João Luis Jr.: “Fernando Uribe: o que esperar do atacante que ninguém esperava?”

Em um país em que estamos acostumados a só acompanhar futebol mexicano quando reprisam aquele episódio de Chaves em que eles jogam bola na vila, é bem pouco provável que algum de nós estivesse esperando a contratação de Fernando Uribe, centroavante colombiano que veio para o Flamengo diretamente do Toluca após passagens por Millionários, Once Caldas e Atlético Nacional, além de uma passagem sem sucesso pelo Chievo da Itália.

Mas ainda que não seja um nome tradicional, um nome de encher os olhos, ou mesmo um nome que você já ouviu antes, Uribe pode sim acabar se mostrando mais um achado do nosso Centro de Inteligência e Mercado do que apenas outra contratação aleatória estilo “Football Manager 2011/12” dentre as tantas já realizadas pelo Flamengo em sua história.

Primeiro porque realmente precisamos de um centroavante. Com a venda de Vizeu e a indefinição sobre a situação de Guerrero – ele está suspenso? ele está liberado? ele vai voltar? ele vai renovar? como ele conseguiu não dar uma porrada no Cueva depois daquele pênalti perdido semana passada?- temos apenas dois centroavantes no elenco, o jovem Lincoln, que apesar de promissor tem pouquíssima experiência na equipe profissional, e o questionado Henrique Dourado, que comemora seus gols simulando cortar o próprio pescoço em homenagem a todos os torcedores que talvez cortassem o pescoço dele se tivessem chance.

E ainda que números possam mentir e vídeos de “goals, skills & assist” possam fazer até Marcelo Cirino parecer um reforço de qualidade, Uribe, ao menos da forma como é descrito por jornalistas mexicanos e pelo estilo de jogo que parece adotar, tem características que parecem complementares à forma de jogar que o Flamengo tem hoje.

Centroavante alto, dentro da área é um finalizador que chuta com as duas pernas, além de também se mostrar um bom cabeceador. Mas apesar disso, e talvez aí se encontre sua principal diferença em relação ao Ceifador, é também um jogador com mobilidade e que pode até mesmo jogar como segundo atacante, além de ser capaz de jogadas de velocidade e realizar arrancadas com a bola, o que condiz muito mais com o Flamengo atual de bola trabalhada e movimentação do que o estilo mais centralizado de Henrique Dourado.

Além disso, uma das características que, segundo jornalistas, o tornou querido pela torcida mexicana foi exatamente o fato de ser um jogador que, mesmo quando não vive grande momento técnico, mostra sempre vontade e disposição para correr em todas as bolas, mesmo as mais improváveis, basicamente o tipo de espírito que a torcida espera de qualquer atacante rubro-negro.

Então, ainda que Uribe não chegue para ser titular e provavelmente vá precisar de um período de adaptação – no qual esperamos que Lincoln possa ganhar mais chances e Henrique Dourado seja informado pela comissão técnica que o juiz valida sim gols que não sejam feitos de pênalti – pode ser que de onde menos se espera o Flamengo tenha conseguido trazer o tipo de reforço que vai sim suprir necessidades da equipe e somar, tanto em técnica quanto em vontade e experiência.

Resta agora esperar não apenas que isso aconteça, mas que o Flamengo também saiba se reforçar nas outras posições, ainda mais diante da perda de um jogador diferenciado como Vinícius Jr e de integrantes úteis do elenco como Jonas e Éverton – Trauco, vamos admitir que a maior parte da torcida nem lembrava que ainda estava na Gávea. Vamos ver que outras surpresas – se possível boas – a pausa da Copa ainda pode nos reservar.

Reprodução: João Luis Jr | Blog Isso Aqui é Flamengo