Todo torcedor acha que a sua torcida é diferente. Alguns acreditam que a sua é maior, outros acreditam que a sua é melhor, alguns se consideram mais apaixonados, outros se consideram mais presentes. E existe sim, é claro, algo de bonito em toda e cada torcida, seja na minha mãe botafoguense supersticiosa, seja no meu amigo palmeirense que quebra a casa quando o time toma gol, seja nos meninos que nunca vão pisar na cidade de Manchester mas enchem a boca pra falar “meu City” com a propriedade de quem viu o De Bruyne hoje no caminho pra escola.
Mas, e eu admito que sou suspeito pra falar, existe algo de curioso na torcida do Flamengo. Não apenas na quantidade de torcedores, não apenas na paixão, não apenas na relação com o time, não apenas nas bandeiras, nas músicas, nos xingamentos. A torcida do Flamengo é fantástica sozinha, é incrível por si só, mas quando ela e o time se encontram dentro do Maracanã existe um tipo de alquimia, um tipo de magia, um fenômeno difícil de explicar e que talvez não aconteça com nenhuma combinação de grupo de pessoas, local e instituição sem que alguma religião esteja envolvida
E um exemplo disso aconteceu nessa noite de quarta-feira, contra o Grêmio. Diante de um Maracanã lotado, com mais de 55 mil pessoas, o que se viu foi a união de um time com vontade de vencer e uma torcida que não iria aceitar a derrota, tudo isso dentro de um templo que pode ser emprestado pra outros usuários, pode ser de posse de outra instituição, mas que todos sabem que existe exatamente para esse time e essa torcida, como ficou claro no verdadeiro abalo sísmico causado pelo gol de Éverton Ribeiro logo aos 4 minutos do primeiro tempo.
O que se viu daí em diante foi, é claro, um Flamengo que apresentava vários dos mesmos problemas já conhecidos, que vão desde a “Síndrome da Morte Súbita”, que consiste em acreditar que a partida acaba quando você faz um gol até o “Paradoxo do Falso Lateral”, que significa jogar como se você tivesse laterais quando obviamente você não tem, mas num ambiente em que a torcida apenas se recusava a ceder o empate e, de forma praticamente mediúnica, fazia jogadores adversários tropeçarem, cruzamentos saírem da área, bolas que pareciam perdidas serem recuperadas.
E mesmo diante das situações mais extremas – Cuellar machucado, Arão em campo, Rômulo em campo, Arão e Rômulo em campo ao mesmo tempo – a torcida e o time seguiram fechados com a classificação. O Grêmio colocou em campo Jael, colocou em campo Marinho, mas a sensação era de que mesmo se Renato Gaúcho em pessoa entrasse em campo era impossível que os gaúchos fizessem um gol. E foi isso que aconteceu, com a vitória magra mas merecida selando a classificação do Flamengo para a semifinal da Copa do Brasil.
Mas a jornada continua. Não só no Brasileiro, onde ainda enfrentamos em casa o Vitória mas fora Atlético-PR e América como também, e esse o duelo mais complicado, na Libertadores, onde precisamos reverter também fora do Maracanã a vantagem cedida no Rio para o Cruzeiro. É um caminho fácil? Claro que não. Mas com essa torcida, seja dentro ou fora de casa, é preciso acreditar que para o Flamengo qualquer coisa é possível.
Reprodução: João Luis Jr. | Blog Isso Aqui é Flamengo
Concordo plenamente, essa torcida é única, especial, folclórica e ama de morrer esse time, senão já teria o abandonado.
Mesmo diante dos infortunios, decepções e derrotas á torcida sempre esteve lá, com lágrimas nos olhos e o coração na mão. Espero que os jogadores retribuam, com títulos. Chega de vergonha.