terror na defesa mineira, e botou o Jonas. É brincadeira, se o cara estudou mesmo pra isso temos que reavaliar seriamente o currículo escolar brasileiro.

E é desse jeito todo errado, e sem Júlio César, que vamos pra Bogotá jogar a vida na Libertadores na próxima quarta. A expectativa por uma grande apresentação é quase nula, quem tem visto os jogos do Flamengo não consegue se empolgar. Temos abusado do direito de jogar mal. Mesmo considerando a fragilidade do Santa Fé a galera sabe que esses jogos fora nunca são moleza. Um dado alentador é que até a baba do Emelec conseguiu um empate com eles em El Campín. E a lógica indica que pior que o Emelec o Flamengo não é. Infelizmente, a lógica tem insistido em faltar aos jogos do Flamengo, é melhor não contar com ela.

Valeu, Júlio César!

Mengão Sempre

Reprodução: República Paz e Amor

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  • Excelente texto, difícil entender como este time ainda não tem um padrão de jogo, esses caras jogam juntos a um tempão e não conseguem se entender em campo, o time até fazer o 1° gol joga no ataque, depois que faz, muda tudo e começa a se defender covardemente até tomar gol, isso é vergonhoso pelas tradições do Flamengo, segurar resultado no momento errado…espero que quarta seja diferente, mas tenho minhas dúvidas.

  • Inacreditável como passa os anos e o Flamengo continua sem um técnico decente; é até difícil lembrar quando foi o último…

  • Loucura ontem se não fosse o Júlio César
    O caldo tinha entornado

  • Com que escalação repórter acha que o Mengão deveria entrar?
    Ficar insistindo em pressionar já virou mesmice ou babaquice.

  • Flamengo brinca de fazer futebol,como pode nao estarem avaliando um treinador agora,que poderia pegar o time na parada para a copa e arrumar essa bagunça…desanima,o campeão de 2018 será os gambas denovo.. Flamengo perdido

  • Futebol é feito de vitoria ou derrotas, não tem um trabalho bem feito que suporte uma sequencia de derrotas assim como tambem vuma sequencia de vitorias, deixa um trabalho errado pra trás. Creio que precisamos engatar uma sequencia de vitorias. Por exemplo, contra o Vitória na rodada passada, poderiamos ter ganhado se não fosse a o juiz mandraque que inventou um penalti e ainda expulsou o Everton Ribeiro. Na Libertadores, nos dois empates em casa, foi por puro vacilo, momento de bobeira. Se tivessemos ganhado os dois jogos ( o que poderia ter perfeitamente acontecido ) estariamos com 9 pontos, praticamente classificados . Então o negócio é o seguinte, ganhar, ganhar e ganhar, ai tudo vira comemoração e o cabeça de bagre de hoje vira heroi. Isso é o futebol. Bola na rede

  • Treinado burro!

  • Obrigado J.C!
    A hora que o Flamengo tiver um time volto a comentar!

  • Mulamba, belo texto, como sempre. Acredito que ele tenha tirado o Vinicius pra poupá-lo de uma eventual lesão, já que o jogo estava “ganho” e faltavam apenas 15 minutos pro fim da partida. Eu faria o mesmo, não arriscaria mantê-lo em campo e perdê-lo pro jogo de quarta-feira, que é uma final pra nós.

  • Concordo que jogo valendo 3 pontos não é jogo pra se fazer despedidas, vide o estrago que o Cabañas fez com a nossa psique…
    Graças aos Deuses, e a São Jorge, o enredo desse amadorismo ficou do nosso lado, pois se dependesse desse estagiário…
    O incrível é ver como o Flamengo é um bando de jogadores B-U-R-R-O-S. É impressionante como vários jogadores sofrem de um mínimo de raciocínio com a bola nos pés, ou mesmo sem ela. Temos “até” alguns jogadores habilidosos, mas também muito burros. Tudo bem que alguns ainda são jovens, podem aprender com a vida, ou com as derrotas, mas isso nos custará muito caro se não houver um professor (Pardal, que seja) para lhes orientarem do básico, do mínimo.
    É impressionante como o Rodinei escolhe jogadas erradas. Várias jogadas (no 2° tempo), ele puxou o contra-ataque, e quando se aproximou da defesa adversária, com 2 ou 3 em melhores opções para o passe, resolveu chutar (e mal) de perna direita e perna esquerda. Jogador burro!
    É impressionante como o Renê e o Cuellar não têm o mínimo de entrosamento quando 2 atacantes caem na nossa LE, fazendo 1-2, e dão um baile nos dois, chegando SEMPRE a linha de fundo. O Marquinhos fez a festa do Ame-MG no 2° tempo, e aí o estagiário culpou o VJ. Ora, o problema era como o Cuellar e o Renê marcavam as avançadas dos adversários, e não o VJ. Ponta tem que voltar pra ajudar, não pra ser lateral. Essa obrigação, tem nos tirado o poder de ataque, e contra-ataque quando retomamos a bola. O time acaba ficando MUITO recuado e cansado.
    O Cuellar tem que para de correr como um louco desesperado que chega sempre fazendo faltas desnecessárias. Ele é o cabeça-de-área. É impossível ele proteger a entrada da área, cobrir laterais, e ainda fazer o primeiro combate lá na frente. A marcação tem que começar a ser feita desde o nosso ataque, se não vai o sobrecarregar em demasia.
    É impressionante como NINGUÉM explicou ao Paquetá ainda que, longe da área adversária, deve fazer o básico e sem firula. Ele ainda acha que está jogando no sub-18, se exibindo pra empresários ou dirigentes. Garoto, acorda…
    É impressionante como o nosso meio campo marca mal. Parece um bando.
    É impressionante ver como o Arão, o Geuvânio, o Diego e o Everton Ribeiro não estão jogando NADA. Será que ELES esqueceram como jogar bola, ou será que os treineiros não estão sabendo tirar o melhor deles?
    Acho que esse ano vamos sofrer muito, a começar pelo que estamos vendo.
    Desculpem o desabafo, mas estou ficando cansado de ver o time jogando mal. Vi o nascimento de um geração que jogou o fino, e anda cansado de ver sempre a bola recuada para os zagueiros, e depois chutão pra frente. Estou cansado de ver cruzamentos sem objetividade. Estou cansado de ver que falta infiltração e toques de bola, pelo meio, e pelas pontas. Muda-se treinador, jogador, e a falta de padrão continua… Onde está o problema?
    SRN

  • de profissional essa diretoria não tem nada.. É um absurdo fazer estágio de técnico em plena libertadores!! é um erro incomum, pois ninguém sabe o certo a capacidade desse treinador e pelo que JÁ vimos…não consegue nem arrumar o time taticamente, e faz substituições sofríveis!

  • Top o texto Arthur,resumiu o sentimento de muitos.

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