FOTO: DIVULGAÇÃO/FLAMENGO
Olá, companheiros e companheiras do Coluna do Fla. Essa semana, não tivemos partidas, mas o noticiário rubro-negro ficou agitado. De um lado, a possibilidade de reforços chegarem ao Ninho do Urubu. Do outro, declarações infelizes de parte da diretoria, por causa dos protestos feitos pela torcida contra o técnico Abel e parte da cúpula flamenguista.
A coluna de hoje é pra destacar o segundo motivo da agitada semana no clube. Na última segunda-feira (20), torcedores picharam muros da Gávea e Ninho pedindo a saída do técnico Abel Braga e do vice-presidente de relações externas, Luiz Eduardo Baptista, o Bap.
Após a manifestação, o diretor de relações externas do clube, Cacau Cotta, foi até o programa “Os Donos da Bola”, da Band, e perguntado sobre o protesto, respondeu. “Da forma que foi escrito Mickey, todo certinho, não foi a torcida. Aquilo é político”.
Não é a primeira vez que a diretoria do clube mais popular do Brasil age de maneira elitista perante a torcida. No mês passado, o clube vetou o uso da expressão “festa na favela” de suas redes sociais. A medida deu um quiprocó danado, com a imagem dos cartolas ficando ainda mais arranhada.
Para muitos, pode parecer palavras infelizes ou colocações fora de contexto. Mas, pra mim, demonstram o status elitista de parte da cúpula rubro-negra, que esquece e menospreza a origem do clube e sua característica popular. E tal fato não começou agora, com a gestão Rodolfo Landim. Vem desde 2013, quando o então presidente Eduardo Bandeira de Mello aumentou absurdamente os preços dos ingressos, afastando completamente o torcedor menos favorecido dos estádios, principalmente nunca época de recessão econômica no país, que até hoje tenta se recuperar.
Talvez, os atuais mandatários não conheçam, mas há estudos públicos que tratam sobre o perfil do torcedor brasileiro. Uma pesquisa do Ipsos Marplan mostrou que 70% dos rubro-negros estão nas classes C, D e E. Como o levantamento é de 2012 (o último realizado), estes dados devem ter mudado, mas não de maneira colossal, uma vez que para ter ascensão social é preciso uma economia forte, algo que o Brasil não vê desde o início da década.
Opiniões como a de Cacau Cotta demonstram falta de respeito com nós, flamenguistas. Afinal de contas, saber escrever faz alguém mais torcedor do que aquele que tem dificuldade? A paixão é medida pela forma como se escreve “Mickey”, ou outras palavras estrangeiras? Ah, nos respeite!
Toda manifestação que não pregue a violência, a intimidação ou qualquer tipo de injúria, precisa ser respeitada. As vozes dos torcedores que estão insatisfeitos com o futebol mixuruca praticado pela equipe, encontram ecos em vários setores da mídia esportiva nacional. Abel não é unanimidade e está sendo protegido pelos “amigos” comentaristas e jornalistas.
Ao invés de proferir falácias, a diretoria rubro-negra deveria ficar atenta, ouvir o torcedor, e não ficar pensando em teorias conspiratórias. Até porque, no Brasil, ficou comum chamar de perseguição qualquer movimento contrário ao que acredita e defende.
Rodolfo Landim tomou posse, está no poder há pouco mais de cinco meses, nomeou toda a diretoria e está tocando o clube. Pode haver política por trás dos atos? Sim, pode! Mas, basta uma simples pesquisada nas redes sociais para perceber que a paciência com o time está bem pequena. E se os resultados não melhorarem, a revolta do torcedor pode piorar.
Em vez de falar besteira, porque não ser humilde, ouvir as reclamações e trabalhar para que o torcedor, principal produto de qualquer instituição de futebol, fique satisfeito?
Acredito que está na hora de todo mundo “baixar a bola” e ficar quietinho… o silencio, faz bem. Ficar quieto, também é poesia.
Matheus Brum
Jornalista
Twitter: @MatheusTBrum
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