Jhonata Cruz Ventura, atleta das categorias de base do Flamengo, é um dos sobreviventes do incêndio ocorrido no Ninho do Urubu, na última sexta-feira (08), e ainda se encontra sob observação no Hospital Pedro II, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O jovem foi o que ficou em pior estado entre os que conseguiram sair com vida do desastre, que queimou 30% de seu corpo. O diretor da instalação médica, Carlos Alberto Araújo, falou ao Globoesporte.com sobre o estado de saúde atual do jogador e afirmou que o sonho de jogar futebol continua.
O médico explicou que o fato de Jhonata ser atleta, ou seja, praticar exercícios físicos com regularidade, é algo que joga em seu favor durante a recuperação. Sua capacidade respiratória se torna privilegiada, o que auxilia seu estado. Sobre possíveis sequelas para o futuro, o doutor não enxerga prejuízos em uma sequência como jogador de futebol.
— Existem algumas complicações em pacientes queimados que ele não chegou a apresentar. Por ser jovem e atleta, facilitou a recuperação dele. A gente tem ficado feliz com a recuperação dele, mas cauteloso, porque ele é passível de algumas complicações. O fato de ser atleta ameniza. Ele é jovem, atleta, tem uma capacidade vascular e uma capacidade pulmonar melhores, não é tabagista… Isso tudo influencia. Na parte clínica, não vai ficar nenhuma. Ele vai poder voltar a jogar futebol, já está mexendo as pernas, não vejo nenhum problema.
O diretor do hospital ainda detalhou algumas das lesões contraídas pelo jogador, de 15 anos, que precisam de recuperação. O estado de saúde do atleta é de evolução: ele não está mais sedado, entrou em processo para retirar o respirador e vai continuar fazendo o tratamento para as queimaduras. Apesar do risco, ainda existente, o quadro é melhor a cada dia.
— Ele teve queimadura dos membros superiores, no dorso, nas costas e na face. E queimaduras de vias aéreas constatadas pela broncoscopia. Essas são queimaduras mais graves, é a nossa maior preocupação, no que temos mais focado. A gente chegou a repetir essa broncoscopia e ele apresentou melhora. Ele vem apresentando melhora gradativa. Inclusive, já retiramos a sedação. Ele já levantou, está respondendo. Estamos iniciando uma programação para retirar o respirador. Vamos fazer nova broncoscopia nos próximos dias para avaliar. O risco ainda existe, apesar de o quadro estar melhorando gradativamente. Algumas complicações ainda são possíveis, como respiratórias e cutâneas. Mas o risco é menor do que quando deu entrada no hospital.
Cauan Emanuel e Francisco Dyogo foram os outros sobreviventes que precisaram ser internados. Os dois ficaram no Hospital Vitória, em situações menos graves do que a de Jhonata. O primeiro já foi liberado pelos médicos e se encontra em casa, com a família, enquanto o segundo ainda está no CTI, mas está acordado e se alimenta normalmente, também em estágio de recuperação.