FOTO: ALEXANDRE CASSIANO
Por: Carla Araújo
“O Fla-Flu tem torcida própria”. As palavras do falecido jornalista Armando Nogueira mostram a importância do clássico, que existe há 107 anos e é um dos principais do Brasil. No último domingo (23), teve mais um jogo entre as duas equipes, dessa vez pela última rodada da Taça Rio. Após o apito final, duas fotos chamaram a atenção: uma pequena tricolor, nos ombros de um flamenguista em um mar rubro-negro. A história dessa imagem e dos personagens dela eu conto agora para vocês.
A pequena Laís Nascimento, de sete anos, sempre quis ser tricolor. No entanto, diferentemente da maioria das crianças, ela não torce pelo mesmo time que os pais. Leonardo Bruno Nascimento e Natalia Oliveira Venancio são rubro-negros doentes. É o mesmo time, inclusive, do avô, Vanderlei Nascimento. De onde, então, veio todo esse amor pelo Fluminense? O pai Leonardo explica a escolha da filha e garante que ela tem total apoio dos parentes:
– Nós somos uma família de flamenguistas. Mas, a avó dela é tricolor. Acredito que tenha sido uma influência, mas nunca existiu uma insistência. Sei que quem escolheu o Fluminense foi o coração da Laís. Nós estamos vendo que ela está virando fanática igual a avó, já aprendeu o hino e tem várias camisas. Todas fomos nós que demos. Incentivamos esse amor que ela tem pelo time que ela escolheu. Para nós, o mais importante é a felicidade dela.
Laís exibe sua coleção de camisas do Fluminense (Foto: Arquivo pessoal)
Leonardo e Vanderlei sempre vão aos jogos juntos. Mas, a partida do último domingo foi a primeira experiência de Laís no Maracanã. A família foi, então, em peso acompanhar esse momento. A rotina foi como a de muitos torcedores em dias de clássico: pegaram o táxi cedo para chegarem sem muito tumulto. O setor escolhido foi um dos mistos do estádio: Leste Inferior, onde ficam as duas torcidas e a pequena se sentiria mais confortável.
– Acredito que o Fla-Flu é um clássico mais tranquilo, por isso a levamos. Acho uma babaquice a pessoa ir ao Maracanã para brigar. Deveria ser para brincar. Ontem, não tivemos nenhum problema. A Laís se sentiu muito bem, estava feliz. Ela não ficou triste com o resultado do jogo. No momento da foto, estava nos ombros do avô. Ela pediu porque não estava enxergando de baixo. Se ela quiser ir a outros jogos do Fluminense, vamos levar também e ficar com ela na torcida -, disse Leonardo.
O pai de Laís garante que, no Maracanã, ela não sofreu nenhum tipo de retaliação por estar no meio de tantos rubro-negros ou por ser uma menina. “Pelo contrário”, disse. O amor da filha pelo futebol tem apoio de todos da família, e o pai enxerga uma grande importância de levar a pequena torcedora ao estádio, incentivando-a cada vez mais naquilo que ela ama:
– A Laís realmente gosta de futebol, comemora os gols do Fluminense. Se ela quiser ser jogadora, vou dar força e colocar em uma escolinha. Ela ainda não demonstrou isso, mas pode acontecer. Aceitamos as escolhas dela. Tem mulheres que gostam de futebol. Então, tem que ir mesmo ao estádio. Eu acho isso muito legal. Temos que acabar com o preconceito de que mulher não entende de futebol. Não tem nada a ver isso.
Laís mal foi a primeira vez ao Maracanã e já vai de novo esta semana. Vai ser, mais uma vez, em um Fla-Flu. Leonardo garantiu que eles estarão na semifinal da Taça Rio, nesta quarta (27). A bola rola às 21h30 (horário de Brasília), no Maracanã. O Fluminense tem a vantagem do empate na partida. Perguntado sobre a possibilidade de o rival vencer o próximo jogo, o rubro-negro disse “Vai que dessa vez ela dá sorte?”.
Em meio ao mar rubro-negro, Laís foi apoiar o Tricolor (Foto: Alexandre Cassiano)
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O futebol e suas histórias fantásticas…muito legal,parabéns a família…