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Rodrigo Coli: “Coragem, Abelão!”

O futebol é, de fato, uma grande caixinha de surpresas.
Esta temporada reserva grandes emoções para o Flamengo visto o alto montante envolvido em contratações e o vasto leque de jogadores de qualidade em nosso elenco. Como um ponto fora da curva em nossa história recente, de certo acompanharemos cada partida do ano com a expectativa de espetáculo, como se cada gol e cada vitória fossem parte de algo maior que estará sendo elaborado pouco a pouco – o título. Assim será com o Carioca, com a Copa do Brasil, com o Brasileiro, com a Libertadores… com todo o ano.
Sabemos, porém, que surpresas acontecem, e isso é bom demais. Uma zebrinha aqui e acolá não faz mal a ninguém, desde que não seja contra o nosso time. Para prevenir estes casos e garantir a supremacia, o treinador recebe a importante missão de conduzir toda essa qualidade e transformá-la em vitórias. É dele a missão de estudar cada adversário e preparar-se tal qual seu estilo de jogo, de equilibrar a equipe e os onze titulares frente a cada desafio, de escolher a dedo as alterações e substituições a serem feitas durante as partidas, de controlar os ânimos e a conduta dos profissionais nos bastidores… enfim, é imensa a responsabilidade de um treinador de qualquer time de ponta do Brasil.
Entretanto, não somos somente um time de ponta. Somos o Flamengo, e isso traz muito mais cargas do que o futebol por si só. Por mais que a desenvoltura do futebol exija muito da parte técnica, aqui o que impera é a raça. Por mais que figurem em nossa história zagueiros e volantes de idolatria máxima, nossa vocação é ofensiva. Eu não imagino um Flamengo sem correria, sem carrinho, sem agressividade e sem pulso em campo. É por isso que a torcida grita quando Berrío vai entrar em campo, ou quando um jovem driblador da base começa a pintar no profissional, ou quando aquele volante lambe o atacante rival no carrinho sempre que possível… isso é Flamengo. E pra isso, muito mais que técnica e qualidade, é preciso coragem.
O Abel, com todo o currículo e experiência que possui, tem essa coragem? Isso passa por perder o medo da derrota e tirar da cabeça essa ideia nefasta de preferir um volante mediano do que um meia armador tecnicamente superior. Passa também por recusar-se a meter um volante em campo sempre que o jogo se aproxima do fim para “garantir o resultado”, como se a proposta de jogo viesse sempre do adversário. Neste começo, nos decepcionamos com algumas opções adotadas contra times infinitamente inferiores. Por outro lado, uma das melhores apresentações do ano se deu justo no momento em que se abriu mão de um meio-campo mais truncado e optou-se por jogadores de maior leveza e técnica. Indícios? Acredito que sim. Tirar a vocação ofensiva desse elenco é carimbar o desperdício de dinheiro e de talento e abraçar o medo em frente ao caos.
Esse ano eu quero ver o Flamengo multicampeão. Mas isso passa, antes, por ver um Flamengo aguerrido, ofensivo e destemido. Desde o campo até a sala mais fechada da diretoria. Vamos Flamengo!
SRN!
Rodrigo Coli
Twitter: @_rodrigocoli

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  • Passamos praticamente uma temporada jogando com um volante, ai chega o Abel mete 3 volantes para segurar o jogo.