O meu Flamengo x Palmeiras favorito aconteceu em 27 de abril de 1980, no Morumbi, e terminou com o empate de 2 a 2, na prática uma vitória, dadas as circunstâncias.
Fui e voltei com uma turma boa, no antigo Trem de Prata, um luxo que sobreviveu até o começo da década de 1990. Eram tempos mais pacíficos. Embora a torcida rubro-negra fosse representativa, era pequena diante da massa alviverde, levando-se em conta o público espetacular de quase 90 mil pessoas. Mas em momento algum houve confronto.
Pois é. O Flamengo havia vencido no Rio por 6 a 2, e a sede de vingança da galera paulista era grande. O time da Gávea era poderoso, tanto que foi campeão brasileiro naquele ano, mas estaria desfalcado de Zico, machucado. Tita fez 1 a 0, mas Jorginho empatou logo depois, fazendo tremer a arquibancada, o que é sempre assustador, quando se é visitante. No começo do segundo tempo, o ponta Baroninho, que no ano seguinte seria campeão carioca, sul-americano e mundial pelo Flamengo, fez 2 a 1 para o Palmeiras.
A pressão era muito grande. Assim, houve um dado momento em que me pareceu impossível chegar ao empate. Mas havia a força daquele esquadrão, que ainda era, ali, apenas tricampeão carioca, nada além.
E mesmo sem Zico, veio o golzinho que valeu a viagem, quando restavam oito minutos, num sem-pulo de Carlos Henrique, que substituíra Júlio César Uri Geller. Naquele jogo, aliás, senti que o título era possível, pois enfrentar aquele mundão do Morumbi, e a obsessão de vitória do adversário, sem tremer, era sem dúvida uma prova definitiva da capacidade técnica e da maturidade do time.
Uma curiosidade do jogo: o auxiliar Emanoel Gurgel de Queiroz é o cearense que resgatou a popularidade do forró na década de 1990, com bandas como Cavalo de Pau, Mastruz com Leite e Rabo de Saia, exportando esse segmento da MPB para o mundo. O homem também foi presidente do Ceará Sporting. Passou os negócios para os filhos, e vive no interior do Estado natal criando cabras.
O ingresso da partida, publicado aqui no site, é o meu troféu. E a súmula você confere no retrospecto do confronto.
Reprodução: Roberto Assaf | Rua Paysandu