Se empolgar demais antes da hora é sempre um perigo. O primeiro encontro é cedo demais para pedir a gatinha em casamento, um mês de trabalho é cedo demais para sentar com o novo chefe e pedir aumento e, claro, a nona rodada do primeiro turno é cedo demais para falar se um time vai ou não brigar pelo título brasileiro até o fim do campeonato. Racionalmente é cedo demais para falar que pintou o campeão, a lógica e precaução indicam que você ainda não deve sair por aí gritando “hepta” pelas ruas, o bom senso com certeza orienta a não tratar a vitória de ontem como um jogo de entrega de faixas entre o vencedor da taça de 2017 e o da taça de 2018.
Mas, mesmo a moderação, o controle e o bom senso não podem nos impedir de admitir que, ontem, o Flamengo fez sim um jogo de time que não só quer brigar pelo título como está sim qualificado para isso.
Começando pela defesa, onde Léo Duarte parece finalmente ter se tornado capaz de atuar por mais de oito minutos sem sofrer alguma lesão que o tire de atividade por mais de oito jogos e, ao lado de Rhodolfo, está formando uma zaga capaz de substituir à altura Réver e Juan, o que, com a ascensão do jovem Tuler, tira o Flamengo da incômoda situação de ter sua zaga 100% dependente de jogadores que usam a fila preferencial nos bancos e supermercados.
Nas laterais, Rodinei e Renê, apesar de nunca brilhantes, seguem jogando aquele que, talvez, seja o melhor futebol possível para ambos, com disposição, vontade e alguns erros eventuais que nos fazem lembrar que tudo que podemos esperar deles é disposição e vontade, se trata de Rodinei e Renê, não Leandro e Junior, temos que adequar nossas expectativas por enquanto.
No meio de campo, mesmo com a ausência de Cuellar, uma das únicas constantes positivas dessa equipe, vemos um Jonas que segue sua luta diária entre a orientação do treinador para destruir jogadas e seu instinto natural para destruir vidas, mostrando que não apenas temos um cão de guarda titular como também, se for o caso, um diabo da tasmânia reserva para suprir eventuais ausências.
Daí para frente, temos, ainda que com altos e baixos, aquele que pode ser considerado o melhor meio de campo do Brasil, com um Éverton Ribeiro que mesmo quando não tão inspirado ainda consegue armar aquela jogada surpresa que desmonta a defesa adversária; um Paquetá que, apesar de em dados momentos ceder aos seus mais primitivos ímpetos de Fifa Street da vida real, ainda é das maiores revelações do futebol mundial hoje; um Diego que, finalmente, parece ter voltado à jogar futebol num nível compatível com a autoestima de um cidadão que fala que a seleção brasileira vai sentir falta dele.
Já no ataque temos, é claro, o ponto baixo do time. Não com Vinícius Jr, que, apesar da imaturidade, segue sendo um jogador capaz de vencer praticamente qualquer zagueiro no mano a mano, mas sim com Henrique Dourado, um matador que parece capaz de matar apenas jogadas e um ceifador que parece capaz de ceifar apenas as nossas paciências. Mas, mesmo nessa situação, o Flamengo, com a estrela que muitas vezes é reservada apenas aos times que realmente brigam por alguma coisa, tirou do banco um já clinicamente morto Felipe Vizeu, que aparentemente estava em casa e foi chamado via Whatsapp apenas para completar o time.
Não que o Flamengo esteja perfeito, não que o time tenha virado subitamente o Real Madrid, não que Tite já esteja se arrependendo por não ter convocado Diego. Mas, nesse domingo, o Flamengo jogou como Flamengo, com atenção, coragem, vontade, sem correr riscos, sabendo a hora de atacar e de defender e sabendo decidir o jogo quando foi hora de decidir. E quando o Flamengo decide jogar como Flamengo, por mais racional que a gente seja, é muito complicado não se empolgar.
Reprodução: João Luis Jr. | Blog Isso Aqui é Flamengo
Adorei o texto… Principalmente a parte que se refere ao Jonas… Ri muito!!!
