FOTO: GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO
Que ia ser uma tarde de emoções todo mundo soube assim que saiu a escalação. Na lateral-esquerda o titular Renê deu lugar a Trauco, possivelmente o único jogador no mundo que atualmente tem mais minutos em campo pela sua seleção do que pelo seu clube. Na ponta Vitinho deu lugar a Matheus Sávio, a revelação da base que quando sair do clube alguém vai falar que deveria ter tido mais chances mesmo tendo recebido 345 chances e ido mal em 344 delas. E no ataque, seguindo o rodízio de Barbieri, que consiste em chamar os três centroavantes, mandar eles baterem um “zerinho ou um” e colocar em campo quem ganhar, o titular dessa vez foi o Henrique Dourado, o homem outrora conhecido como “Ceifador”.
Mas quem começou brilhando foi exatamente a outra alteração do professor, o volante que nós ficamos sem graça de pedir pra voltar pro time exatamente por todo o tempo que gastamos pedindo pra ele sair: William Arão. Em lindo lance de Trauco, já no primeiro minuto de jogo, Arão recebeu e chutou colocado para abrir o placar, deixando o Flamengo na frente do Atlético-MG e fazendo o torcedor acreditar numa vitória segura e tranqu—mentira, claro. Afinal, se você é torcedor rubro-negro você sabe exatamente o que acontece assim que o time abre o placar e fica em vantagem com facilidade.
Sim, ele toma um gol bobo.
E foi exatamente isso que aconteceu, claro, num vacilo defensivo que permitiu o empate do time mineiro já aos 20 minutos do primeiro tempo, nos lembrando mais uma vez que não existe mal que dure pra sempre, coisa boa que nunca acabe e partida que o Flamengo não complique.
Mas se as outras novidades de Barbieri não estavam muito dispostas a aproveitar suas oportunidades – Matheus Sávio mais uma vez entrou em campo dissociado da realidade e tocava a bola para pessoas que existiam apenas na cabeça dele; Dourado segue esforçado mas ao mesmo tempo segue sua busca rumo ao hat-trick de gols anulados para pedir uma música no Fantástico e o pedido ser anulado; e Vitinho se mostra num estado de desânimo e fraqueza tão intenso que o preparador físico dá pra ele a garrafinha de água já aberta porque ele não tem força pra tirar a tampinha – Trauco decidiu mostrar serviço ao acertar um cruzamento preciso na cabeça de Paquetá, outro dos destaques da partida, que garantiu o segundo gol do Flamengo no Maracanã.
E sendo o Flamengo um time incapaz de abrir uma vantagem sem recuar em seguida e Barbieri um técnico tão corajoso que aos 36 anos ainda dorme com a luz acesa, o que se viu daí em diante foi um Flamengo preso na defesa, trocando o centroavante por mais um volante, falhando nos contra-ataques e que buscou de todas as maneiras demonstrar que se você tem uma condição cardíaca, um problema de artéria, um ponte de safena, esse não é o time certo pra você.
Mas vencemos. Foi chorado, complicado, desnecessariamente tenso, tivemos que novamente ver Marlos Moreno em campo, mas vencemos. Uma vitória essencial para nos manter na briga pelo título brasileiro, importantíssima para dar confiança pro time antes da partida decisiva de quarta-feira e que mostra que Barbieri tem sim outras opções além daquelas em que ele vem insistindo, seja Trauco, um marcador realmente fraco mas único homem nesse grupo capaz de acertar um cruzamento, seja Arão, que ainda não é o homem que foi em 2016 mas já se mostra capaz de deixar mais dinâmico o nosso meio de campo.
Resta agora esperar que essa partida tenha sido apenas o primeiro passo no retorno de uma fase de mais futebol e mais vitórias, fase essa cujo segundo passo precisa ser dado já nessa quarta-feira, contra o Corinthians, garantindo a classificação para a final da Copa do Brasil. Por mais vacilos que o Flamengo já tenha dado, por mais erros que esse time já tenha cometido, ainda está ao alcance dele vencer dois títulos importantes esse ano, e essa é a hora de esticar as duas mãos e abraçar essas oportunidades enquanto elas ainda existem.
Reprodução: João Luis Jr. | Blog Isso Aqui é Flamengo
Jogamos como um técnico pequeno ou errei como um time pequeno kkkk
Ganhamos