Matheus Brum: “Carta aberta a Rodolfo Landim”

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Caros companheiros (as) de Coluna do Flamengo. No texto de hoje poderia estar falando da vitória sobre o Americano, o primeiro gol de Gabigol, o ressurgimento de Vitinho, os problemas de Abel Braga. Entretanto, campo e bola ficam em segundo plano diante das reverberações da tragédia do Ninho.

É estarrecedor que o Flamengo ainda relute e tente abaixar o valor das indenizações. E ainda fica pior quando o presidente do clube vem a público e diz que estão fazendo algo “nunca feito na história do país”. Landim, presta atenção meu filho, o feito inédito seria se a instituição pagasse centavo por centavo, além de oferecer todo o suporte pras famílias vitimadas.

Não adianta comparar o Flamengo com a Boate Kiss ou a Vale. Nossa instituição não é empresa, não visa o lucro pelo lucro. Todo dinheiro que entra no caixa deve ser utilizado pra melhorar a estrutura, desenvolver outros esportes e fomentar o futebol.

Nós sabemos que há dinheiro para pagar as famílias. E que nenhum valor será suficiente para reviver os mortos ou afastar a saudade e a dor da perda. Mas, servirá para dar condições dignas para cada um, que ao invés do rubro-negro, veste o luto.

Presidente, o futebol no Brasil também é uma ferramenta social. Num país com a raiz profunda da desigualdade, o esporte, para muitos, é a única saída para uma vida melhor. Os dez garotos eram a expectativa de um futuro digno. Iriam, todos, se tornar grandes profissionais? Ninguém sabe dizer, mas trilhavam este caminho.

Presidente, por anos o clube usou esses garotos. Eles vestiam não só o manto, mas carregavam consigo o lema “craque o Flamengo faz em casa”. Vários estavam nas seleções de base e tinham tudo para ter seus nomes cantados no Maracanã (sonho de vários deles). Um sonho deles e também de cada um dos familiares que estavam ao lado, sonhando junto.

Presidente, o Flamengo é muito maior que isso! Desde o dia da tragédia nossa História mudou. Haverá um antes e depois. E se o futuro será bom ou ruim, dependerá da forma como será escrito. A caneta para tomar a decisão pesa em seu bolso.

Ouça a Nação! Ainda não há nada comprovado que ateste o Flamengo como culpado. Mas, independentemente disso, pague as indenizações. O clube hoje é uma potência financeira. Há anos não tem salários atrasados e torrou centenas de milhões de reais em contratações desde 2013.

Fazendo uma matemática simples, só com a família das vítimas fatais, seriam gastos R$ 20 milhões de indenização em um primeiro momento. Esse valor o clube já tem com a venda de Henrique Dourado. Continuando o cálculo, o pagamento de R$10 mil por mês para cada vítima, geraria um débito de RS100 mil mensais (pouco para uma das folhas mais caras do país). Ao longo do ano, seria R$ 1,2 mi (salário do Gabigol). Ao longo dos próximos trinta anos, sem fazer cálculo de reposição de inflação, seriam gastos R$ 36 mi (menos do que pagamos para trazer Vitinho da Rússia).

O clube ainda poderia fazer uma série de amistosos com o time principal ou de masters nas cidades dos garotos que morreram no incêndio. Quer mais? Que tal abrir institutos e escolinhas nestes municípios? Lembra quando disse que o futebol é ferramenta social? Então…

Para ser grande não basta apenas dizer, é preciso agir! Essa batalha de afirmações via imprensa prejudica a imagem do clube e também fere cada um de nós flamenguistas. Vale lembrar que estamos sem patrocínio.

Seja grande Landim! Se poste como presidente da Maior Torcida do Mundo e do maior clube do Brasil!

Mais uma vez, presidente, ouça a Nação! Ajude e pague as famílias! Desde o dia oito de fevereiro vivemos este pesadelo! As famílias, ainda mais!

Christian, Arthur, Pablo, Bernardo, Vitor Isaías, Samuel, Athila, Jorge Eduardo, Gedson e Rykelmo, para sempre presentes!

Matheus Brum
Jornalista
Twitter: @MatheusTBrum

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  • Não adianta, o Flamengo pode pagar, 10, 20, 100 milhões, ainda assim vai ser julgado e criticado, então que seja tudo feito dentro da realidade e, claro, melhorando um pouco mais do que é executado pela justiça brasileira por consideração a memória dos garotos e seus familiares, mas sem exageros e sem se dobrar aos oportunistas. Penso que além disso, construir um memorial e acompanhar a vida desses familiares dando apoio durente toda a vida, contará mais do que qualquer indenização que for acertada agora.

  • Eu discordo pq tragédia e tragédia da boate Kiss da Vale lá perderam vidas tbem se os dirigentes do flamengo chegou em proposta de 700 mil e um ótimo valor é só as famílias acertar direto com os dirigentes do flamengo sem advogado pq esses advogados são uma doença vão ficar com uns 50% do dinheiro da indenização

  • Plenamente de acordo.

  • Falou tudo!

  • Concordo em partes com o nobre colunista, o flamengo precisa idenizer justamente as familias, mas qual seria esse denominador mais justo de idenização ? Outra coisa foi muito dito “escutem a nação” pelo que li em outras fontes a nação não está unânime com os volores sugeridos de 2 milhoes e mais 10 mil de pensão longe disso.
    O nobre colunista tbm esquece de mencionar que só a familia do Christian tem 3 advogados mobilizados a tirar o máximo de dinheiro possível do clube. Será que um grande montante vai apaziguar a perca do filho? Certamente não. Reintero idenizações e pensões justas sim! Gente mobilizada e tirar do flamengo mais do que deve não! Outra coisa o clube paga 5000 mensais de ajuda de custo, mais hotel, psicólogo e outros, e após a reunião orientados por advogados virem a publico falar que o flamengo nao está dando assistencia, isso é certo?
    Somos cabeças pensantes o suficiente pra distinguir o que é justo e o que passa disso, nunca houve um caso semelhante desses com outro clube brasileiro e o flamengo vai se basilar em que? Em outros casos semelhantes óbvio, isso é um princípio básico na jurisprudência, penso que 2milhões de idenização é um valor adequando, mas 10000 de pensão até que completassem 45 anos um exagero. Não sugiro passemos a mão na cabeça do clube, bem longe disso, mas filtrar bem as informações que tem chegado até nós, e cobrar o que for justo e apoiar quando for necessário, esse é o nosso papel.

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