Como qualquer um que leu um jornal, acessou a internet ou mesmo saiu na rua nessa última semana bem sabe, vivemos um momento de caos. Greve dos caminhoneiros, problemas de abastecimento, um governo totalmente desorientado, uma situação política e social tão confusa que pessoas em redes sociais estão chamando generais do exército de comunistas e donas de casa estocam miojo com medo de falta de alimentos, sendo que a própria ciência nem definiu ainda ao certo se macarrão instantâneo é mesmo alimento ou não.
Diante desse cenário de total desorientação, onde não se sabe mais o que é direita, o que é esquerda, quem está em cima, quem está em baixo, traz até um conforto e alegria saber que ao menos algumas coisas seguem se mantendo. Porque sim, o Flamengo mais uma vez encheu o Maracanã e sim, mais uma vez ele venceu e sim, ele segue líder do Campeonato Brasileiro, com o ataque mais positivo da competição e uma das defesas menos vazadas.
Algumas coisas não tão animadoras assim continuaram, claro. Henrique Dourado segue sua dura jornada de ser o homem mais solitário do mundo, vivendo o triste paradoxo de só saber jogar dentro da área, mas só conseguir encostar na bola caso saia dela; a equipe segue tendo picos e vales de intensidade, como esses que permitiram que contra o Bahia a equipe fosse extremamente eficiente no fim do primeiro tempo, mas absolutamente displicente durante grande parte do segundo; e Rômulo segue sendo um atleta cuja simples presença em campo parece ser o bastante para tornar o time mais lento, a torcida mais triste, o IDH de todos os países do continente um pouco mais baixo.
Mas o caos atual que vive o Brasil também trouxe surpresas boas. Renê, um jogador que em diversas ocasiões já havia demonstrado só ser capaz de surpreender a torcida se realizasse um truque de mágica e tirasse um pombo de dentro da linha lateral, conseguiu coroar sua trajetória de melhoria de rendimento com uma partida onde não apenas foi o principal destaque da equipe como também realizou sua melhor apresentação pelo Flamengo desde sua chegada. Sim, Renê não apenas deu os passes para os dois gols da vitória rubro-negra como atuou com segurança na defesa e esteve a um ou dois vacilos de realizar uma partida perfeita com a camisa 6 do Flamengo. Ainda que, obviamente, se Renê realizasse uma partida perfeita teríamos um sinal claro de que a realidade como nós a conhecemos acabou, a lógica foi embora, as eleições 2018 terão no 2º turno um holograma de Brizola contra um clone robô do Dr Ulysses Guimarães.
Mas, da mesma maneira que a situação do combustível Brasil parece estar se organizando, o Flamengo é, merecidamente, líder desse Brasileirão, mas ainda precisa evoluir bastante, ainda mais diante da qualidade crescente dos próximos adversários, seja pelo Brasileirão, onde pegamos o ajeitado Corinthians, pela Libertadores, onde vamos enfrentar um dos primeiros colocados da primeira fase, ou na Copa do Brasil, onde já está confirmado nosso duelo contra o Grêmio, atualmente o time com o melhor futebol do país. É muito bom ver o Flamengo no topo mas vai ser mas bonito ainda ver ele não saindo de lá até o final desse ano.
Reprodução: João Luis Jr. | Blog Isso Aqui é Flamengo
Excelente texto! Disse as necessárias verdades de uma forma bastante serena, e levemente divertida.
Parabéns!
Show mano!