Finalmente, depois de três décadas, estamos vendo o Flamengo usar a base de maneira direta em um período que o time está sendo competitivo e brigando por títulos. A defesa conta com dois zagueiros capazes de serem titulares, o jogador mais importante do meio campo é muito jovem e veio da base, tínhamos até poucas semanas atrás um meia atacante e um centroavante sendo titulares do time. Com esses jogadores o Flamengo terminou o primeiro terço do campeonato na liderança do Brasileiro.
Isso alimenta um clamor entre os torcedores para usarmos a base. Ecoa entre nós, por exemplo, um clamor uníssono para escalarmos o Klebinho. Durante a copinha, em janeiro, o próprio Klebinho, o zagueiro Matheus Thuler, os volantes Ronaldo, Jonas e Jean Lucas e o meia Jajá foram integrados ao profissional. Esses se juntaram aos já “efetivados” Vinícius Júnior, Paquetá, Léo Duarte… e devo estar esquecendo de alguém… ou seja uma galera. Essa galera, os Garotos do Ninho fazem mais da metade dos gols do Flamengo no Brasileiro… Além disso, assistimos estarrecidos os sucessos das nossas categorias de bases em torneios internacionais (apesar de sermos apenas o quarto colocado no nosso grupo no brasileiro sub-20).
Todo esse quadro confirma: basta botar os meninos para jogar…. mas…
Tem sempre um mas… Não é tão simples assim, há algumas coisas para considerar. A primeira é um fato: a MAIORIA absoluta de craques da base, em qualquer time, em qualquer país, em qualquer tempo não vira craque no profissional. Fato, aceitem. Há milhões de razões para isso, mas duas parecem ser mais latentes e recorrentes como indicam estudos científicos de universidades na Europa: a adaptação as mudanças físicas tanto do atleta quanto do jogo e o fator psicológico. Ambas podem ser minimizadas com preparação específica. Essas eu acredito que o Flamengo seja capaz de realizar e esteja atento, mesmo assim perdemos e perderemos muitas promessas, novos Zicos, como ouvíamos em um passado não muito distante. Em tempos passados, vi até jogador que era craque na base, craque mesmo, dono do time, mijar nas calças no antigo túnel de acesso do maracanã quando da estreia naquele estádio.
Há um problema mais sério. As divisões de base precisam refletir a maneira de jogar do time de cima. Coisa impossível de realizar com a rotação de técnicos que temos. O jogador da base tem que entender a maneira que o time principal joga para poder ser integrado mais rapidamente. Outro problema sério é que há uma certeza indelével que não poderemos contar com esses craques por mais do que dois ou três anos. Alguns são vendidos com 20, outros com 19… e alguns com 16 anos! E isso deve continuar acontecendo e com mais frequência do que agora, basta a Europa descobrir que temos a melhor base do Brasil. Há a necessidade de acertamos contratos mais firmes quando os jogadores estiverem despontando, mas essa parte contratual não faz parte do meu know-how. Na hipótese quase inexorável do Paquetá sair nos próximos meses demonstrará outro problema. Contar com a base dificultará muito a manutenção do elenco. Hoje, por exemplo, estamos capengas pela falta do Vini Jr. Se o Paquetá sair agora, dificilmente conseguiremos manter o mesmo nível de jogo. Contar com a base será sempre um prazer que dura pouco (analogias ambíguas não são permitidas na minha coluna), sem um planejamento mais organizado de quando e como lançar os jogadores, provavelmente intercalaremos campanhas boas e campanhas de montagem de elenco. Vê-se o que aconteceu com o Jorge, entrou, roubou a posição, virou titular, saiu e não conseguimos achar outro jogador capaz de ser titular na posição. Poderíamos novamente nos voltar para a base, e pode até ser que tenhamos outro jogador, mas o fato é que no começo do ano passado não tínhamos.
Resumindo a ópera:
Preparação psicológica: resolve-se de maneira direta – O carioquinha será sempre jogado com a base sendo a base (trocadilho infame) do time. Não importa os resultados, pode-se completar com jogadores que estão chegando e precisam de ritmo de jogo ou se ambientar …
Preparação física – Isso é moleza, e deve até ser feito… basta se criar uma transição decente.
Estilo de jogo – O diretor técnico tem que entender de futebol o suficiente para orientar os gerentes de futebol com relação ao estilo de jogo do profissional
Contratos – assunto chato, temos apenas que garantir os jogadores por mais tempo
E o lançamento propriamente dito? Lança-se o jogador quando a base tiver mais do que um jogador para a posição o melhor é incoporado ao time de cima, o próximo se prepara para subir logo. Isso se chama preparação dobrada (ou no inglês double-prep) e é realizado na Espanha e Inglaterra. Os times da base tem sempre o dobro de jogadores, assim o time principal pode sempre ser abastecido.
Finalmente, a ideia é subirmos o maior número de jogadores possível, por mais tempo possível, sem que precisemos convocá-los para tapar buracos ou apagar incêndios, isso só nos ajudar a queimar jogadores que possivelmente não seriam craques, mas poderiam ter sido muito úteis.
O flamengo”queima muitos jogadores” por que a maioria dos “treinadores”( entre aspas, pois a maioria sao apenas motivadores) coloca os mlk sempre no rinal dos jogos, onde a equipe fica apenas com toquinho de lado pra segurar o resultado ou quando a equipe esta perdendo o jogo. Gostaria que algum reporter ou comentarista esportivo perguntasse a um desses treineiros qual a logica de voce nao ter a confiança de colocar um mlk no começo de uma partida, mas quando o time esta perdendo colocar o cara na esperança que ele faça algo??! ….. Isso nao existe, se é pra colocar, poe no time titular, no começo da partida, dee uma sequencia de tres jogos e depois faça uma avaliaçao. So para lembrar, a zaga pedida hoje pela grande maioria da torcida, Leo duarte e Thuler, quase foram queimados quando os colocaram num time totalmente reserva com Romulo de 1 volante e tomaram de 4 do Fluminense, lembram??!