Na manhã da última quarta-feira, o Flamengo informou a saída de Fred Luz do cargo de CEO do clube. Na nota oficial, havia algumas informações sobre os feitos tanto do ex-dirigente quanto de Bruno Spindel, que o substituirá. O GloboEsporte.com analisou as seguintes afirmações que constam na nota:
- “Em 2017, área de Marketing foi decisiva para o melhor balanço financeiro da história do Flamengo, tendo a receita do programa sócio-torcedor crescido 62%, enquanto a de patrocínios aumentou em quase 40%”;
- “Sócio-torcedor é a segunda fonte de receita do clube”;
Vamos a elas:
Em 2017, área de Marketing foi decisiva para o melhor balanço financeiro da história do Flamengo, tendo a receita do programa sócio-torcedor crescido 62%, enquanto a de patrocínios aumentou em quase 40%.
Bom, de fato a receita do programa de sócio-torcedor do Flamengo cresceu 62%, enquanto a de patrocínios aumentou em quase 40%. De acordo com o balanço financeiro de 2017 divulgado pelo clube neste ano, o Rubro-Negro teve receita de R$ 90,45 milhões em patrocínio e R$ 43,07 mi com sócio-torcedor. Em 2016, a receita foi de R$ 66,34 mi com patrocínio e R$ 26,48 mi no programa de sócio-torcedor.
Por outro lado, não é correto dizer que a área de marketing foi decisiva para o melhor balanço financeiro da história do clube.
Em 2016, a “Receita operacional bruta” total foi de R$ 510 milhões. No ano passado, houve um crescimento para R$ 649 mi. Mas, como o Fla condiciona os números do programa de sócio-torcedor e de patrocínios à pasta, mostra que ela tem relação direta com as áreas. Só que, se excluirmos esses dois quesitos do balanço de 2017, ele segue maior do que o de 2016.
A reportagem perguntou ao Flamengo, por duas vezes, via e-mail, qual a razão para o clube considerar o departamento de marketing decisivo para que o Rubro-Negro tivesse o melhor balanço financeiro da história. Até a última atualização desta reportagem não houve resposta.
Também de acordo com o balanço financeiro de 2017 divulgado pelo próprio clube, a receita de 2017 é apenas a sexta maior. Vale lembrar que esse esses são os números mais recentes divulgados pelo clube.
Mesmo se levarmos em conta o orçamento para o ano de 2018, a previsão é de que a receita bruta do programa de sócio-torcedor seja de R$ 47 mi. Esse número ultrapassa o que o clube especula que vá receber de transferência de jogador e com o clube social, ou seja, a arrecadação com associados de fato supera essas outras duas fontes de receita.
A reportagem perguntou no mesmo e-mail sobre a afirmação de que o sócio-torcedor era a segunda maior fonte de receita, mesmo com o balanço mostrando o contrário. Abaixo está a resposta de Bruno Spindel, novo CEO do Flamengo.
– Sócio-torcedor é a segunda maior receita isolada do clube depois dos direitos de transmissão. Se você pegar cada contrato de patrocínio sozinho, incluindo Caixa, Adidas etc., nenhum deles foi maior que sócio-torcedor ano passado (2017), então não é em relação a todos os patrocínios somados. É em relação a cada contrato de patrocínio. Ele é maior que todos, só é menor que a televisão, obviamente.
De fato, os patrocínios sozinhos não superam o valor arrecadado pelo sócio-torcedor (o patrocínio master, da Caixa, é em torno de R$ 25 milhões). Porém, a resposta do CEO não leva em consideração as receitas com venda de jogador (extraordinárias e difíceis de prever), clube social e amador e bilheteria. A reportagem perguntou novamente e Spindel respondeu apenas sobre a receita de bilheteria até a última atualização desta checagem.
– Entre 50% e 75% da receita de bilheteria veio de venda de ingressos para sócios-torcedores. Por exemplo, a final da Sul-Americana e a final do jogo contra o Cruzeiro, dois jogos de R$ 7 milhões de receita e 100% dos ingressos vendidos para sócios-torcedores (NOTA DA REDAÇÃO: súmula do primeiro jogo da final da Copa do Brasil indica 1.309 ingressos vendidos sem ser para sócios-torcedores). As quartas de final e semifinal da Sul-Americana e a semifinal da Copa do Brasil praticamente 100% vendido para sócio-torcedor. Então, sócio-torcedor é responsável por grande parte da receita de bilheteria. Se pegar 50% a 70% da receita de bilheteria e juntar com sócio-torcedor, vai até próximo da receita de patrocínio.
Reprodução: Davi Barros / globoesporte.com
Muito bom, agora é mostrar a superioridade em campo
Acho válida essa moda de checagem de informações, mas a reportagem esquece que venda de camisa e produtos licenciados tb é fruto de marketing. Ademais, é muito mais importante entender a mensagem geral (o marketing cresceu e deu grandes resultados) do que ficar analisando se a mensagem está literalmente correta. Se prender ao adjetivo “decisivo” é infantilidade.
Traduziu o que eu pensei. A mensagem passada pelo Flamengo foi: O nosso marketing é um dos melhores e gera receitas excepcionais, como nenhum outro desse país.
Por outro lado, fiquei surpreso em ver hoje que o número de associados ao PST do Flamengo está na casa dos 52k.
Esse número representa uma queda de quase 50% em relação ao pico do ano passado que foi acima dos 100k.
Pode ser a crise? Com certeza, mas não deixa de ser preocupante ainda mais por não ter ideia de qual seria o número base com o qual o orçamento foi trabalhado.
SRN
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