Após quatro meses afastado, Gabriel “MiT” foi oficialmente desligado do Flamengo. O treinador de equipe de esportes eletrônicos estava prestes a completar um ano vestimento o Manto Sagrado, mas não estava ativo. A notícia da demissão aconteceu através de uma nota na página pessoal do treinador no Facebook.
Gabriel “MiT” foi o primeiro contratado e responsável pela busca de nomes para o Circuito Desafiante, campeonato qual o Rubro-Negro terminou na segunda colocação. No entanto, ainda antes de a competição começar, se envolveu numa polêmica em que entrou em contato com o caçador Gabriel “Revolta” Henud, o topo Felipe “Yang” Zhao – ambos da Vivo Keyd – e o meio paiN Gaming, na época, Gabriel “KamiKat” Souza, sem antes ter entrado com os clubes do mesmo. Além disso, foi contra o uso de gaming office (oficina de trabalho – escritório), e apoiou o topo Jincheol “Jisu” Park em ficar alguns jogos sem treinar por problemas de burocracia trabalhista.
Veja a nota de “MiT”:
“Em novembro de 2017, o Flamengo começava a trilhar o seu caminho nos eSports. Nesse mesmo mês, eu estava sendo chamado para encabeçar esse projeto e começar do zero uma lineup no cenário brasileiro de League of Legends.
A minha carreira sempre foi movida por desafios, e dessa vez eu tinha o objetivo de montar uma equipe competitiva para o Circuito Desafiante e subi-la para o CBLOL em até duas temporadas. Com muitas pesquisa, noites viradas e conversas com organizações e jogadores livres, eu tinha nas mãos a primeira lineup do Flamengo eSports. Cara, eu confesso que não sabia exatamente que frutos poderiam render aquela equipe, mas eu apostava 100% no projeto que havíamos desenhado.
Apesar de parecer tudo certo, nós enfrentamos alguns problemas para iniciar os trabalhos na equipe, o topo brasileiro que planejamos teve problemas com a negociação e decidiu não vir. Acionei então, alguns ‘’Caça talentos’’ da Coreia, contatos que eu fiz naquele ano do Mundial de 2015, apesar de naquela época, eu já ter certa experiência no ramo, quando trouxe Crown (GEN.G) ao Brasil em 2013/2014.
Noites de pesquisa, assistindo Soloq, vendo replays do All Star até chegar ao nome ‘’Jisu’’.
Jisu demorou mais que o previsto para chegar no Brasil, novamente por questões burocráticas, e até aquele momento não tínhamos uma definição de onde seria o gaming office do Flamengo. Eu, junto com os jogadores, fizemos pressão para que adotássemos a ‘’BootKamp’’ como CT, já que não tínhamos nenhuma definição às vésperas do Circuito Desafiante.
Felizmente fomos atendidos e nesse ponto tenho muito a agradecer ao Diego (Falkol) e ao Leo (BK) por facilitarem este processo.
Essa série de eventos fizeram com que perdêssemos algumas semanas de treinos mas que, no fim, não comprometeu a reta final do CD. Infelizmente não fomos campeões, mas garantimos a nossa vaga no Relegations e alcançamos na primeira temporada a elite do League of Legends brasileiro.
Agora com a equipe no CBLOL, eu tinha que fazer uma nova reformulação e montar um time que batesse de frente contra os melhores do Brasil. Pretendia deixar Thulio e Evrot e pesquisar outros jogadores para formar um elenco com 7, mas não foi possível, o pedido era manter 5 jogadores e a própria equipe tinha algumas demandas de troca de posição. Com incessantes conversas, mais noites viradas e dias de negociações, eu montei a melhor equipe possível para disputar a 2º etapa do CBLOL 2018. Tivemos chances de trazer Chaser ou Shrimp a um último momento, mas decidi veementemente que deveríamos ir pelo Shrimp. O clube tinha poucos mecanismos para chegar ao jogador, então acionei um contato que tinha de um manager da FlyQuest e fiquei todos os dias checando ansioso e pressionando muito para que acontecesse. Na segunda feira, faltando minutos para enviar a line up, conseguimos fechar negócio.
Confesso que não começamos muito bem, como vocês devem saber, enfrentamos novamente muitos problemas de treinos devido a demora das negociações e um fator extra jogo relacionado ao Jisu, que afetaram a preparação e a nossa primeira semana na competição.
Após a terceira semana, eu fui afastado do time. Estávamos em 2º na classificação, com duas vitórias, sendo uma delas em cima da KaBum!, e uma derrota. O motivo do afastamento não era baixa performance, como a tabela mesmo confirmava, e sim divergência de ideias. Posso informar que lutei e cobrei para que tivéssemos melhores condições de treino.
Hoje me despeço do Flamengo eSports e agradeço muito por terem apostado em mim no começo dessa jornada. Quando aceitei fazer parte do projeto, eu sabia que era dar um passo para trás para que, no futuro, eu pudesse dar dois passos para frente. Para um cara amante de futebol como eu, fazer parte de uma entidade tão grande foi uma experiência incrível. Tenho muito orgulho de ter feito parte desse projeto e de dizer que coloquei o Flamengo eSports no lugar em que ele merece estar.
Apesar de tudo, eu estou muito feliz com o meu momento atual. Me engajei com o projeto Gillette Ult e estou vivendo uma nova experiência única e jamais vista, tendo uma outra visão sobre o cenário de eSports. São essas e outras experiências que fortalecem as minhas skills de liderança, gestão de pessoas/equipe, pensamento crítico e analítico, e me colocam em total disposição para conversar sobre propostas para exercer a função de head coach e/ou funções que lidam diretamente com as diretrizes de eSports de uma equipe.
Agradeço também a presença de cada um que torceu pelo meu trabalho, que chorou comigo no vídeo de subida e que esteve ou está apoiando meu trabalho de alguma forma. Meu sincero, MUITO OBRIGADO!“