Coluna do Flamengo
Adolescente promissor. Quando percebe, está entre os profissionais do Flamengo. A cabeça vira uma montanha-russa de novas emoções, o comportamento oscila e orientar é preciso. Tido como uma das joias do Flamengo, Lincoln ainda está no início de um longo caminho. E precisa ser lapidado.
Aos 17 anos, o jogador fez o gol de empate em 1 a 1 contra o Grêmio, no jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil. Imagina empatar o jogo na casa do adversário, nos acréscimos, nos últimos segundos de partida? Lincoln até imaginou e profetizou ao companheiro Jean Lucas:
– Estava concentrado. Tinha comentado que estava sentindo que ia fazer o gol.
Daí a prever a reação que teria depois de balançar a rede parece demais para cabeça de um adolescente. Na comemoração, cruzou os braços e fez aquele carão em pose comparada a do jovem francês Mbappé.
O registro de Gilvan de Souza, fotógrafo oficial do Flamengo, viralizou, tomou conta das redes sociais e rodou o mundo. Os garotos do Ninho estão em alta no vácuo de Vinícius Junior. Só que Lincoln tirou a camisa, levou cartão amarelo e escondeu os patrocinadores do clube.
Logo após o jogo, ainda no vestiário da Arena do Grêmio, em meio à euforia, o diretor de futebol Carlos Noval, que acompanha os passos do jogador desde a base, chamou Lincoln num canto. O puxão de orelha não é exclusividade. Está previsto para quem se empolgue demais ao balançar as redes. Todos!
A advertência, entretanto, surge em tom de conselho, com a serenidade que Noval adota desde os tempos em que comandava a base rubro-negra no estilo “paizão”. Carinho e cobranças:
– A emoção às vezes fala mais alto que a razão. São orientados e advertidos. Mas agora vimos isso até na Copa do Mundo com jogadores consagrados – afirmou Noval.
– Pensei em nada na hora, estava eufórico e só queria comemorar – chegou a comentar Lincoln.
Foi apenas o segundo gol entre os profissionais, esse bem mais importante do que o primeiro, contra o Bangu, no Campeonato Carioca. E que fique claro, pois Lincoln chegou a explicar logo após o jogo com o Grêmio, mas pediu que fosse reiterado através de sua assessoria: não é imitação do Mbappé, não. Ele lembra que sempre comemorou assim (mas de camisa).
A SMG, assessoria pessoal do jogador, também ajuda no processo de lapidação, mas leva em conta a idade. Lincoln ainda não fica à vontade na frente das câmeras, mas entende-se que um media training nesse momento poderia mais confundir do que explicar a cabeça do jovem.
Assessores, então, conversam de forma geral com o adolescente, sobre coisas do futebol e fora das quatro linhas, dando subsídios para enfrentar entrevistas. A empresa também trabalha com outros jovens que despontam para o futebol, como Lucas Paquetá e Vinicius Junior.
Lasquinha no carro de Paquetá
Em alguns momentos recentes, o comportamento do jovem foi tema de debate interno no clube entre Noval, Mauricio Barbieri e outros membros da comissão. Sem expor o jogador publicamente, conversas e orientações para Lincoln não perder o rumo.
O rumo e também a direção, já que, aos 17 anos, Lincoln ainda não está habilitado para dirigir automóveis. O pai é responsável pela condução do automóvel que o leva diariamente ao Ninho do Urubu.
Na privacidade do CT, certa vez, houve um “beijinho” no carro de um companheiro de elenco. Apenas um raspão. Houve quem achasse que o jovem teria se arriscado no volante, mas o pai assumiu o vacilo.
Por vezes, tem quem fique em dúvida se certas posturas de Lincoln seriam deslumbre ou apenas empolgação da juventude. Ou ambos.
Multa milionária
Em março, o Flamengo anunciou a renovação de Lincoln até 2023. A multa rescisória é de 50 milhões de euros (cerca de R$ 200 milhões). O acordo ainda teve aumento salarial para o jovem, com vencimentos de gente grande.
Números
Em 2018, Lincoln tem 12 jogos – sendo três como titular e 327 minutos em campo. No total pelo profissional, soma 17 jogos (sendo um amistoso), com dois 2 gols e 385 minutos. Reinaldo Rueda foi quem pinçou o jogador para o profissional no ano passado.
Reprodução: Globoesporte.com
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