Por Carla Araújo
Rodrigo Caio foi o primeiro reforço de 2019 anunciado pelo Flamengo. Após garantir a titularidade definitiva (jogou nove dos dez jogos no ano), o zagueiro conquistou a confiança de Abel Braga e vem, cada vez mais, ganhando crédito com os torcedores. Aos 25 anos, o novo camisa 3 do Rubro-Negro jogou desde a base no São Paulo, mas já se sente em casa no Fla e nos braços da torcida. Para o ano, o jogador quer se dedicar bastante e vislumbra muitos títulos no time da Gávea, além de uma convocação para a Copa América.
Na última quarta-feira, Rodrigo conversou com exclusividade com a reportagem do Coluna do Flamengo. O local escolhido foi o Fla Memória, dentro da sede da Gávea, onde tem exposta uma camisa autografada doada pelo zagueiro e usada por ele na última Florida Cup. No papo descontraído, o jogador falou sobre alguns assuntos, dentre eles: possibilidade de jogar como volante; críticas e elogios após situação de fair play em 2017; Libertadores; e paixão da torcida do Flamengo. Confira abaixo alguns trechos da entrevista.
POSSIBILIDADE DE JOGAR COMO VOLANTE:
Eu cheguei na base do São Paulo como zagueiro. Depois, virei volante, porque o treinador achou que eu tinha qualidade para jogar um pouco mais à frente. Só que nunca gostei tanto. Eu acabei subindo ao profissional de volante e joguei umas duas temporadas assim. É uma posição que conheço, mas não tenho uma confiança tão grande como na zaga. É o que sempre falo: quero estar dentro de campo ajudando meus companheiros, meu treinador e a instituição. Hoje, temos dois jogadores nessa função, que são Piris e Cuéllar. Mas, se um dia precisar, por que não? Eu posso ajudar em um jogo ou outro. Mas, minha posição é zagueiro, que é onde me sinto confortável em jogar, onde eu desempenho melhor.
LANCE CONTRA O CORINTHIANS EM 2017/FAIR PLAY:
Acredito que fui bem mais criticado do que elogiado, né? Foi uma situação bem difícil pra mim, porque foi um momento espontâneo. Eu nem imaginava que ia dar toda aquela repercussão. Foi algo que fiz e não me arrependo. Não crucifico quem não faça, a gente sabe como o futebol é e a competição que tem dentro de campo. Foi algo natural que eu fiz, algo que, se acontecer de novo, é difícil falar se faz ou se não faz, porque foi muito espontâneo. Já faz parte do passado. Eu procurei esquecer um pouco isso, porque, naquele momento, fui bastante crucificado, pegaram muito no meu pé. Mas, não é algo que eu me arrependa, pelo contrário, me orgulho. É a minha criação. Sou uma pessoa justa, leal. Procuro ser assim dentro de campo, porque quero ganhar nas minhas condições, lutando pelo jogo e me dedicando, não trapaceando ou fazendo algo errado.
LIBERTADORES:
Acredito que o estilo de jogo é totalmente diferente. A Libertadores é um jogo muito duro, físico, e a gente tem que estar preparado pra isso. Fora as adversidades que têm: questões de clima, de altitude. A gente pega times argentinos e uruguaios, que são difíceis de jogar contra. Então, acredito que é uma das competições mais difíceis que têm. Mas, a gente está muito preparado. Eu vejo nosso time forte, se preparando a cada jogo e a cada treino. É um grupo que se dedica muito. E esse é o caminho: a gente trabalhar, se dedicar ao máximo nos treinamentos para chegar no jogo o mais preparados possível. Tenho certeza que temos tudo para fazer uma grande competição.
OBJETIVOS PARA 2019 NO FLAMENGO:
Eu vejo que temos grandes possibilidades de brigar em todas as competições. Temos total visão disso pelo elenco e pelo grande treinador que temos. Mas, a gente sabe que dentro de campo são 11 contra 11. Tem muitos times bons no futebol brasileiro e no futebol sul-americano. Então, precisamos estar prontos pra tudo. A única maneira de a gente chegar bem nas competições é trabalhando muito, e isso a gente vem fazendo. Então, pode ter certeza que vamos estar preparados pra todas as competições. E a gente vai dar nosso melhor para conseguir os resultados positivos.
TORCIDA DO FLAMENGO:
É impressionante a paixão da torcida. Quando eu entrei na estreia, contra o Bangu, vi 40 mil torcedores gritando do começo ao fim. Até quando cheguei em casa, meus pais falando “nossa, como eles gritam, como são apaixonados”. Então, é uma satisfação muito grande você poder jogar em um time com uma nação dessa, com uma torcida tão forte e calorosa, que lota o estádio e te motiva ainda mais. Te dá ainda mais vontade de vencer. A gente fica muito feliz e eu fico honrado em fazer parte disso. Eu só tenho a agradecer o carinho, me sinto totalmente abraçado. Pode ter certeza que, dentro de campo, vou dar minha vida e fazer o possível para dar muita alegria a essa nação, porque ela merece.
SELEÇÃO BRASILEIRA E A QUASE CONVOCAÇÃO:
Foi por pouco. Eu tive uma lesão três semanas antes da convocação pra Rússia. Mas, acho que tudo é aprendizado na nossa vida. Só de você ser lembrado já é um orgulho muito grande, ainda mais com tantos jogadores que nós temos. Se a gente olhar, pode montar cinco seleções de nível muito alto. Então, fico muito honrado. Procuro pensar sempre um dia de cada vez. Claro que todo jogador tem o sonho de vestir a camisa da seleção e poder disputar uma Copa do Mundo, uma Copa América. Mas, para chegar nesse objetivo, é preciso estar em alto nível, trabalhando, se dedicando e preparado para quando a oportunidade chegar. É isso que procuro fazer. Estou em um grande centro. Tenho certeza que se eu estiver jogando em alto nível aqui, tenho grandes chances de estar na seleção.
ESPERANÇA DE IR PARA A COPA AMÉRICA?
A Copa América já está aí. Tem grandes zagueiros no futebol brasileiro, cada um com as suas características. Mas, a esperança é a última que morre. Enquanto eu estiver jogando em alto nível, confio totalmente no meu futebol. Então, tudo é possível. O que preciso fazer é continuar trabalhando, mostrando meu potencial dentro de campo e ajudando o Flamengo. As coisas vão acontecer naturalmente.