Texto bem legal, não podemos nos empolgar demais, estamos em bom momento, mas no futebol, 1 minuto faz a alegria virar choro, temos jogos difíceis pela frente, para que tudo dê certo esse ano temos que nos superar
Diego,
Agosto é a palavra chave nesse ano até o momento.
SRN
Precisamos de reforços, e se Rodinei se lesionar? Klebinho vai segurar as pontas na Liberta? e se Renê se lesionar? Laterais que o Flamengo pode contratar:
Danilo Avelar – Lateral Esquerdo – 28 anos
Tem passagens por Alemanha, Itália, atualmente na França e quer voltar ao Brasil, o Corinthians tem sondado ele, podem realmente contratá-lo…
José Luiz Gomez – Lateral Direito – 24 anos
Jogador do Lanús, titular na campanha do vice-campeonato da Libertadores ano passado, já foi recentemente convocado, mas a concorrência era de jogador da europa pra sua posição
Não vamos gastar 20 milhões de reais pra trazer os 2…
Entendo, mas para isso o Flamengo precisa saber quem vai perder e principalmente quem ele vai conseguir se livrar na janela do meio do ano.
SRN
É verdade, primeiro tem que mandar embora alguns atletas, minha lista de dispensa/barca: rômulo, arão, ederson, geuvânio.
trauco e pará negociaria ao final do ano
Texto ótimo, com ótimas sacadas (a do Jonas é impagável!), leitura correta do time e do momento.
Mas, com dois erros crassos, enormes:
1- começando pela defesa, como começou, como saltar a meta e ir direto pra zaga? Nosso primeiro monstro encontra-se sob as balizas. Diego Alves é de suma importância pra estabilidade emocional dessa equipe;
2- nosso estagiário paraquedista, que, solto ao sabor dos ventos do destino no meio de um furacão sem rumo, que parecia ter uma força destrutiva gigantesca capaz de destruir apenas a si mesmo, tem conseguido estabilizar o esquema de jogo, extrair néctar de nossos pequenos e grandes talentos. Barbieri tem muito mérito nesse time. Talvez, o principal seja a união. Mas, como ele conseguiu conter a sanha sanguinária de Jonas e arredondar o pé de Renê é coisa pra futura biografia desse futuro gigante técnico brasileiro (quiçá).
Obs: nem uma menção ao nosso futuro capitão Cuellar? Esse é outro que tem galgado degraus na história e nos corações rubro negros com tudo o que essa nação quer de seus eleitos: raça, técnica, comprometimento e amor ao manto.
SRN
Welsey,
Corroborando o seu comentário sobre o Barbieri, ontem, no programa linha de passe da ESPN, o MCP comentou que recebeu uma informação de uma fonte próxima do elenco do Flamengo que dizia o seguinte:
O papo no vestiário depois da vitória sobre o Corinthians era um só: seguimos a risca tudo o que o Barbieri pediu e deu tudo certo.
Se esse discurso realmente vingar, coloquei o realmente porque o vestiário é normalmente fechado e fonte de muito disse, me disse dos que estão de fora, já é meio caminho andado para um time mais organizado taticamente.
Mas o que vai decidir tudo serão os próximos dois meses. Parece dramático, mas não deixa de ser verdadeiro. A parada para a Copa tem de ser muito bem aproveitada para não perder peças fundamentais – a menos que seja irrecusável a oferta ou estejamos falando de alguma cláusula contratual impositiva -, recuperar taticamente pelo menos aqueles que não vêm conseguindo manter uma mediana razoável de performance e se preparar fisicamente para a maratona de confrontos decisivos do mês de agosto tanto pela Libertadores, quanto pela CB (essa tem uma premiação extremamente importante para o orçamento de qualquer time brasileiro).
SRN
Ceifando nossas paciencias kkkkk
Parabéns, texto top!
Maravilha de texto!
Verdade Marvin, lindo texto. Eu tento não me empolgar mas o Flamengo e aquela energia da torcida que me arrepia, não deixam.
Ótimo texto! Oásis por aqui ultimamente.
Gostei do Jonas Diabo da Tasmania kkkkk